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O Acolhimento das Crianças na Educação Infantil em Tempos de Distanciamento Social

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O ACOLHIMENTO DAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL EM TEMPOS DE DISTANCIAMENTO SOCIAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

O ACOLHIMENTO DAS CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL EM TEMPOS DE DISTANCIAMENTO SOCIAL

Epha Ellen Nunes Silva

Orientador: Profa. Dra. Thais Andrea Carvalho de Figueiredo Lopes.

Resumo

Esta pesquisa tem por objetivo analisar como se deu o acolhimento das crianças pequenas na educação infantil em tempos de distanciamento social imposto pela pandemia de covid-19. Sua organização metodológica fundamenta-se nos pressupostos da abordagem qualitativa, sendo uma pesquisa do tipo bibliográfica, na qual fundamentamos nossas análises em autores como Borges; Marioto; Zuin (2020); Monteiro; Pereira (2020); Simão; Lessa (2020) visando a compreensão do que seria acolher na pandemia, bem como as práticas adaptadas para esse momento pelo olhar de estagiárias que atuaram nesse momento realizando o acompanhamento de professoras e auxiliando nas salas de referência. (Completar)

Palavras-chave: Acolhimento; Educação Infantil; Pandemia de Covid-19.

Introdução

O termo acolhimento pode ser utilizado de formas distintas em diferentes contextos e em cada uma das políticas sociais, a exemplo da saúde, assistência social e educação. Como nosso campo de estudos e pesquisas é a educação infantil, concebemos que pensar o acolhimento das crianças nessa etapa da educação básica nos remete ao desenvolvimento de mediações que venham a acolher de forma integral as crianças pequenas, nas instituições educacionais públicas e privadas existentes, considerando que para a maior parte das crianças, esse é o primeiro momento de afastamento por mais tempo do grupo familiar.

Para autores como  Ribeiro , Pastorio e Machado ( 2020 )  (2020) , o termo acolhimento seria um substituto da palavra adaptação, o que vai de encontro ao que diz o documento ‘Parâmetros Curriculares Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil’ (2006). Essa definição possui um sentido amplo e mais coerente com a ideia de uma construção conjunta de um espaço que respeite os interesses e as necessidades das crianças, entretanto, é possível perceber que o termo continua sendo utilizado para fazer referência ao momento específico da chegada de bebês e crianças na educação infantil.

Há que se levar em conta que o sentido atribuído neste trabalho ao acolhimento das crianças na educação infantil, convoca os profissionais da educação a adotar uma postura ética, comprometida com a escuta, com o respeito e com a valorização das crianças como seres humanos em desenvolvimento, contemplando os momentos iniciais de chegada das crianças nas creches e pré-escolas, porém indo além desse período, entendendo que a nossa responsabilidade com a educação das novas gerações deve se fazer presente no ambiente educacional, que é sobretudo, lugar de formação humana.

Sabemos que o acolhimento pode se dar nas mais diversas situações com práticas pedagógicas variadas, tanto em momentos específicos em que as crianças precisam ser acolhidas individualmente, como em momentos em que esta seja planejada de forma coletiva, no recepção dos pais na instituição e variadas práticas. As atitudes concretas de acolhimento por parte dos profissionais que trabalham na creche ou na pré-escola são de fundamental importância na organização do ambiente e na escuta das crianças em suas múltiplas linguagens, incentivando-as a desenvolver autonomia para participar das ações que visam a uma educação integral que promova aprendizagens significativas.

O acolhimento das crianças individual e coletivamente, em ambientes de convivência social, nos quais aconteça o estreitamento dos laços de pertencimento ao grupo, pode tornar as relações sociais estabelecidas nesses lugares mais saudáveis do ponto de vista psíquico, favorecendo aprendizagem e desenvolvimento, portanto, o acolhimento é um elemento central de uma proposta pedagógica que pretenda contribuir com o desenvolvimento das potencialidades das crianças.

Quando ocorreu o distanciamento social provocado pelas recomendações sanitárias na vigência da pandemia da Covid-19, práticas que envolvessem o toque e a proximidade não eram aconselhadas, pois o distanciamento se fez necessário para a segurança dos professores e das crianças, evitando assim um possível contágio com o vírus Sars-Cov-2. Naquele cenário, nos anos de 2020 a 2022, nossas inquietações partiram da constatação das dificuldades relativas ao distanciamento social e da percepção do quanto aquela configuração afetaria as crianças, suas famílias e os profissionais que atuavam na educação infantil.

Sendo assim, a opção pela escolha do tema adveio das reflexões compartilhadas na disciplina de Estágio em Gestão do Trabalho Docente I do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da UFMA, no ano de 2020, no formato do ensino emergencial remoto, quando tivemos a oportunidade de nos aproximarmos de estudos e pesquisas que apresentavam reflexões sobre o acolhimento das crianças na educação infantil.

Sabendo que a Universidade Pública insere os discente ainda nos períodos iniciais do curso em Instituições Públicas de Ensino, através de Programas Institucionais como Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBIB e para os semestres finais os alunos podem ter contatos com as escolas através do Programa Residência Pedagógica - RP, além de estágios estágios obrigatórios e não-obrigatórios. E através dessa última modalidade citada, foi possibilitada a inserção em uma Instituição de Ensino Privada, em meio a pandemia. Por intermédio dessa experiência foi possível realizar reflexões sobre o que até então tínhamos tido contato apenas em teorias.

Vivenciar a educação em um momento de distanciamento social foi algo atípico, não havíamos realizados leituras sobre práticas de acolhimento para esse momento, sendo assim, o vivenciamos com todas as cautelas exigidas, até o decreto de fim da pandemia.

 Posto isso, é importante mencionar o quanto as vivências nos estágios curriculares foram relevantes para a nossa formação, para a ampliação do nosso olhar sobre a educação e ainda para a compreensão sobre as possibilidades de atuação pedagógica em espaços educacionais.

Ao versar sobre as práticas pedagógicas que poderiam ser e foram realizadas para acolher as crianças pequenas em um momento em que a aproximação, o toque e os abraços deveriam ser evitados, alguns questionamentos emergiram, no sentido de que entendemos que os aprendizados do período pandêmico podem ou não terem sido incorporados para que possamos repensar as formas de acolhimento no presente.

Esta pesquisa pretende responder aos seguintes questionamentos: No processo de acolhimento das crianças na educação infantil foi considerada a escuta das crianças pequenas sobre seus sentimentos em relação a pandemia de covid-19? Há registros das formas de acolhimento das crianças na pandemia?

Nossas indagações perpassam sobre como foi a garantido o acolhimento às crianças pequenas, assim como a participação e a escuta destas e MONTEIRO; PEREIRA (2020) inquirem de forma semelhante

No âmbito da educação escolar, a criança tem estado presente em muitos discursos. No entanto, infelizmente, nem sempre considerada como pessoa humana em desenvolvimento, cidadã de direitos, dentre eles o direito à vida e à educação. Em se tratando da criança pequena, de zero a cinco anos, nos colocamos no âmbito da Educação Infantil e somos convocadas a pensar como tem se dado, nesse momento, o atendimento educacional a essas crianças. Que valores estão em pauta? Que valores fundamentam as preocupações expressas nos documentos oficiais? O que nos dizem os

documentos sobre essas crianças e sobre o tipo de atendimento nesses tempos de pandemia? (MONTEIRO; PEREIRA, 2020, p.02).

Quanto a formulação do problema, buscamos uma problematização relacionada ao contexto da educação infantil em tempos de distanciamento social, que não se constituiu em uma tarefa simples, pois exigiu tempo e dedicação às leituras e ao amadurecimento das reflexões para chegarmos a seguinte questão problema: Como foi praticado o acolhimento das crianças na educação infantil em meio ao distanciamento social durante a pandemia de Covid-19?

Com o objetivo geral de analisar como se deu o acolhimento no processo educacional das crianças pequenas no contexto do distanciamento social imposto pela pandemia de Covid-19, esse trabalho tem como objetivos específicos: compreender como se deu o acolhimento das crianças pequenas na pandemia; evidenciar as concepções e as práticas de acolhimento na educação infantil pelo olhar de estagiárias de Educação Infantil que atuaram na Educação Infantil em meio a pandemia; identificar as práticas de acolhimento realizadas na Instituição em meio ao período pandêmico em que foi necessário o distanciamento social, para a segurança individual e coletiva.

Os procedimentos metodológicos da pesquisa, como revisão bibliográfica por meio da realização de leituras analíticas e interpretativas, análise de artigos e outros materiais acadêmicos produzidos sobre o tema, a elaboração de um plano de trabalho, a realização de uma pesquisa de campo que aconteceu por meio de obervação ativa e aplicação de um questionário com estagiárias que atuaram na Educação Infantil, no período pandêmico, em uma instituição educacional privada nos anos de 2021 e 2022, foram preponderantes para a organização da lógica da pesquisa, a fim de responder nossos questionamentos iniciais e a questão problema proposta.

Esta pesquisa se justifica devido às implicações objetivas e subjetivas causadas pelas mudanças no cotidiano das crianças, de suas famílias e dos profissionais da educação na pandemia, entendendo que as marcas de como cada família, cada criança e cada professor e todos os trabalhadores das Instituições de Ensino tiveram que lidar com questões ligadas à sobrevivência, estão presentes em cada um e agora fazem parte de suas subjetividades. Não podemos subestimar o quanto ter vivido esse momento histórico e político tão complexo teve efeitos em nossa humanidade compartilhada.

Com efeito, as sistematizações do material consultado à luz do referencial teórico adotado e a escrita do trabalho científico ora apresentado foram organizados em partes sequenciais que compõem o todo possível no tempo e no espaço que tivemos. A primeira parte do trabalho é composta por esta introdução na qual apresentamos brevemente os principais elementos balizadores da investigação realizada, na segunda parte, em diálogo com os autores que escolhemos por terem empreendido esforços de compreensão da realidade na esfera que nos propusemos a pesquisar, pretendemos esmiuçar o que é acolher crianças na educação infantil e que estratégias podem ser pensadas nessa direção. Na terceira parte apresentamos os resultados de uma pesquisa de campo realizada por meio de observação ativa, complementando com um entrevista empreendida com estagiárias de uma escola privada localizada no município de São Luís – MA, com o objetivo de verificar o que estas entendem por acolhimento e como desenvolveram práticas de acolhimento com as crianças no período da pandemia de Covid-19 e, por fim, nas considerações finais, construímos uma síntese dos achados da pesquisa e sugerimos fios de continuidade para novas investigações.



A EDUCAÇÃO INFANTIL E O ACOLHIMENTO

O reconhecimento legal da criança como sujeito de direito tornou-se realidade a partir da Constituição Federal de 1988 e da educação infantil como primeira etapa da educação básica, desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n. 9.394/1996. 

Com a instituição da Lei n. 12.796/2013, a educação passou a ser obrigatória para a faixa etária de 4 a 17 anos, incluindo as crianças de 4 e 5 anos matriculadas em pré-escolas. Essa determinação fez com que os municípios priorizassem ainda mais o atendimento educacional dessa faixa etária em detrimento do atendimento à faixa etária dos 0 aos 3 anos, que historicamente tem uma defasagem de vagas para as crianças que precisam de creches. De acordo com Lira; Drewinski (2020):

Cabe ressaltar que, sendo a Educação Infantil um direito, na medida em que a pré-escola se torna obrigatória, essa passa a ser um direito público subjetivo da criança, o que impõe ao Estado e aos municípios o dever e a responsabilidade em cumpri-lo, assim como responsabiliza os pais pela matrícula nesta etapa de educação (LIRA; DREWINSKI, 2020, p. 4)

 E mesmo com os avanços em relação ao estabelecimento da educação infantil como um direito, ainda não temos a universalização do atendimento em creches e pré-escolas brasileiras. Essa questão deve ser problematizada considerando a luta das mulheres trabalhadoras por creche e a necessidade dessas mulheres terem seus filhos cuidados e educados nesses espaços, pois conforme o Boletim Especial do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) de março de 2023:

A maioria dos domicílios no Brasil é chefiada por mulheres. Dos 75 milhões de lares, 50,8% tinham liderança feminina, o correspondente a 38,1 milhões de famílias. Já as famílias com chefia masculina somaram 36,9 milhões. As mulheres negras lideravam 21,5 milhões de lares (56,5%) e as não negras, 16,6 milhões (43,5%), no 3º trimestre de 2022.

O acolhimento é um dos princípios orientadores das práticas que são realizadas na educação infantil. Os documentos nacionais que orientam práticas educativas na educação infantil não chegam a um único consenso do que significa esse termo, segundo SALINAS; ESCUDEIRO; SERAFIM (2023) “os documentos norteadores da educação infantil do país apresentam uma compreensão muito reduzida ou até mesmo uma certa indefinição sobre o que se compreende por acolhimento” (p. 870). No entanto, com base em nossas leituras podemos perceber que este termo implica cuidado para com os bebês e as crianças pequenas que adentram a educação infantil e ainda inclui os pais que participam desse processo de adaptação da criança à instituição. O documento que trata sobre os parâmetros nacionais de qualidade para a educação infantil define o acolhimento como um período de adaptação

“o período de acolhimento inicial (“adaptação”) demanda das professoras, professores, gestoras e gestores uma atenção especial com as famílias e/ou responsáveis pelas crianças, possibilitando, até mesmo, a presença de um representante destas nas dependências da instituição (BRASIL, 2006).

O documento trata ainda sobre espaços destinados aos responsáveis nesse período para que possa haver a amamentação, entrevistas e ainda conversas mais reservadas para reunião coletiva na instituição de educação infantil (BRASIL, 2006).

O documento, Indicadores de Qualidade na Educação Infantil, instrumento de auto avaliação de qualidade das instituições para que estas possam nortear as práticas educativas de forma a respeitar os direitos das crianças, não traz uma definição de acolhimento, no entanto, este conceito vem acompanhado dos questionamentos sobre o auxílio das professoras para com as crianças em momentos que essas necessitam de ajuda para realizar suas necessidades fisiológicas (BRASIL, 2009, p. 42).

Os indicadores de respeito à identidade, desejos e interesses das crianças, tópico do documento Indicadores de Qualidade na Educação Infantil, questiona se as professoras e demais profissionais carregam os bebês e as crianças pequenas no colo ao longo do dia, propiciando interação, acolhimento e afetividade (BRASIL, 2009, p. 46), dessa forma percebe-se a preocupação de documentos e legislações voltados para a Educação Infantil, com as miudezas que englobam as práticas de acolhimento que devem ser realizadas nas instituições.

Assim como os Parâmetros Nacionais de Qualidade para Educação Infantil, os Indicadores de Qualidade trazem o questionamento sobre a existência de espaços planejados para recepção e acolhimento das famílias nas instituições (BRASIL, 2009, p. 52), sendo assim, é importante que esse momento de acolhimento seja voltado para as crianças e suas famílias, pois a instituição de ensino deve ser um espaço em que possam sentir-se bem recebidos e tratados com respeito desde o momento inicial, de forma que os responsáveis sintam-se seguros com o espaço em que as suas crianças irão passar grande parte do seu dia.

O termo acolhimento dispõe de diversos significados,  Piorini , Biazan e Serafim , tratam sobre o verbo como os primeiros contatos das crianças com a instituição

Muito comumente utilizado para se referir aos primeiros contatos das crianças com a instituição de educação infantil, o acolhimento parece ser frequentemente concebido como sinônimo de ‘bem receber’, num contexto já preparado para a entrada delas, isto é, acolher as crianças durante a sua adaptação escolar. (PIORINI; BIAZIN; SERAFIM, 2023, p. 864)

As autoras AGUIAR e AGLIARDI discorrem sobre como o acolhimento é  realizado no cotidiano das instituições, expressam ainda sobre a atenção e cuidado individual com cada criança e o espaço que é dado para que as crianças possam se manifestar e participar através da expressão de seus pensamentos, sentimentos e outros

O conceito de acolhimento está ancorado na perspectiva de se propor um atendimento direcionado de forma singular para cada criança, onde estas possam: ter espaço para manifestar seus sentimentos, pensamentos e pontos de vistas; receber apoio e suporte necessário para que seja possível desenvolver-se integralmente; e participar ativamente dos momentos que englobam o cotidiano escolar, com alegria e satisfação. (2021, p. 2)

elas ainda acrescentam que

O cuidar, o zelar e o acolher são atitudes que fornecem à criança subsídios para que ela possa se sentir segura, sabendo que têm com quem contar quando for preciso e percebendo que o ambiente escolar é um local onde está integralmente protegida, com pessoas de confiança. Não há como educar sem que seja proporcionado à criança esse olhar de acolhimento, de individualidade e respeito às suas vivências anteriores, extra ambiente escolar. (AGUIAR; AGLIARDI, 2021, p. 3)

Entre 2019 e 2021 o número de matrículas na educação infantil diminuiu 7,3%, quando 653.499 crianças saíram das creches e pré-escolas públicas e privadas, sendo que a maior parte dessa redução de matrículas ocorreu na rede privada. Os motivos, devem-se a localização de moradia, questões financeiras e inclui ainda a pandemia de Covid-19 que afetou grandemente a sociedade no referido período, nos recomendando a permanecer em casa e seguir medidas de segurança para evitar e reduzir o contagio pela doença.

O distanciamento social como medida de proteção para evitar contágios de síndromes gripais e outras doenças foi uma medida efetiva em meio ao período da pandemia. Este não sucedeu-se de maneira fácil para nós seres humanos que necessitamos do contato com o outro para estabelecer relações afetivas, tanto mais para crianças as crianças que apreciam a proximidade entre seus pares e familiares, no entanto, por serem ações difíceis de se realizadas por elas, porém necessárias para evitar o contágio pela Covid-19 as recomendações da  UNICEF ( 2020 ) . pontuaram a conversa aberta e honesta entre os pais e responsáveis com suas crianças, fazendo perguntas e ouvindo o que elas tinham a dizer e a explicação e importância de permanecerem em casa o máximo possível para prevenir da contaminação da doença.

Outra dica era incentivá-las a expressar seus sentimentos e emoções era mantê-las ativas e em uma rotina, o que ajudaria a se sentirem tranquilas e em segurança, sugeriam ainda a busca de informações junto à escola.

Não tocar o outro e ainda manter uma distância segura, ações que são de suas vivências com outros desde o nascimento, trouxeram perigo, todos os seres humanos vivenciaram essas novas circunstâncias, mas especialmente para as crianças pequenas foi um impacto insigne na sua rotina e convivência com seus pares, com as docentes e até mesmo os funcionários da escola.

A inserção da criança à educação infantil marca um momento importante de sua vida no qual se abre um novo mundo onde esta fará de inúmeras descobertas e viverá diversas experiências e as ações planejadas pelas professoras da educação infantil visam desenvolver o máximo de suas potencialidades. Portanto, em meio a pandemia, na nova realidade em que a educação infantil foi configurada, os pais e familiares (adultos de confiança da família) tomaram maior responsabilidade e os professores os auxiliaram na compreensão dos sentimentos de suas crianças. Com relação a isso a Unicef aconselhou:

Não minimize ou se esquive das preocupações da criança. Assegure-se de reconhecer os sentimentos dela e lhe garantir que é natural sentir medo dessas coisas. Demonstre que está ouvindo, prestando toda a atenção ao que ela fala e tenha certeza de que ela entende que pode conversar com você e seus professores sempre que quiser. (UNICEF, 2020)

Os desafios sempre se fizeram presentes, no entanto devido ao período pandêmico estes se configuraram de forma distinta. De conhecimento que  a educação infantil pensada para em momento, com distanciamento e restrições foi laboriosa, esta ainda deveria ter seu propósito norteado pelo direitos de aprendizagem e campos de experiências da Base Nacional Comum Curricular. As instituições em todo o tempo propor contextos pensados no: conviver brincar; participar, explorar, expressar-se e conhecer-se(...) dentro de dos cinco campos de experiência: o eu, o outro e o nós; corpo, gestos e movimento; traços, sons, cores e formas; escuta, fala, pensamento e imaginação; espaços, tempos, quantidades, relações e transformações (BNCC, 2018). As diretrizes do documento apresentam a importância de acompanhar o desenvolvimento e avanço de cada criança, então:

Recomenda que tal acompanhamento deva ser realizado através de diferentes registros como relatórios, portfólios, desenhos, entre outros, porém sem o caráter de classificação ou rotulação já que a intencionalidade desses registros é “reunir elementos para reorganizar tempos, espaços e situações que garantam os direitos de aprendizagem de todas as crianças.” (apud MONTEIRO; PEREIRA, 2020. p. 3).

Cabe a nós considerar que estes documentos dentre outras diretrizes para educação infantil, foram elaborados para um modelo escolar presencial, em ambientes característicos, independente das instituições, sejam estas privadas ou públicas (cada qual com seus PPP's e estrutura física, adequadas ou não ao segmento infantil). De ciência que cada instituição seguiu suas condições de atendimento às crianças, instituições privadas buscaram principalmente organizar uma forma de ensino que não implicasse na desistência da matrícula das crianças, pois isso afetaria diretamente a manutenção do quadro de docentes, estagiarias e demais funcionários.

Para o desenvolvimento da pesquisa reunimos autores que documentaram suas experiências de acolhimento na pandemia através do uso de dispositivos eletrônicos e de modo presencial, na instituição frequentando a sala de referência e outros espaços disponíveis para as crianças.

Em complemento a isso, foi realizada a observação ativa em uma escola Privada da Cidade de São Luís do Maranhão, sendo possível perceber a reorganização dos novos protocolos de segurança a serem seguidos para que as crianças pudessem retornar ao espaço institucional.

Dentre as estratégias pensadas para que as crianças pudessem retornar à instituição cada turma foi dividida em dois grupos, A e B, de forma que, quando um grupo estava na instituição realizando as atividades propostas na sala de referência, o outro grupo permanecia em casa, acompanhando por meio de salas de reunião online a práticas desenvolvidas pela professora na instituição, que seria a sua sala de referência não houvesse a pandemia. As atividades eram armazenadas no sistema utilizado pela escola e poderiam ser acompanhadas pelas crianças com seus pais no momento em que acontecia ou acessadas posteriormente caso houvesse algum empecilho seja familiar ou relacionado a tecnologia.

Na instituição o cuidado com as crianças acontecia a partir da entrada na instituição, onde eram recepcionadas com uma saudação dependendo do turno. As estagiárias as aconselhavam a fazer o uso do álcool em gel e em seguida eram dispostas em cadeirinhas que ficam distantes de acordo com o recomendado e aguardavam no máximo 10 minutos para serem levadas às salas de referência. Quando direcionadas às salas desfrutavam de um momento de atividade livre, onde se afastadas, sentavam-se em um tapete e brincavam com legos, blocos de madeira, massinha de modelar e outros brinquedos que ficavam à disposição. Ao encerrar o momento, eram direcionadas às cadeiras e mesas que ficavam afastadas umas das outras e posteriormente cantavam, juntamente com a professora e a estagiárias, músicas de bom dia ou boa tarde. O desenvolvimento das atividades propostas, de acordo com os direitos de aprendizagem e campos de experiencia, eram realizados com a professora indo de mesa em mesa para que as crianças mantivessem o distanciamento evitando assim a aglomeração no espaço.

Após as atividades do primeiro momento, chegada a hora do lanche, era feita a higienização das mãos de cada criança com álcool em gel, para que o lanche fosse disposto na mesa para o consumo.

No momento de recreação no parquinho, estas não iam de imediatos, de forma que sentavam ao redor de mesinhas em um pátio e as estagiárias desenvolviam atividades que poderiam ser a leitura de uma história, realização de desenhos em folhas de papel A4 separadas previamente para esse momento, até que o parquinho fosse desocupado, por alguma turma que havia chegado anteriormente, e ficasse disponível para que as crianças pudessem se divertir de forma a evitar aglomeração. Terminado o tempo no parquinho as crianças eram levadas ao banheiro para fazer suas necessidades, eram auxiliadas na limpeza das mãos e levadas à sala para o segundo momento de atividades.

Chegado o horário da saída, às crianças ainda utilizavam fraldas eram trocadas e nesse momento era realizada também a troca das máscaras e roupas caso houvesse necessidade. As crianças eram levadas ao portão e entregue aos responsáveis assim que estes chegassem.

Na sala de referência sempre que necessário era feita a leitura dos combinados da sala que foram elaborados pensando na segurança de cada uma nesse momento de distanciamento social. Entre eles estavam: manter distância dos colegas, não abraçar, não compartilhar objetos pessoais e brinquedos, não trocar máscaras, higienizar as mãos sempre que necessário, ouvir as professoras que sempre tomava os cuidados necessários para que esses combinados fossem seguidos. 

As crianças possuíam conhecimento do vírus e do que poderia acontecer caso houvesse contaminação, no entanto esqueciam dos combinados e ficavam muito próximas dos colegas, abraçado, ficando mãos dadas. Em alguns momentos, como o do lanche, desejavam o lanche dos colegas e pediam, mas como professora e estagiária estavam sempre atentas aconselhavam o não compartilhamento do lanche.

Muitos crianças retornaram às aulas presenciais e com a proposta do rodízio de grupos, quando chegava a vez de determinado grupo permanecer em casa e assistir apenas às aulas online, assim acontecia, no entanto algumas crianças permaneceram totalmente online, seja por apresentarem comorbidades ou para a manter a segurança de seus familiares que as possuíssem, sendo assim os responsáveis assumiam o posto de interlocutores de suas crianças no que tange a realização das atividades, assessorando para que estas não viessem a ficar ociosas durante o seu dia, mas realizassem as ações propostas para seu desenvolvimento, no entanto entendemos, como discorrem Monteiro; Pereira (2020, p. 11) que os pais não possuem a formação do pedagogo, profissional formado para compreender o desenvolvimento e as ações da infância.

a presença privilegiada do profissional da Educação Infantil, alguém que estudou e buscou se aprimorar em sua formação para que possa, a cada dia, estar de fato presente nessas dinâmicas infantis, nos dias atuais, não está sendo possível. Como medida de biossegurança, estão distantes, fisicamente, profissionais e crianças. E aqui a recomendação de que os pais possam assumir esse lugar de interlocutor, mas com a clareza de que os pais não são os professores.

Na instituição onde a pesquisa foi realizada, as atividades desenvolvidas em sala, fotografadas e enviadas em um grupo de Whatsapp criado para que os pais pudessem ser mais facilmente informados sobre assuntos relacionados aos alunos, as atividades e outros. Além do uso de aplicativo de mensagens instantâneas, a escola utilizou uma agenda digital para tratar de assuntos formais. A preocupação dos pais e responsáveis com a segurança de suas crianças em meio ao momento vivenciado era uma constate, mas a escola se adaptou a isso buscando alternativas para manter um contato mais próximo com eles, em consonância a isso Crepaldi (2020) evidencia o quanto é preciso conhecer todos os pais, compreender a realidade de vida das pessoas que se relacionam diretamente com seus educandos, para assim melhor planejar e traçar as estratégias de acolhimento, educação e cuidados com as crianças pequenas.

O uso de tecnologias como WhatsApp permitiu estreitar essa relação entre pais, de forma que a colaboração fosse uma constante. A respeito da parceria entre os familiares com a instituição Zuin (2020, p. 26) discorre "a parceria escola e família busca aproximar os sentidos entre professores e familiares para o desenvolvimento saudável das crianças". Sendo assim, através do uso dessas ferramentas os pais ficavam inteirados sobre as atividades que eram realizadas na instituição, como estava organizando o espaço da sala de aula de referência no dia, observavam ainda que seus filhos faziam o uso da máscara e que todas as atividades propostas estavam de acordo com a BNCC para a Educação Infantil desde o planejamento, pois as professoras eram solicitadas à preencher por semana no sistema da instituição o que havia sido desenvolvido com as crianças à luz dos direitos de aprendizagem e campos de experiências.

As aulas remotas da Educação Infantil eram realizadas diariamente, no momento em que as crianças que estavam de forma presencial na instituição eram direcionadas às áreas de recreação externas. As atividades realizadas através de ferramentas de reunião virtual. Esse momento possuía a duração de apenas uma hora, para evitar que se as crianças se dispersassem e ficassem cansadas. A acolhida era semelhante a realizada no presencial, a professora saudava cada criança e cantava músicas de saudação, modificando apenas o bom dia ou boa tarde, de acordo com o turno. As atividades realizadas eram semelhantes as desenvolvidas no formato presencial. 

As atividade e brincadeiras propostas para as crianças da educação não são vazias de sentido, ou realizadas a esmo, mas carregadas de intencionalidade e no formato virtual utilizado na instituição não era diferente. No espaço educativo o professora deve estar atenta as interações, a forma como as crianças gearem às coisas e realizam as ações, no entanto, em um formato virtual, sem a presença física das professoras a mediação no desenvolvimento das atividades tornava-se um dever dos responsáveis, dessa forma todas as crianças que acompanhavam as atividades em casa necessitavam do auxilio de um adulto, para mediar o que era proposto pela professora, no entanto esse não era um privilegio de todas, devido a diversos fatores que impossibilitavam a realização dessa mediação.

Lima (2002) discorre sobre as relações que envolvem a escola e a família afirma que estas nem sempre estão envoltas a cooperação e parceria, tendo, portanto, ligações com diferentes níveis de envolvimento dos pais na vida escolar, destacando três distintos patamares de profundidade e complexidade. Sendo eles:

O primeiro patamar é o de mera recepção de informação;(...) a família limita-se a receber e responder comunicados, telefonemas e bilhetes da escola, podendo acompanhar os filhos também em casa, mas mantendo-se distantes do estabelecimento escolar e visitando-o somente quando solicitados ou em ocasiões de festividades. O segundo nível refere-se a presença da família nos órgãos de gestão da escola, sendo entendidos como “parceiros menores da administração da instituição escolar (...) último patamar, os pais apresentam um envolvimento direto na vida da sala de aula, sendo “encarados como parceiros ativos, participantes na concepção, planificação, execução e avaliação de áreas importantes do currículo” (LIMA, 2002, p. 147-48).

 Portanto, fica evidenciado a importância da relação das famílias com a instituição, sobretudo na pandemia. Todas as dificuldades e vivências do dia a dia das crianças que foram acolhidas na educação infantil remota emergencial ou híbrida/ presencial vivenciando o contexto de distanciamento social, deveriam ter sido consideradas, repensadas e ressignificadas, para a redução considerável de consequências para as crianças que vivenciaram esse período. Foi um momento atípico, no entanto, os direitos das crianças não poderiam ser deixados de lado ou esquecidos, de forma que as instituições juntamente com os responsáveis deveriam propiciar a participação da criança no processo que diz respeito a sua formação, como sujeito, mesmo em momentos excepcionais como o que vivenciamos, e principalmente praticar a sua escuta de para chegar ao conhecimento de seus medos, anseios e sentimentos em meio a pandemia.


IMPACTOS DA PANDEMIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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Estratégias docentes de acolhimento na educação infantil: pensando com ou para as crianças?

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PESQUISA DE CAMPO

Essa pesquisa foi realizada em uma escola privada no qual a pesquisadora estagiou durante março de 2021 a outubro de 2022, localizada no bairro da Alemanha no município de São Luís – MA. A escola possui um estrutura que comporta o espaço para a Educação Infantil, os Anos Inicial (Fundamental 1) e Anos Finais (Fundamental 2).

Além da vivência e observação realizadas durante esse período, realizamos entrevistas com estagiárias que atuaram na educação infantil do referido período. Os resultados das entrevistas serão analisados nesta parte do trabalho, para que possamos compreender como aconteceu o acolhimento das crianças na educação infantil, quais as práticas que foram realizadas para acolher as crianças nesse momento que exigia o distanciamento social para cuidado individual e coletivo devido a pandemia nessa instituição educacional de ensino.

NOTAS METODOLOGICAS DA PESQUISA

Pode-se definir pesquisa como o processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos (GIL, 2008).

Trata-se de um estudo dialético, pois a dialética fornece as bases para uma interpretação dinâmica e totalizante da realidade, já que estabelece que os fatos sociais não podem ser entendidos quando considerados isoladamente, abstraídos de influências políticas, econômicas, culturais (GIL, 2008, p.14). Ademais, todos os referencias teóricos apontados na pesquisa dialogam com o método dialético, compreendendo que, esta pesquisa revela uma direção sobre o acolhimento da criança pequena que dispõe de um aparato tecnológico e familiar para dar suporte à sua permanência na educação infantil, no entanto, devido a desigualdades sociais e econômicas essa é uma realidade que não abrange um número considerável de crianças.

 Do ponto de vista da sua natureza ou finalidade, trata-se de uma pesquisa aplicada, assim como define Gil (2008), esse tipo de pesquisa se prevalece do desenvolvimento pela descoberta do novo. Por meio da pesquisa, conseguimos levantar questionamentos e encontrar autores que estão experienciando uma nova realidade da educação infantil. Pelo viés do acolhimento, traçamos entendimentos sobre o que seria acolher, em especial a criança pequena com o distanciamento social na pandemia, a principal referência teórica trata-se de uma pesquisa realizada e documentada no ebook "Acolhimento na educação infantil em tempos de em tempos da covid-19" com a organizadora Poliana Bruno Zuin e colaboradores sustentando seus estudos em Bakhtin, Vygotsky, Freire entre outros.

       Do ponto de vista de seus objetivos esta pesquisa será exploratória, pois pesquisas desse tipo, têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipótese pesquisáveis para estudos posteriores. (GIL, 2008, p.27).

       O presente estudo trata-se de uma pesquisa do tipo bibliográfica que de acordo com Gil (2008) é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Buscamos as referências para a metodologia do trabalho científico neste autor, que ressalta as etapas da pesquisa bibliográfica da seguinte maneira, Gil (2008, p. 72-77): Formulação do problema; Elaboração do plano de trabalho; Identificação das fontes; Localização da fonte e obtenção do material; Leitura do material; Confecção de fichas; Construção lógica do trabalho; Redação do texto.

Neste processo, o passo seguinte “consiste na identificação das fontes capazes de fornecer as respostas adequadas à solução do problema proposto” Gil (2008, p.73). Contamos com a orientação da professora que indicou alguns referenciais, assim como também, fizemos uma busca ativa na internet.

Nesta etapa, já tínhamos definido as hipóteses da pesquisa, que nos levavam a compreender o acolhimento emocional das crianças na pandemia, a escuta e a participação delas e como as docentes estão conduzindo essas temáticas perante este contexto.

 Neste processo, o passo seguinte “consiste na identificação das fontes capazes de fornecer as respostas adequadas à solução do problema proposto” Gil (2008, p.73). Contamos com a orientação da professora que indicou alguns referenciais, assim como também, fizemos uma busca ativa na internet.

Nesta etapa, já tínhamos definido as hipóteses da pesquisa, que nos levavam a compreender o acolhimento emocional das crianças na pandemia, a escuta e a participação delas e como as docentes estão conduzindo essas temáticas perante este contexto.

A leitura para pesquisa bibliográfica segundo Gil (2008, p. 74), tem alguns objetivos: Identificar as informações e os dados constantes dos materiais; estabelecer relações entre essas informações e dados e o problema proposto; e analisar a consistência das informações e dados apresentados pelos autores.

Compreendendo esses objetivos, iniciamos com a leitura exploratória onde “o que convém é entrar em contato com a obra em sua totalidade, lendo o sumário, o prefácio, a introdução as orelhas (...) Gil (2008, p. 75), com a definição dos temas adentramos para a leitura seletiva “(...) uma leitura mais aprofundada das partes que realmente interessam (...) Gil (2008, p. 75), em seguida a leitura analítica “que tem por finalidade ordenar e sumariar as informações contidas nas fontes, de forma que possibilitem a obtenção de respostas da pesquisa(...) Gil (2008, p. 75), na fase seguinte tempos a leitura interpretativa que pode ocorrer concomitante a analítica, onde se deseja “estabelecer relação entre o conteúdo das fontes pesquisadas e outros conhecimentos (...) Gil (2008, p. 75).

    Em seguida da execução dos fichamentos e com as devidas citações, partiremos para a escrita do trabalho, neste passo é importante considerar, entre essas duas etapas, situa-se a construção lógica do trabalho, que consiste na organização das ideias tendo em vista atender os objetivos ou testar as hipóteses de trabalho para que ele possa entendido como uma unidade dotada de sentido (GIL, 2008, p.77).

ANALISE E INTERPRETÇÃO DOS DADOS COLETADOS

Perante os conceitos de acolhimento que foram apresentados, este englobam as relações estabelecidas com os pais e responsáveis e com as crianças na instituição, a observação dos adultos, o cuidado em diversas situações vivenciadas na rotina, a forma com que se recebe a criança diariamente na instituição e como ocorre a despedida quando é chegado o momento de voltar para casa. Diante disso, questionamos as estagiárias sobre o que estas entendem por acolhimento e nas devolutivas estas exprimiram 

“Afetividade, amor, paz, lugar de segurança.” (Estagiária 1)

“Receber , falar , ouvir , tocar , atender , sentir.”

“É este perto, se fazer presente, é também inclusão.”

Em face do expresso, o acolhimento para as entrevistadas se assemelha de forma demasiada a ações que envolvem o afeto com a criança, ademais engloba inclusão e segurança, pois a instituição de Educação Infantil deve ser esse lugar em onde a criança possa se sentir segura

A criança ao ser acolhida desenvolve um sentimento de pertença de espaço e de experiência educacional, sentindo-se segura e confiante de que está em um ambiente adequado à ela, na presença de pessoas que irão auxiliá-la durante esse processo de integração, sendo rede de apoio e carinho durante todos os momentos do cotidiano escolar. (AGUIAR; AGLIARDI, 2021, p. 7)

Através do cuidado, vínculos são estabelecidos e estes proporcionam a criança, “subsídios para que ela possa se sentir segura, sabendo que têm com quem contar quando for preciso e percebendo que o ambiente escolar é um local onde está integralmente protegida, com pessoas de confiança” (AGUIAR; AGLIARDI, 2021, p. 3). Ser ouvida, ter voz para expressar seus sentimentos e anseios também são práticas essenciais do acolhimento, pois geram nelas o sentimento de confiança para vivenciar e compartilhar experiências como reiteram AGUIAR; AGLIARDI (2021)

a atenção, a escuta e o olhar de cuidado são posicionamentos que influenciam positivamente para que as relações afetivas no ambiente escolar possam ser consolidadas. São elementos que possibilitam que as referências e os vínculos se estabeleçam, despertando nas crianças sentimentos de confiança e segurança de estarem inseridas naquele espaço, compartilhando e dividindo inúmeras experiências. (p. 9)

Em meio ao momento pandêmico vivenciado por todos, com restrições rígidas nos anos de 2020 a 2022, muitas regras de segurança tiveram que ser seguidas para que nós nos mantivéssemos em segurança evitando o contágio da covid-19. É de conhecimento de todos que foi um momento difícil para os adultos e principalmente para as crianças pequenas que por estarem na fase de conhecer as coisas e os objetos através do toque muitas vezes não seguiam as regras de restrições que foram impostas. O corpo da escola, incluindo os servidores da limpeza, a profissionais de segurança, professoras e as estagiárias trabalhavam constantemente, cuidando e rememorando estas sobre as condutas necessárias.

De conhecimento que foi um momento penoso para as crianças também é necessário destacar que foi para as estagiárias. Quando questionadas sobre como como foi realizar o acolhimento na educação infantil em meio a pandemia uma das estagiárias entrevistadas expressou,

“Foi extremamente massante pois eu mesma precisava de acolhimento tinha ataques de pânico, toda vez que sabia que alguém próximo falecia de Covid, fora que ia para escola com muito medo de pegar ônibus, as crianças precisavam muito de toque físico e a gente conseguia acolher com palavras de afirmação, e otimismo, mesmo com medo, mesmo com crises.” 

O preparo para vivenciar a rotina da instituição, pelos profissionais que atuam e fazem parte desta, não começa no momento que se adentram aos portões, mas no planejamento das ações serão propostas, atividades que serão trabalhadas, no deslocamento para a instituição, no acolher bem as crianças que chegam. No entanto, no período pandêmico além desse preparo para vivenciar a rotina acompanhado dele estava o medo do contágio pelo vírus, e como expresso pela estagiária havia muita apreensão durante aquele momento o que a levou a sofrer com sintomas que estão relacionados a transtornos mentais. 

Em meio a preocupação intensa e com a sensação de necessidade de ser acolhida, foi enfatizado trabalhava na realização de práticas de acolhimento através do diálogo, em apoio a esse modo de acolher FERREIRA et al (2021, p. 294) declaram que “o acolhimento é uma relação afetiva positiva que está intimamente ligada à emoções e sentimentos”, sendo assim a comunicação com as crianças através das palavras de afirmação e otimismo em meio a um momento de temor auxiliavam no trabalho de mudança da perspectiva para o enfrentamento desse período de amedrontamento de forma positiva.




Conclusão

Tendo em vista as práticas expressas ao longo do trabalho sendo estas a dos relatos dos pais com relação a medição das crianças, com base na medição destes pais pela professora Poliana e sua equipe, assim como do trabalho para a expressão através da fala sobre os sentimentos pela criança e da vivência da pesquisadora em um escola privada da cidade de São Luís, foi possível perceber as práticas de acolhimento para com as crianças que vêm sendo desenvolvidas em meio a Pandemia de covid-19.

As práticas descritas expressam a preocupação e cuidado das equipes que trabalharam para seu desenvolvimento, seja a Equipe da professora Poliana ou da escola privada. Elas demonstram o cuidado para com as crianças e seu desenvolvimento em meio ao momento que é vivenciado pelo mundo. O diálogo com os pais para o desenvolvimento das atividades, o diálogo com as crianças para o cumprimento dos combinados, a observação e escuta da criança com relação aos sentimentos expressos através de atitudes e da fala demonstra o cuidado para o desenvolvimento de uma prática que deve ser construída com a finalidade de manter próxima a família e principalmente a criança.

Como expressam Monteiro e Pereira (2020, p. 14) , o acolhimento não se improvisa já que é construção do tempo. Por isso, exige empatia, cuidado, dedicação, compreensão e doação ao outro. Compreende-se então que para que essas práticas pudessem ser colocadas em prática foram necessários: planejamento, dedicação, compreensão dos pais com relação ao desenvolvimento dos seus filhos e sentimentos expressos pelas crianças em meio a esse momento de distanciamento.

Sendo assim, tudo o que foi apresentado demonstra o cuidado tido pelas equipes de educação para acolher as crianças apesar da medidas de distanciamento exigidas para seguranças, é um trazer para perto, não literalmente, no entanto simbólico que representa o afeto necessário para tratar com as crianças pequenas, é um não se deixar manter do ócio ou deixar dispersar, mas dialogar, praticar a escuta das crianças concernente aos sentimentos por elas expressos e demonstrados, a partilha de conhecimentos e materiais para desenvolvimento de atividades, tais práticas denotam a construção do acolhimento direcionados às crianças pequenas, na Educação Infantil, em meio a Pandemia de covid-19 que estamos enfrentando.

Outras respostas para o questionamento feito, foi definindo o acolhimento nesse período como ‘desafiador’, no entanto além da conversa como dito anteriormente, uma das estagiárias disse que foi um momento em que foi possível estabelecer outras formas de acolhimento, “Durante a pandemia foi possível estabelecer várias outras formas de acolhimento, através de conversas, brincadeiras e dinâmicas que favoreceram esse momento” Estagiaria 2), o que nos leva a compreender que as formas de brincar e realizar atividades lúdicas com os pequenos teve que ser adaptada para esse período de afastamento social, em consonância a isso SALINAS; BIAZIN; SERAFIM (2023, p. 870) alegam que os desafios postos por esse momento de pandemia, de isolamento social exigem que as ações educativas estejam pautados nos direitos da criança e que assim considerar o acolhimento como um princípio que em sua essência a afetividade o respeito e a humanidade é um avanço importante não apenas de uma pedagogia para escola, mas para a vida. Tendo conhecimento disso, afirmamos que adaptar as brincadeiras e dinâmicas para as crianças respeitando as orientações de distanciamento social é uma forma de luta pelos direitos das crianças, demonstra que nós como profissionais conseguimos enfrentar os desafios que foram impostas por esse momento.

Conclusão é o espaço onde você deve apresentar os resultados e aprendizados do seu trabalho Quer dicas para escrever uma boa conclusão e fechar seu trabalho com chave de ouro?

  • Tempo verbal: a conclusão deve ser escrita no passado, com exceção do último parágrafo que responde à pergunta de pesquisa que pode ser no presente.
  • Estrutura: Contextualização inicial para apresentar o problema e ressaltar a importância do trabalho, pequeno parágrafo para conclusão de cada título, parágrafo sobre metodologia, um parágrafo que responde ao problema de pesquisa e para impressionar a banca você pode incluir um último parágrafo (que é opcional) com sugestões para a continuidade ou aprofundamento da pesquisa.
  • Quando escrever: o quanto antes melhor, você pode ir separando ideias e argumentos na medida em que forem aparecendo, principalmente novos conceitos e conexões. Isso vai ajudar a lembrar dos principais pontos do trabalho para construir uma conclusão completa.
  • Se você deixou a conclusão por último, faça uma leitura dinâmica desde o primeiro título do trabalho e selecione alguns conceitos e conexões, isso vai ajudar a refrescar sua memória.

Boa sorte e sucesso na entrega!


Referências

Brasil Ministério da Educação. Parâmetros nacionais de qualidade para a educação infantil . Brasília. DF , v. 2 , 2006 .

Lira Aliandra Cristina Mesomo ; Drewinski Jane Maria de Abreu A obrigatoriedade de matrícula para a Educação Infantil: possíveis retrocessos Educ@ . Disponível em: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-60592020000100502 . Acesso em: 12 fev. 2025 .

monteiro Sandrelena da Silva ; Pereira Raquel Rinco Dutra Desafios e possibilidades em tempos de pandemia: pensando o acolhimento no contexto da educação infantil Revista de Ciências Humanas . 2020 17 p . Disponível em: https://periodicos.ufv.br/RCH/article/view/10997 . Acesso em: 13 fev. 2025 .

Piorini Carolina Salinas ; Biazan Cintia Cristina Escudeiro ; Serafim Tania Maria O acolhimento como principio orientador das práticas na educação infantil PUC Goiás . Disponível em: https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/fragmentos/article/download/13823/6738/50261 . Acesso em: 19 jan. 2025 .

Ribeiro Fabiana Martins ; Pastorio Camila Taís Walbrinch ; Machado Alice Regina Narrativas sobre o acolhimento na educação infantil Uma reflexão Saberes Em Foco . 2020 . Disponível em: https://periodicos.novohamburgo.rs.gov.br/index.php/saberes-em-foco/article/view/69 . Acesso em: 12 fev. 2025 .

Tavares Maria Tereza ; Pessanha Fabiana Nery de Lima ; Macedo Nayara Alves Impactos da pandemia de Covid-19 na educação infantil em São Gonçalo/RJ diferença entre citação curta e citação longa nas normas da ABNT Blog Mettzer . Florianópolis , 2021 24 p . Disponível em: https://blog.mettzer.com/citacao-direta-curta-longa/ . Acesso em: 10 mai. 2021 .

UNICEF Como falar com suas crianças sobre o novo coronavírus (Covid-19) . 2020 . Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/como-falar-com-criancas-sobre-coronavirus . Acesso em: 12 mai. 2020 .

APÊNDICE A — Roteiro de Entrevista com Estagiárias

1 Em sua formação inicial ou continuada você aprendeu algo sobre o acolhimento na educação infantil?

2 O que você entende por acolhimento?

3 Em quais práticas o acolhimento está presente na educação infantil?

4 Para você, como foi realizar o acolhimento na Educação Infantil em meio a pandemia?

5 Na sua percepção quais consequências o distanciamento social trouxe para as crianças pequenas que vivenciaram esse momento?





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