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THIAGO PINTO DA SILVA

O Impacto da Cultura Organizacional na Segurança no Trabalho

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O IMPACTO DA CULTURA ORGANIZACIONAL NA SEGURANÇA DO TRABALHO

Centro de Profissionalização e Educação Técnica

O IMPACTO DA CULTURA ORGANIZACIONAL NA SEGURANÇA DO TRABALHO

THIAGO PINTO DA SILVA

Resumo

A cultura organizacional tem grande impacto na segurança do trabalho, pois influencia diretamente comportamentos, atitudes e práticas dos colaboradores. Uma cultura que prioriza a segurança, com políticas claras, treinamentos constantes e envolvimento da liderança, tende a reduzir acidentes e criar um ambiente de trabalho mais seguro. Por outro lado, uma cultura que negligencia a segurança pode resultar em riscos aumentados, acidentes frequentes e baixos índices de satisfação entre os trabalhadores.

Palavras-chave: Cultura organizacional, segurança do trabalho e comportamento

Abstract

Organizational culture has a significant impact on workplace safety as it directly influences employees' behaviors, attitudes, and practices. A culture that prioritizes safety, with clear policies, ongoing training, and leadership involvement, tends to reduce accidents and create a safer work environment. On the other hand, a culture that neglects safety can lead to increased risks, frequent accidents, and low levels of worker satisfaction.

Keywords: Organizational culture, workplace safety, and behavior

Introdução

A cultura organizacional e a segurança no trabalho são elementos essenciais que, ao longo das décadas, passaram a desempenhar papéis cada vez mais interdependentes dentro das organizações. A compreensão de que o ambiente de trabalho não se resume a uma soma de processos produtivos, mas que deve considerar o ser humano em sua totalidade, impulsionou a transformação de ambos os conceitos. Como Chiavenato (2005) afirma, "a cultura organizacional é a alma da organização, refletindo valores, crenças e atitudes que influenciam diretamente o comportamento dos indivíduos e as práticas de gestão". Hoje, a interação entre cultura organizacional e segurança no trabalho não apenas reflete o compromisso das empresas com a saúde e o bem-estar de seus colaboradores, mas também é um fator determinante para o sucesso organizacional e a sustentabilidade.

Cultura Organizacional

DEFINIÇÃO E CONCEITO

A cultura organizacional refere-se ao conjunto de valores, crenças, normas, hábitos e comportamentos compartilhados pelos membros de uma organização. Ela é formada ao longo do tempo e influencia profundamente a maneira como os colaboradores interagem entre si, com a liderança e com os processos da organização. Como destaca Alvesson (2012), "a cultura organizacional não é um fenômeno estático, mas sim algo que se adapta às mudanças internas e externas da organização" (p. 57). A cultura organizacional não é estática, mas evolui conforme a organização se adapta ao ambiente externo e às necessidades internas.

A origem da cultura organizacional

A origem da cultura organizacional remonta às influências iniciais da fundação de uma empresa, incluindo as práticas e filosofias adotadas pelos fundadores e primeiros líderes. Segundo Schein (2010), "as crenças e práticas estabelecidas pelos fundadores têm uma influência profunda no desenvolvimento da cultura organizacional" (p. 38). Com o tempo, essas práticas se tornam enraizadas na estrutura da organização, formando um conjunto de crenças e comportamentos que guiarão os novos membros. A cultura também é moldada por fatores como o setor em que a organização atua, a história da empresa e a natureza das interações entre os membros da equipe.

 Diferença entre cultura organizacional e clima organizacional

A origem da cultura organizacional remonta às influências iniciais da fundação de uma empresa, incluindo as práticas e filosofias adotadas pelos fundadores e primeiros líderes. Segundo Schein (2010), "as crenças e práticas estabelecidas pelos fundadores têm uma influência profunda no desenvolvimento da cultura organizacional" (p. 38). Com o tempo, essas práticas se tornam enraizadas na estrutura da organização, formando um conjunto de crenças e comportamentos que guiarão os novos membros. A cultura também é moldada por fatores como o setor em que a organização atua, a história da empresa e a natureza das interações entre os membros da equipe.

Cultura organizacional é o conjunto de valores, crenças e práticas que moldam o comportamento e a identidade da organização. É algo mais profundo e estável, refletindo as raízes e a filosofia da organização.

Clima organizacional refere-se às percepções e sentimentos dos colaboradores em relação à organização em um momento específico. Está mais relacionado ao ambiente de trabalho imediato e à satisfação dos funcionários, sendo considerado uma variável mais volátil e suscetível a mudanças.

Modelos de Cultura Organizacional

Modelo de Edgar Schein

O modelo de Edgar Schein, um dos mais influentes na área de cultura organizacional, propõe que a cultura de uma organização é composta por três níveis:

Artefatos: Elementos visíveis e tangíveis da cultura, como estruturas, processos e símbolos, que podem ser facilmente observados, mas nem sempre refletem a essência da cultura.

Valores: Os princípios que orientam as decisões e comportamentos dentro da organização. São mais difíceis de observar diretamente, mas são fundamentais para a cultura.

Suposições básicas: São as crenças profundas e não explícitas sobre a organização, as pessoas e o mundo. São invisíveis e muitas vezes inconscientes, mas são a base da cultura organizacional.

Schein (2010) afirma que "esses três níveis de cultura interagem para formar uma estrutura complexa que influencia profundamente o comportamento organizacional" (p. 79).

Modelo de Hofstede

Geert Hofstede desenvolveu um modelo de seis dimensões culturais que descrevem as diferenças entre as culturas nacionais e organizacionais. Suas dimensões incluem:

Distância de poder: Refere-se ao grau de aceitação das desigualdades de poder dentro de uma organização.

Individualismo versus coletivismo: A medida em que as pessoas priorizam o interesse individual em relação ao grupo.

Masculinidade versus feminilidade: Refere-se a valores como competitividade versus qualidade de vida.

Aversão à incerteza: O quanto uma cultura aceita a incerteza e a ambiguidade.

Orientação de longo prazo versus curto prazo: A ênfase na preparação para o futuro versus a valorização do presente.

Indulgência versus restrição: O grau de liberdade para satisfazer os desejos humanos básicos.

Segundo Hofstede (2001), "as dimensões culturais não apenas ajudam a entender as diferenças entre países, mas também explicam as variações nas práticas organizacionais" (p. 45).

Elementos que Compõem a Cultura Organizacional

Valores, crenças e normas

Os valores representam os princípios fundamentais que guiam as ações dentro da organização. As crenças são percepções compartilhadas sobre o funcionamento do mundo, enquanto as normas são regras informais ou explícitas sobre comportamentos aceitos ou esperados dentro da organização. Segundo Denison (1990), "os valores e crenças compartilhados formam a base para a coesão e o alinhamento dos membros dentro da organização" (p. 102). Esses elementos formam a espinha dorsal da cultura organizacional e influenciam diretamente o modo como os colaboradores se relacionam e realizam suas tarefas.

Rituais e práticas cotidianas

Rituais e práticas cotidianas são atividades que reforçam os valores e a cultura organizacional. Podem incluir reuniões regulares, celebrações, treinamentos e outros eventos que envolvem os colaboradores e promovem o reforço da cultura organizacional. Como aponta Trice e Beyer (1993), "esses rituais ajudam a socializar os membros e a solidificar os valores organizacionais no comportamento cotidiano" (p. 187). Essas práticas não apenas mantêm a cultura viva, mas também ajudam a integrar os novos funcionários, alinhando-os com as expectativas e comportamentos da organização.

Impacto da Cultura Organizacional no Comportamento dos Funcionários

Influência nos comportamentos de segurança

A cultura organizacional tem um papel crucial na formação dos comportamentos de segurança dentro da organização. Como destaca Zohar (2000), "uma cultura organizacional que valoriza a segurança pode levar os funcionários a adotar comportamentos mais cautelosos e a prevenir acidentes" (p. 52). Se a cultura valoriza a segurança e incentiva os funcionários a seguir práticas seguras, os colaboradores estarão mais propensos a adotar comportamentos que minimizem os riscos. Em contrastes, uma cultura negligente com segurança pode resultar em comportamentos arriscados e acidentes. A cultura de segurança deve ser uma prioridade para promover um ambiente de trabalho saudável e seguro.

Relação entre liderança e cultura de segurança

A liderança tem um impacto direto na cultura de segurança de uma organização. Líderes que demonstram compromisso com a segurança, tanto na prática quanto na comunicação, são fundamentais para criar um ambiente onde os colaboradores se sintam motivados a seguir as normas de segurança. Como enfatiza Cunha (2013), "os líderes são os principais responsáveis por modelar e sustentar uma cultura de segurança dentro da organização" (p. 75). Quando a liderança dá o exemplo e investe em treinamento, recursos e reconhecimento, a cultura de segurança se fortalece e os comportamentos dos funcionários são mais propensos a seguir as melhores práticas de segurança.

Segurança no Trabalho

Definição e Conceito

A segurança no trabalho refere-se ao conjunto de medidas, ações e práticas adotadas dentro de uma organização para garantir a integridade física e mental dos trabalhadores, prevenindo acidentes e doenças ocupacionais. A segurança no trabalho envolve a identificação, avaliação e controle de riscos relacionados ao ambiente de trabalho, à utilização de equipamentos e às condições de saúde do trabalhador. Ela busca proporcionar um ambiente de trabalho saudável e seguro, minimizando possíveis danos aos colaboradores (SILVA, 2020).

Segurança como um valor organizacional

A segurança no trabalho deve ser tratada como um valor essencial dentro da cultura organizacional. Isso significa que a segurança não deve ser vista como uma mera obrigação legal ou prática temporária, mas como uma prioridade permanente, que deve ser incorporada à missão, visão e valores da empresa. Empresas que consideram a segurança um valor organizacional promovem uma cultura de prevenção e conscientização, onde todos os colaboradores, desde a alta gestão até os operacionais, compartilham a responsabilidade de manter um ambiente seguro (OLIVEIRA, 2018).

Abordagem preventiva versus corretiva

A segurança no trabalho pode ser abordada de duas maneiras principais:

Abordagem preventiva: Foca na identificação e eliminação de riscos antes que eles causem danos. Essa abordagem envolve a análise dos perigos potenciais, a implementação de medidas de controle e a promoção de treinamentos contínuos. O objetivo principal é evitar acidentes e doenças antes que ocorram (SOUZA, 2019).

Abordagem corretiva: Embora menos ideal, é necessária em situações onde os riscos já se materializaram, e medidas corretivas precisam ser tomadas para minimizar ou eliminar os danos. Isso inclui a adaptação de procedimentos, a reparação de falhas nos sistemas de segurança e a revisão de práticas inadequadas após a ocorrência de incidentes (ALMEIDA, 2021).

Legislação e Normas Regulamentadoras (NR)

Principais normas brasileiras relacionadas à segurança no trabalho (NR 6, NR 9, NR 12)

A legislação brasileira sobre segurança no trabalho é composta por diversas Normas Regulamentadoras (NRs), que visam regulamentar as condições de segurança e saúde nas empresas. Três das mais relevantes são:

NR 6 - Equipamento de Proteção Individual (EPI): Estabelece as condições para o uso de EPIs, determinando quais são obrigatórios para a proteção dos trabalhadores em diversas atividades, garantindo a saúde e segurança no ambiente de trabalho (MARTINS, 2017).

NR 9 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA): Exige que as empresas elaborem e implementem um programa que avalie e controle os riscos ambientais presentes no ambiente de trabalho, como agentes químicos, físicos e biológicos, visando à prevenção de acidentes e doenças ocupacionais (SANTOS, 2022).

NR 12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos: Regula as condições de segurança para o uso de máquinas e equipamentos, com o objetivo de prevenir acidentes, proporcionando a instalação, operação e manutenção seguras, além de orientar sobre a sinalização e treinamento adequados (FERREIRA, 2020).

Responsabilidade das empresas em relação à legislação

As empresas têm a responsabilidade de cumprir as Normas Regulamentadoras (NRs) estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Isso envolve a implementação de políticas de segurança, fornecimento de EPIs adequados, realização de treinamentos periódicos, e a criação de programas de prevenção e controle de riscos. Além disso, as empresas devem garantir que as condições de trabalho estejam em conformidade com a legislação, promovendo a saúde e a segurança dos trabalhadores, sob pena de sofrerem sanções legais, como multas ou interdição das atividades (COSTA, 2016).

Programas e Práticas de Segurança no Trabalho

A importância de treinamentos contínuos

A realização de treinamentos contínuos é um dos pilares da segurança no trabalho. Através deles, os colaboradores aprendem a identificar riscos, usar corretamente os EPIs, adotar comportamentos seguros e agir em situações de emergência. Os treinamentos também são uma forma de reforçar a cultura de segurança, garantindo que os trabalhadores se sintam preparados para lidar com diversos cenários de risco (PEREIRA, 2018). Além disso, a reciclagem periódica de treinamentos ajuda a manter os colaboradores atualizados sobre novas normas, procedimentos e tecnologias que possam impactar sua segurança no trabalho (MORAES, 2021).

Programas de prevenção e ergonomia

Além de treinamentos, as empresas devem implementar programas voltados à prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. O PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) é um exemplo desse tipo de iniciativa, com foco na eliminação ou controle de riscos ambientais. Também é essencial a implementação de programas de ergonomia, que visam adaptar o ambiente de trabalho às necessidades dos colaboradores, evitando lesões e desconfortos relacionados à postura, carga de trabalho e repetitividade de tarefas (LIMA, 2020).

Benefícios da Segurança no Trabalho para os Colaboradores e a Empresa

Redução de acidentes e doenças ocupacionais

Um ambiente de trabalho seguro, com práticas e políticas eficazes, contribui para a redução significativa de acidentes e doenças ocupacionais. Isso resulta em menos afastamentos, menores custos com tratamentos de saúde e um ambiente de trabalho mais saudável. A prevenção de acidentes também reflete em uma maior tranquilidade para os colaboradores, que se sentem mais protegidos em suas atividades diárias (ALVES, 2017).

Aumento da produtividade e da satisfação no trabalho

Um ambiente de trabalho seguro, com práticas e políticas eficazes, contribui para a redução significativa de acidentes e doenças ocupacionais. Isso resulta em menos afastamentos, menores custos com tratamentos de saúde e um ambiente de trabalho mais saudável. A prevenção de acidentes também reflete em uma maior tranquilidade para os colaboradores, que se sentem mais protegidos em suas atividades diárias (ALVES, 2017)

A segurança no trabalho não deve ser vista apenas como uma obrigação legal, mas como um compromisso estratégico que beneficia tanto os colaboradores quanto a organização como um todo. Implementar práticas de segurança efetivas contribui para um ambiente de trabalho saudável e produtivo, onde todos os envolvidos estão alinhados em prol da integridade e bem-estar no local de trabalho (SILVA, 2020).

Relação entre Cultura Organizacional e Segurança no Trabalho

Como a Cultura Organizacional Afeta a Segurança no Trabalho

A cultura organizacional exerce uma influência decisiva sobre os comportamentos, atitudes e práticas relacionadas à segurança no trabalho. Quando uma organização adota uma cultura que valoriza a segurança, ela cria um ambiente propício para a adoção de boas práticas, reduzindo os riscos e promovendo o bem-estar dos colaboradores (Santos, 2020). Por outro lado, uma cultura que negligencia ou subestima a segurança pode resultar em comportamentos inseguros, maior número de acidentes e até em doenças ocupacionais (Lima, 2019).

Cultura de prevenção versus cultura de risco

A cultura de segurança em uma organização pode ser classificada como cultura de prevenção ou cultura de risco, dependendo de como a segurança é abordada:

Cultura de prevenção: Caracteriza-se por um enfoque proativo, no qual a segurança é vista como uma prioridade e parte integrante da operação diária da empresa. Nessa cultura, os colaboradores são constantemente treinados, a comunicação sobre segurança é clara e a liderança dá o exemplo. Riscos são identificados e controlados antes que se tornem problemas reais (Pereira, 2018).

Cultura de risco: Refere-se a um ambiente em que a segurança é negligenciada ou secundária em relação a outros objetivos, como produtividade ou redução de custos. Nesse tipo de cultura, os riscos são ignorados ou subestimados, e a falta de atenção à segurança pode levar a acidentes e incidentes, além de aumentar os custos com indenizações e perda de produtividade (Costa & Almeida, 2017).

O papel dos líderes na criação de uma cultura de segurança

Os líderes têm um papel fundamental na formação e manutenção de uma cultura de segurança. Eles devem ser os primeiros a adotar comportamentos seguros, comunicar claramente a importância da segurança e investir em treinamento e recursos para a prevenção de acidentes. A liderança visível e engajada em questões de segurança reforça a mensagem de que a segurança é uma prioridade da organização (Souza, 2021). Além disso, líderes eficazes devem criar um ambiente onde os colaboradores se sintam à vontade para reportar riscos e sugerir melhorias sem medo de represálias, promovendo uma cultura de transparência e confiança (Oliveira, 2022).

Empresas com Cultura Organizacional Focada em Segurança

Exemplos de empresas que adotaram a segurança como um valor central

Várias empresas ao redor do mundo têm se destacado por adotar a segurança como um valor central de sua cultura organizacional. Algumas dessas empresas incluem:

DuPont: A gigante química americana é amplamente reconhecida por sua forte cultura de segurança. A empresa implementou o conceito de "Zero Acidentes" e investe fortemente em programas de treinamento e conscientização. DuPont acredita que nenhum trabalho é tão urgente que possa ser feito sem segurança (Costa, 2020).

Petrobras: A Petrobras tem uma política robusta de segurança no trabalho, com programas de treinamento contínuos, auditorias internas e protocolos rigorosos para garantir a segurança de seus colaboradores em ambientes de alto risco, como plataformas de petróleo (Carvalho & Oliveira, 2021).

BASF: Outra gigante química que adota uma cultura de segurança de alto nível, com programas e políticas que visam não apenas evitar acidentes, mas também promover a saúde dos trabalhadores em suas fábricas e instalações (Silva, 2020).

Essas empresas demonstram que, quando a segurança é tratada como um valor fundamental, a cultura organizacional reflete isso, resultando em ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis (Lima, 2020).

Estudos de caso sobre mudanças culturais que impactaram positivamente a segurança

Um estudo de caso significativo foi o da British Petroleum (BP) após o desastre de Deepwater Horizon em 2010. O acidente, que resultou em várias mortes e um desastre ambiental significativo, levou a BP a reavaliar completamente sua cultura de segurança. A empresa implementou uma série de reformas culturais, focando na melhoria da comunicação sobre segurança, treinamento contínuo e no fortalecimento da liderança. Desde então, a BP tem trabalhado para criar uma cultura de segurança mais proativa e transparente (Rodrigues, 2019).

Outro exemplo é o case da Companhia Vale do Rio Doce, que após alguns incidentes com grandes impactos, reformulou seu modelo de gestão de segurança, investindo em treinamento, novas tecnologias e mudança no comportamento dos líderes e colaboradores, focando na cultura de prevenção e comunicação aberta sobre riscos. Como resultado, a empresa tem conseguido reduzir significativamente os índices de acidentes (Silva & Gomes, 2021).

Desafios e Oportunidades

Barreiras culturais para a implementação de práticas de segurança

A implementação eficaz de práticas de segurança no trabalho pode ser dificultada por diversas barreiras culturais, como:

Resistência à mudança: Muitos colaboradores podem estar acostumados com práticas antigas e resistentes a novas abordagens de segurança. Isso pode ser agravado pela percepção de que as novas medidas representam um aumento de custos ou de complexidade no trabalho (Pereira, 2020).

Falta de engajamento da liderança: Se os líderes não estiverem comprometidos com a segurança ou não demonstrarem comportamentos seguros, será difícil convencer os colaboradores a adotarem práticas seguras. A falta de visibilidade e de envolvimento ativo da liderança pode enfraquecer a cultura de segurança (Costa & Almeida, 2017).

Falta de comunicação: A comunicação ineficaz pode ser uma barreira significativa. Se os colaboradores não entenderem as práticas de segurança ou não se sentirem encorajados a reportar riscos, as medidas preventivas podem ser ignoradas (Lima, 2019).

Como superar resistência à mudança cultural nas organizações

Superar a resistência à mudança cultural nas organizações exige um esforço coordenado de todos os níveis hierárquicos. Algumas estratégias eficazes incluem:

Liderança pelo exemplo: Líderes devem demonstrar, de maneira visível e consistente, o compromisso com a segurança, tomando ações concretas para reforçar essa prioridade (Rodrigues, 2020).

Engajamento dos colaboradores: Incluir os trabalhadores no processo de implementação de mudanças, ouvindo suas opiniões e envolvendo-os em discussões sobre segurança. Isso pode aumentar o comprometimento e a aceitação das mudanças (Oliveira, 2021).

Treinamento contínuo e reforço positivo: Oferecer treinamentos regulares e programas de conscientização, além de reconhecer e premiar comportamentos seguros, são maneiras eficazes de reforçar a importância da segurança (Souza, 2022).

Comunicação clara e transparente: Garantir que todas as mensagens relacionadas à segurança sejam claras, transparentes e direcionadas a todos os níveis da organização, criando um ambiente onde os colaboradores se sintam seguros para reportar problemas sem medo de retaliações (Silva, 2021).

Conclusão

A partir da análise teórica realizada neste trabalho, é possível concluir que a cultura organizacional exerce um impacto significativo na segurança no trabalho. A forma como os valores, crenças e comportamentos são compartilhados dentro de uma organização influencia diretamente as atitudes dos colaboradores em relação à segurança e ao cumprimento das normas e procedimentos estabelecidos.

Organizações que cultivam uma cultura voltada para a segurança tendem a criar ambientes de trabalho mais seguros e mais saudáveis, onde os colaboradores estão mais conscientes dos riscos, mais engajados na prevenção de acidentes e mais dispostos a adotar práticas de segurança. A liderança dentro da organização desempenha um papel essencial na formação dessa cultura, uma vez que os comportamentos e atitudes dos líderes servem como exemplo para os demais colaboradores. Quando a segurança é tratada como valor central da organização, isso reflete em todos os níveis hierárquicos, fortalecendo o compromisso com o bem-estar de todos.

Além disso, uma cultura organizacional que promove a segurança no trabalho vai além da simples conformidade com normas e regulamentos. Ela envolve a criação de um ambiente de confiança, comunicação aberta e educação contínua, onde todos os membros da organização se sentem responsáveis pela segurança, e não apenas em momentos de inspeção ou auditoria. Isso demonstra que a segurança no trabalho deve ser integrada ao dia a dia da organização, sendo uma parte fundamental de sua identidade e operações.

Portanto, a análise realizada evidencia que o fortalecimento da cultura organizacional é um fator chave para a efetividade das políticas de segurança no trabalho. A promoção de uma cultura de segurança exige um compromisso de longo prazo por parte das lideranças e de todos os colaboradores, com foco não apenas em reduzir acidentes, mas também em garantir um ambiente de trabalho que favoreça a saúde física e psicológica dos trabalhadores.

Conclui-se, portanto, que as organizações devem investir na construção de uma cultura organizacional sólida, que valorize a segurança como prioridade, criando assim um ambiente de trabalho mais seguro, eficiente e sustentável, com benefícios tanto para os colaboradores quanto para a própria organização.


Referências

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