Centro de Profissionalização e Educação Técnica
TRANSFERÊNCIA DE CARGA EM TIRANTE DE ANCORAGEM MECÂNICA
VITOR PIRES LIMA
Resumo
Tirantes de absorção de energia são desenvolvidos com o objetivo de combater problemas de instabilidade em condições de rochas propensas a ruptura e compressão. Esse tipo de tirante absorve energia de deformação através de deslizamento ou através do alongamento da haste de aço em níveis de carga predefinidos. Um tirante de absorção de energia pode suportar altas cargas e acomodar um deslocamento significativo da rocha, tendo, portanto, uma alta capacidade de absorção de energia,
É um tirante híbrido, composto por um conjunto de uma barra interna a
um tubo de fricção. A unidade de fricção cria suporte de coluna completa no furo,
antes que a pré-tensão ocorra. O mecanismo de ancoragem final se ativa contra a ancoragem da unidade de fricção no furo, após a aplicação do torque. A barra é responsável por transferir a pre-tensão para a massa rochosa entre o mecanismo de ancoragem final e a chapa frontal. com diâmetro da barra de 20 mm, diâmetro externo do tubo de fricção de 39 mm, 3 metros de comprimento, e chapas redondas de 200 mm de diâmetro em aço preto. As perfurações para a instalação são de diâmetro nominal de 38 mm.
Palavras-chave: tirante, híbrido, tensão
Abstract
Energy-absorbing ties are developed with the aim of combating instability problems in rock conditions prone to rupture and compression. This type of tie absorbs strain energy through sliding or through stretching of the steel rod at predefined load levels. An energy absorbing tie can withstand high loads and accommodate significant rock displacement, therefore having a high energy absorption capacity,
It is a hybrid tie rod, composed of a set of an internal bar to
a friction tube. The friction unit creates full column support in the hole,
before pretension occurs. The final anchoring mechanism activates against anchoring the friction unit in the hole after torque is applied. The bar is responsible for transferring the pre-tension to the rock mass between the final anchor mechanism and the face plate. with a bar diameter of 20 mm, external diameter of the friction tube of 39 mm, 3 meters long, and round plates with a diameter of 200 mm in black steel. The installation holes have a nominal diameter of 38 mm.
Keywords: tie rod, hybrid, tension
Introdução
A ideia foi criar um tirante e fazer estudos onde ele tenha a mesma resistência de 25 toneladas, sem a utilização de resina de secagem rápida.
O presente estudo apresenta os resultados obtidos com ensaios de arrancamento instrumentados realizados em tirantes. O objetivo foi analisar o comportamento in situ desse modelo de tirante e fornecer os gráficos relativos aos ensaios de arrancamento (pull test).
Os ensaios de arrancamento foram instrumentados utilizando um sensor digital de pressão e deslocamento, para registrar medidas precisas desses parâmetros. Através da instrumentação, é possível observar, por meio dos gráficos gerados, o comportamento da barra durante todo o ensaio, correlacionando e validando as especificações do catálogo do produto.
contexto bibliográfico
A evolução das técnicas de suporte em escavações subterrâneas reflete a busca constante por maior eficiência e segurança no setor de mineração. O uso de tirantes como método de ancoragem é amplamente reconhecido por sua eficácia na prevenção de deslizamentos de blocos e no controle de movimentações de massas rochosas. O aprofundamento das minas, associado ao aumento das tensões dinâmicas, tem demandado soluções inovadoras que combinem alta resistência e ductilidade.
Tirantes de absorção de energia, por exemplo, destacam-se pela capacidade de suportar cargas elevadas e acomodar deslocamentos significativos, sendo essenciais em ambientes de alta deformação. Essas estruturas híbridas, compostas por barras internas e tubos de fricção, otimizam a dissipação de energia durante a dilatação do maciço rochoso. Estudos recentes enfatizam a importância da instrumentação precisa para monitorar o comportamento in situ, utilizando tecnologias que integram sensores de deslocamento e pressão para análise em tempo real.
A pesquisa apresentada neste trabalho contribui significativamente para o campo, ao propor um modelo de tirante que elimina a necessidade de resinas de secagem rápida, mantendo a resistência de 25 toneladas. Com ensaios instrumentados, foi possível validar a eficiência do sistema, proporcionando maior segurança às operações em mineração subterrânea e reduzindo custos operacionais.
APLICAÇÃO DE TIRANTE NA MINERAÇÃO
Nas escavações subterrâneas mineiras, o método de ancoragem vem evoluindo, apresentando melhorias de tecnologias e maior eficiência de instalação de tirantes, por isso se tornou um dos métodos mais utilizados para a prevenção de quedas de bloco e contra movimentação de massas (Jeremic, 1987 apud Silva et al, 1998).
As minas subterrâneas em todo o mundo estão cada vez mais profundas e, com isso, o aumento das tensões e dinâmicas enfrentadas, impõem demandas crescentes no controle de estabilidade durante a vida útil das escavações (Charrette et al., 2017). Em condições dinâmicas, a performance do sistema de contenção depende do desempenho de todos os seus componentes e da transferência de carga entre eles. A dissipação de energia durante a dilatação do maciço rochoso deve ser absorvida através da capacidade de deformação do sistema de contenção (Charrette et al apud Pereira, 2020).
A necessidade das minas em minimizar a convergência, o colapso e a projeção de rochas associadas ao evento de redistribuição de tensões em operações de mineração e túneis, que afetam a segurança das pessoas a integridade dos ativos da mineração e a continuidade operacional do negócio levou ao estudo para desenvolver uma linha de aço de alta resistência e ductilidade para sistemas de fortificação em mineração subterrânea.
Além das condições do maciço, existem vários outros fatores que influenciam a seleção do suporte, incluindo a capacidade de carga esperada em situações estáticas e dinâmicas, taxas de corrosão, tipo de equipamento necessário para a instalação, tempo do ciclo de instalação e custo. Devido a todos esses fatores, o processo de seleção do suporte adequado pode ser demorado e potencialmente custoso. Uma vez considerados todos os fatores acima, a fase final de teste do produto pode ser realizada. A fase final de seleção do suporte envolve testes tanto fora do local quanto no local, incluindo testes estáticos e dinâmicos, tempos de ciclo, facilidade de instalação e observações sobre o desempenho do suporte (Andrews,2019).
suporte em ambiente de alta deformação
Gerenciar condições de alta deformação tem se mostrado desafiador. Embora existam várias opções para modificar as propriedades dos componentes de suporte para permitir grandes deslocamentos axiais, os deslocamentos transversais causados por forças cisalhantes que ocorrem nas paredes das escavações são mais difíceis de acomodar. Os suportes que permitem o deslocamento ou o escoamento são necessários para manter a funcionalidade em condições de alta deformação, enfrentando o desafio adicional do cisalhamento, que pode prender ou cortar os elementos de suporte. (Sandy, 2007).

O aprisionamento e a "guilhotinagem" dos tirantes são inevitáveis. Como observado em muitas minas australianas, uma vez que o aprisionamento ocorre, os tirantes ficam efetivamente travados, e a deformação contínua entre a seção aprisionada e o colar leva rapidamente a uma carga excessiva e falha. (Sandy, 2007).
Tirantes de Absorção de energia
Tirantes de absorção de energia são desenvolvidos com o objetivo de combater problemas de instabilidade em condições de rochas propensas a ruptura e compressão. Esse tipo de tirante absorve energia de deformação através de deslizamento ou através do alongamento da haste de aço em níveis de carga predefinidos. Um tirante de absorção de energia pode suportar altas cargas e acomodar um deslocamento significativo da rocha, tendo, portanto, uma alta capacidade de absorção de energia (Charlie et al, 2014).
ensaios de arranque
Os testes de arrancamento tem seus procedimentos regidos pelas prescrições da norma D4435 (ASTM, 2004), e da publicação Suggested Methods for Rockbolt Testing (ISRM, 1981). A resistência à tração é medida pelo citado teste, que irá determinar o deslocamento do dispositivo de ancoragem uma vez que uma carga axial é aplicada ao tirante. Tal situação resultará na obtenção de uma curva carga x deslocamento. Esses testes são destrutivos e não deverão ser feitos em tirantes que fazem parte da malha de atirantamento (Silva, 2015).
Instrumentação dos ensaios de Arrancamento
Os sistemas de instrumentação de ensaios de arrancamento tem como objetivo capturar in situ o deslocamento em função da carga ou pressão. Essa tecnologia começou a ser desenvolvida a partir da introdução dos primeiros computadores portáteis e robustos no início dos anos 90. O desafio era encontrar uma máquina que suportasse o ambiente subterrâneo. (Yield Point, 2022).
Bawden (1992), apresenta em seu trabalho o que seria um dos primeiros exemplos de instrumentação desse tipo de ensaio. Foram utilizados uma montagem para arrancamento de cabos utilizando células de carga e dispositivos de medição de deslocamento (LVDTs) para seobter os dados de deslocamento por carga.
Ao passar dos anos, a colaboração entre desenvolvedora e seus usuários proporcionaramo aprimoramento dessa tecnologia passando a implementar a tecnologia bluethooth® como forma de transmissão dos dados e a utilização do sistema em laptops da década de 2010 e novas tecnologias e sensores. O resultado do sistema desenvolvido pela Yield Point Inc®, é um conjunto de monitoramento de ensaios de arrancamento que podem ser operados atualmente por tablets e smartphones fornecendo dados de deslocamento e carga em tempo real.
materias e métodos de ensaio
Foram testados tirantes hibridos, através de testes de arrancamento utilizado um sistema de ensaios composto por cilindro hidráulico e acessórios, com o diferencial da instrumentação. Os detalhes do método de ensaio estão apresentados a seguir.
Os ensaios foram executados em três locais distintos da mina (ANGLOGOLD, MINA CUIABA, SABARA). O primeiro local foi no nível 19 Balancão, segunda travessa, onde a instalação dos tirantes era mais recente. O segundo local, também no nível 19 Balancão, foi em uma gaveta próxima ao primeiro local. O terceiro local foi no nível 18 Balancão, nos dois últimos locais os tirantes haviam sido instalados há mais tempo, aproximadamente três meses antes dos ensaios. Foram realizados, ao todo, 15 ensaios de arrancamento instrumentados, distribuídos da seguinte forma: 7 ensaios no nível 19 Balancão, segunda travessa; 5 ensaios no nível 19 Balancão (gaveta); e 3 ensaios no nível 18 Balancão.
tirantes híbrido
O suporte de contenção, é um tirante híbrido, composto por um conjunto de uma barra interna a um tubo de fricção (Figura 2). A unidade de fricção cria suporte de coluna completa no furo, antes que a pré-tensão ocorra. O mecanismo de ancoragem final se ativa contra a ancoragem da unidade de fricção no furo, após a aplicação do torque. A barra é responsável por transferir a pré-tensão para a massa rochosa entre o mecanismo de ancoragem final e a chapa frontal.
Todos os ensaios foram realizados com tirantes do modelo tirante híbrido galvanizado, com diâmetro da barra de 20 mm, diâmetro externo do tubo de fricção de 39 mm, 3 metros de comprimento, e chapas redondas de 200 mm de diâmetro em aço preto. As perfurações para a instalação foram realizadas com diâmetro nominal de 38 mm.

De acordo com a figura 3 segue as propriedades mecânicas das barras utilizados na campanha de ensaios.

O desempenho do sistema de reforço tirante foi avaliado por meio de testes laboratoriais, onde diferentes comprimentos de barra foram avaliados. A figura 4 a seguir apresenta os resultados obtido.

Sistema de ensaio de arrancamento utilizado
Foi empregado o sistema convencionalmente utilizado nas rotinas de ensaios de arrancamento na Mina Cuiabá. Esta montagem é composta pelo sistema hidráulico da plataforma, adaptado para o acoplamento do cilindro hidráulico e peças auxiliares, como o cilindro de apoio e correntes de proteção em caso de ruptura. Adicionalmente, um sistema de instrumentação foi integrado para aprimorar a compreensão do carregamento e deslocamento durante o ensaio, permitindo uma determinação mais precisa desses parâmetros e do comportamento da barra do tirante.
Para ensaios em tirante é utilizado uma extensão rosqueado a barra do tirante instalado e inserido no cilindro hidráulico vazado, sendo travado na extremidade oposta através de porcas helicoidais. Tal montagem permite que a força gerada pelo sistema hidráulico seja transmitida a barra do tirante de forma axial, simulando os esforços exercidos pelo maciço rochoso. A figura 5 abaixo ilustra a montagem do sistema de ensaio de arrancamento instrumentado em campo.
Na escolha das amostras para os ensaios, foram consideradas a condições de apoio da chapa na rocha e a perpendicularidade da cabeça do tirante com a fase da rocha, assegurando assim a aplicação da força de arrancamento de maneira mais axial possível, prevenindo o cisalhamento da barra.
A força foi aplicada de maneira estática, ou seja, lentamente e de maneira contínua, até atingir os limites estabelecidos para prevenir rompimento e possíveis danos a instrumentação.
instrumentação
Foi utilizado um conjunto de instrumentação da fabricante YieldPoint® denominado Pull Test Unit (PTU). Esse conjunto é composto por um sensor de deslocamento, um sensor de pressão em linha, dispositivo de aquisição e transmissão dos dados e Software.
O sensor de deslocamento utiliza do princípio de magnetostricção para medir a posição relativa de um guia de onda flexível e um ímã de anel. Apresentam como vantagens o fato de não haver conexão física para medição evitando danos além disso apresentam alta confiabilidade, durabilidade, precisão e facilidade no manuseio. Para o carregamento, utiliza-se uma célula de pressão em linha. A carga aplicada ao Sistema de ancoragem pode ser calculada com base na pressão da linha do sistema de ensaio multiplicado pela área especificada para o cilindro hidráulico utilizado. O cilindro hidráulico utilizado (Enerpac RRH307) possui área de 7,22 polegadas quadradas. A célula de pressão usada é classificada para uma faixa de 0-69MPa ou 0-10000psi.
Estes dois transdutores são conectados a uma unidade denominada DAQ (Data Acquisition Unit), que recebe os dados e os envia em tempo real, via bluethooth para o Software, gerando gráficos de deslocamento e carga instantaneamente durante todo o ensaio de arrancamento que podem ser visualizados em um tablet.
Todos os dados gerados são armazenados pelo software que posteriormente podem ser exportados em arquivos .CSV e reports visuais dos gráficos dos ensaios. Desta forma, os resultados se tornam auditáveis e precisos.
Resultados e Discussões
19 Balancão 2° travessa
Neste local foram realizados sete ensaios de arrancamento instrumentados em tirantes instalados no dia 05/06/2024. A tabela 1 abaixo apresenta os resultados dos ensaios realizados.
LOCAL | ENSAIO | CARGA MÁXIMA (TON) | DESLOCAMENTO MÁXIMO(mm) | ELONGAÇÃO (%) |
---|---|---|---|---|
19Bal 2° Trv | 1 | 21,27 | 45,7 | 1,5 |
19Bal 2° Trv | 2 | 21,92 | 51,0 | 1,7 |
19Bal 2° Trv | 3 | 21,65 | 100,2 | 3,3 |
19Bal 2° Trv | 4 | 22,37 | 100,0 | 3,3 |
19Bal 2° Trv | 5 | 24,25 | 47,2 | 1,6 |
19Bal 2° Trv | 6 | 24,50 | 59,6 | 2,0 |
19Bal 2° Trv | 7 | 23,18 | 49,5 | 1,7 |
Os deslocamentos observados variaram de 45,7 a 100,2 mm, correspondendo a percentuais de elongação de 1,5% a 3,7%, respectivamente, em relação ao comprimento total do tirante (3 metros). Para a carga máxima, o maior resultado obtido foi de 24,5 toneladas.
Nota-se que as curvas se dividem em dois tipos de comportamento distintos. Em quatro dos ensaios (2, 3, 4 e 7), observa-se um trecho de absorção de carga e elongação da barra que se inicia próximo a 20 toneladas aplicadas, porém apenas o 4 e 7 obteve deslocamentos maiores.
Para os demais ensaios (1, 5 e 6), o deslocamento ocorre de forma mais “linear” à medida que a carga é aplicada, sem a presença de um patamar de escoamento.
O Gráfico 1 exibe as curvas de carga versus deslocamento, obtidas por meio da instrumentação dos ensaios, permitindo a observação detalhada do comportamento dos tirantes durante os testes.

No quadro 1, estão apresentados os gráficos que ilustram as curvas de carga x deslocamento de cada ensaio realizado de maneira individual.



Os ensaios 1 e 2 foram conduzidos até a carga máxima de aproximadamente 22 toneladas, valor que acreditava-se ser o limite de resistência, para evitar o rompimento do tirante e o risco de danos à instrumentação. No entanto, ao observar o comportamento dos gráficos e os baixos valores de deslocamento, decidiu-se realizar um ensaio não instrumentado até o rompimento do tirante para entender a real carga máxima e verificar a possibilidade de realizar os ensaios instrumentados com cargas maiores sem comprometer a segurança da instrumentação.
O ensaio de prova realizado chegou acima de 25 toneladas sem o rompimento da barra e até o limite de deslocamento do cilindro hidráulico. Dessa forma, adotou-se o limite de 24 toneladas para os ensaios instrumentados subsequentes, garantindo uma margem de segurança para a instrumentação e permitindo uma melhor compreensão do comportamento dos tirantes sob cargas mais elevadas.
Com o prosseguimento dos ensaios, no ensaio 6, houve o rompimento da barra do tirante com aproximadamente 24 toneladas aplicadas, porém logo após a porca, como mostra a figura 7. Foi possível identificar marcas de contato da chapa com a barra o que pode ter ocasionado a perda e resistência nesse ponto e consequentemente a ruptura.

Esse fato pode estar relacionado à diferença de comportamento da curva em alguns ensaios. Em alguns casos, os tirantes no local apresentaram-se em condições desfavoráveis para o ensaio, como a não perpendicularidade com a face da rocha, pontas das barras entortadas e/ou apoio irregular da chapa. Mesmo com a seleção dos tirantes para o ensaio, tentando minimizar essas anomalias, é possível que a força aplicada não tenha sido a mais axial possível. Isso pode ter resultado em força cisalhante na barra gerando algum contato com a chapa, restringindo a transferência de carga para toda a barra e solicitando apenas uma pequena porção dela, enviesando os resultados.
Outro ponto a ser observado é a limitação do sistema de ensaio utilizado em relação ao deslocamento. A Figura 8, a seguir, ilustra essa limitação. O curso livre entre o cilindro de apoio utilizado e a peça de conexão com a barra do tirante ficou entre 90 e 110 mm, valores que podem ter variado de acordo com o posicionamento do sistema.
Observa-se na maioria dos ensaios em que se atingiram os maiores deslocamentos, próximos ao curso livre inferido do sistema, um ganho abrupto de carga na curva, de maneira muito rápida, atingindo picos de 26 toneladas. Isso pode estar relacionado ao fim de curso do sistema, e, a partir desse momento, pode-se dizer que a carga não estava mais sendo aplicada à barra do tirante, mas sim ao sistema rígido de ensaio. Desta forma, os valores máximos de carga e deslocamento considerados foram os observados anteriormente a esse ponto.
Os ensaios foram interrompidos ao observar esse comportamento para evitar rompimentos e preservar a instrumentação utilizada e o sistema de ensaio, bem como a segurança dos profissionais envolvidos.

19 Balancão – Gaveta
Neste local foram realizados cinco ensaios de arrancamento instrumentados em tirantes instalados a aproximadamente três meses antes da realização dos ensaios, no dia 14/03/2024. A tabela 2 abaixo apresenta os resultados dos ensaios realizados.
LOCAL | ENSAIO | CARGA MÁXIMA (TON) | DESLOCAMENTO MÁXIMO (MM) | ELONGAÇÃO(%) |
---|---|---|---|---|
19Bal Gaveta | 1 | 22,7 | 104,0 | 3,5 |
19Bal Gaveta | 2 | 22,9 | 113,7 | 3,8 |
19Bal Gaveta | 3 | 24 | 58,7 | 2,0 |
19Bal Gaveta | 4 | 22,2 | 104,0 | 3,5 |
19Bal Gaveta | 5 | 24,1 | 114,5 | 3,8 |
Os deslocamentos observados variaram de 58,7 a 114,5 mm, correspondendo a percentuais de elongação de 2% a 3,8%, respectivamente, em relação ao comprimento total do tirante (3 metros). Para a carga máxima, o maior resultado obtido foi de 24,1 toneladas.
Em quatro dos ensaios (1, 2, 4 e 5), observou-se o comportamento com um trecho de absorção de carga e elongação da barra que se inicia próximo a 20 toneladas aplicadas, atingido deslocamentos acima de 100 mm, o mesmo comportamento observado em ensaios realizados anteriormente.
No ensaio 3, apesar do início da formação de um patamar de elongação, houve uma mudança no comportamento da curva, com um ganho gradativo de carga até aproximadamente 24 toneladas, quando o ensaio foi interrompido. Nesse ponto, o deslocamento atingido foi consideravelmente menor em comparação com os demais ensaios.
O Gráfico 2 exibe as curvas de carga x deslocamento, obtidas por meio da instrumentação dos ensaios, permitindo a observação detalhada do comportamento dos tirantes durante os testes.

No quadro 2, estão apresentados os gráficos que ilustram as curvas de carga x deslocamento de cada ensaio realizado de maneira individual.


Os resultados apresentados mostraram um comportamento e valores de deslocamento similares aos observados nos ensaios realizados no dia 10/06, onde a instalação dos tirantes foi mais recente. As deformações no maciço rochoso, causadas por tensões e/ou ciclos de detonações ao longo do tempo, não alteraram o comportamento dos tirantes nos ensaios. Isso pode indicar que não ocorreram deformações significativas no maciço rochoso durante esse período, ou as deformações presentes não foram suficientes para mobilizar toda a capacidade de elongação das barras dos tirantes.
Levantou-se a hipótese de que a chapa poderia estar restringindo a transferência de carga para a barra do tirante, além do deslocamento do tubo de atrito pelo furo. Pensou-se que a elongação do tirante híbrido ocorria pelo deslocamento de todo o conjunto, tanto pela elongação da barra quanto pelo deslizamento do tubo de atrito pelo furo. Desta forma, o ensaio 1 foi realizado sem chapa, conforme mostrado na Figura 9, para validar essa hipótese.

Esse ensaio mostrou o mesmo comportamento já observado em ensaios realizados anteriormente com a chapa e observa-se que o tubo de atrito se manteve dentro do furo após a realização do ensaio de arrancamento, evidenciando que a elongação do tirante não ocorre pelo deslizamento do tubo de fricção pelo furo, pelo menos nos valores de carga praticados no ensaio.
A figura 10 apresenta outras evidências de que, nos ensaios realizados com a chapa, o tubo de atrito permaneceu dentro do furo.

18 Balancão
Neste local foram realizados três ensaios de arrancamento instrumentados em tirantes instalados a aproximadamente três meses antes da realização dos ensaios, no dia 15/03/2024. A tabela 3 abaixo apresenta os resultados dos ensaios realizados.
LOCAL | ENSAIO | CARGA MÁXIMA (TON) | DESLOCAMENTO MÁXIMO (MM) | ELONGÇÃO (%) |
---|---|---|---|---|
18 BAl | 1 | 25,0 | 60,6 | 2,0 |
18 BAl | 2 | 23,2 | 133,0 | 4,4 |
18 BAl | 3 | 23,0 | 78,0 | 2,6 |
Os deslocamentos observados variaram de 60,6 a 133,0 mm, correspondendo a percentuais de elongação de 2% a 4,4%, respectivamente, em relação ao comprimento total do tirante (3 metros). Para a carga máxima, o maior resultado obtido foi de 25,0 toneladas.
No ensaio 2, observou-se o comportamento com um trecho de absorção de carga e elongação da barra que se inicia próximo a 20 toneladas aplicadas, atingido o maior deslocamento observado na campanha de ensaios, e o mesmo comportamento observado nos ensaios anteriores.
No ensaio 1, o deslocamento ocorreu de forma "linear", sem a presença de um patamar de escoamento. Já no terceiro ensaio, houve a ruptura da porca da peça de extensão do sistema de ensaio, que faz a ligação com o tirante, logo após a formação do trecho de escoamento da barra.
O Gráfico 3 exibe as curvas de carga x deslocamento, obtidas por meio da instrumentação dos ensaios, permitindo a observação detalhada do comportamento dos tirantes durante os testes.

No quadro 3, estão apresentados os gráficos que ilustram as curvas de carga x deslocamento de cada ensaio realizado de maneira individual.

No ensaio 1, observou-se que a força foi aplicada de maneira inadequada, não axial, resultando em força cisalhante na barra do tirante (figura 11). No entanto, o ensaio atingiu valores de carga próximos a 25 toneladas sem a ruptura da barra do tirante, até o momento em que foi interrompido. Esse fato demonstra a boa capacidade de resistência da barra do tirante ao sofrer forças de cisalhamento.

Comentários Finais
O objetivo foi criar um tirante que diminui o custo da aplicação, diminuir o tempo para serem aplicados sem perder resistência e durabilidade e ser aplicado sem resina alcançando uma resistência de 25 toneladas sem rompe.
O resultado obtido foi muito satisfatório alcançando a resistência e durabilidade e na otimização do tempo.
O tirante foi criado com ênfases para a mineração subterrânea onde pode ser aplicado em realces com mais velocidade e com a mesma resistência onde traz uma grande segurança para as pessoas que acessem o local.
Por fim, espero que este trabalho sirva com base para futuras investigações e inspire soluções inovadoras para os desafios enfrentados na mineração subterrânea
Referências
Coelho , Beatriz . Citação direta : diferença entre citação curta e citação longa nas normas da ABNT . Blog Mettzer . Florianópolis , 2021 . Disponível em: https://blog.mettzer.com/citacao-direta-curta-longa/ . Acesso em: 10 mai. 2021 .
Coelho , Beatriz . Conclusão de trabalho: : um guia completo de como fazer em 5 passos . Blog Mettzer . Florianópolis , 2020 . Disponível em: https://blog.mettzer.com/conclusao-de-trabalho/ . Acesso em: 10 mai. 2021 .
Coelho , Beatriz . Introdução: : aprenda como fazer para seu trabalho acadêmico . Blog Mettzer . Florianópolis , 2021 . Disponível em: https://blog.mettzer.com/introducao-tcc/ . Acesso em: 10 mai. 2021 .
DMITRUK , Hilda Beatriz (Org.) . Cadernos metodológicos : diretrizes da metodologia científica . 5 ed . Chapecó : Argos , 2001 . 123 p .
Mettzer . O melhor editor para trabalhos acadêmicos já feito no mundo . Mettzer . Florianópolis , 2016 . Disponível em: http://www.mettzer.com/ . Acesso em: 21 ago. 2016 .
Naína , Tumelero . TCC pronto em apenas 5 passos : do início à defesa . 2019 . Disponível em: https://blog.mettzer.com/tcc-pronto/ . Acesso em: 11 mai. 2021 .
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