
Centro de Profissionalização e Educação Técnica
CURSO TECNICO EM AGRONEGÓCIOS : Cultura do Tabaco
ODIRLEI PERIN CEOLIN
Orientador: Adriana Morais
Coorientador: Marcia Cristiane Oliveira
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo descrever as práticas culturais envolvidas no cultivo do tabaco, abrangendo todas as etapas, desde o preparo do solo e semeadura até a colheita e comercialização. A pesquisa se concentra na variedade de tabaco Virginia, amplamente produzida no sul do Brasil devido à sua importância econômica e alta demanda de mercado. Ao analisar essas práticas agrícolas, o trabalho destaca técnicas de preparo do solo, manejo de mudas, controle de pragas e métodos de colheita, enfatizando seu papel na garantia da qualidade e sustentabilidade do produto. Além disso, o trabalho considera o impacto socioeconômico da produção de tabaco nas comunidades rurais, abordando sua contribuição para a renda familiar e as economias locais.
Palavras-chave: Preparo do solo; tabaco; colheita.
Abstract
The present work aims to describe the cultural practices involved in tobacco cultivation, covering all stages, from soil preparation and sowing to harvesting and marketing. The research focuses on the Virginia tobacco variety, which is widely produced in southern Brazil due to its economic importance and high market demand. By analyzing these agricultural practices, the work highlights soil preparation techniques, seedling management, pest control, and harvesting methods, emphasizing their role in ensuring the quality and sustainability of the product. In addition, the work considers the socioeconomic impact of tobacco production on rural communities, addressing its contribution to household income and local economies
Keywords: Soil preparation; tobacco; harvesting.
Introdução
A cultura do tabaco destaca-se na agricultura do sul do país, como em vários outros países, pela importância socioeconômica. O complexo agroindustrial de tabaco na região sul movimenta mais de 22 bilhões de reais por ano, representando uma parcela significativa da economia nacional. Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor de fumo no mundo, atrás apenas da China, e o maior exportador global do produto desde 1997, com um volume de exportação que ultrapassa 500 mil toneladas na safra 2023/2024, segundo o IBGE.
Neste cenário, a produção do tabaco Virginia destaca-se como uma das mais relevantes, tanto pelo volume quanto pelas exigências técnicas e de manejo sustentável. Este trabalho aborda as práticas de manejo e produção adotadas na propriedade localizada na cidade de Grão Para, em Santa Catarina, que há mais de duas décadas se dedica à produção de tabaco. O estudo visa não apenas documentar essas práticas, mas também identificar oportunidades de melhorias que possam contribuir para o fortalecimento da cadeia produtiva e para sua adaptação aos desafios ambientais e econômicos social e cultural.
Desenvolvimento
Para implantarmos a cultura do tabaco na propriedade, começamos desde o preparo do solo que e realizados nos meses de marco e abril. Tendo uma análise de solo em mãos e calculado se há necessidade de fazer a calagem ou não, com ela também calculamos quantos quilos de adubação de base e aplicado por hectare, após isso e realizado o revolvimento do solo com um subsolador e posteriormente a confecção do camalhão que e importante para controle de umidade e um bom desenvolvimento das raízes da planta.

Após o preparo do solo, nos meses de abril e maio, é realizada a prática de semeio das sementes em bandejas, que ficam aproximadamente 60 dias em canteiros denominados “floats”.Esse sistema de produção de mudas facilita o manejo e proporciona um ambiente controlado para o desenvolvimento inicial das plantas. Durante esse período, foram realizadas três podas das folhas, com o objetivo de garantir que as mudas crescessem de forma mais uniforme, resultando em um padrão adequado para o transplante. Além da poda, outros cuidados foram essenciais durante essa fase, como a manutenção da umidade adequada, o controle da temperatura e a nutrição equilibrada das plantas. A qualidade da água utilizada nos floats também é um fator determinante para o sucesso da produção de mudas, uma vez que impurezas ou desequilíbrios nutricionais podem comprometer o desenvolvimento inicial das plantas. Foi feito monitoramento constante e a adoção de boas práticas agrícolas contribuíram para a obtenção de mudas vigorosas, que terão maior resistência no campo e melhor adaptação ao solo após o transplante.
A figura abaixo ilustra o sistema de produção das mudas em floats e a realização das podas ao longo do período de crescimento.

Após esse período e já com o preparo do solo feito e transplantado as mudas para a lavoura com espaçamentos de 1,30x0,50 centímetros sendo cerca de 15.400 plantas por hectare. Além disso, a escolha das mudas e o planejamento do plantio são fundamentais para garantir uma lavoura produtiva e de alta qualidade minimizando falhas no estande e favorecendo o desenvolvimento uniforme das plantas.

Durante o ciclo da cultura, são aplicados diversos tratos culturais para assegurar um crescimento saudável e proteger a lavoura contra pragas e doenças. Dentre essas práticas, destacam-se a aplicação de fungicidas e inseticidas, visando o controle preventivo e curativo de agentes patogênicos que podem comprometer a produtividade. Além disso, são realizadas capinas manuais e mecânicas para o controle de plantas daninhas, evitando a competição por nutrientes, luz e água.
A adubação de cobertura, feita em momentos estratégicos do ciclo da cultura, é essencial para suprir as necessidades nutricionais das plantas, garantindo um crescimento vigoroso e favorecendo a qualidade final das folhas. O revolvimento do solo entre as linhas de plantio também é uma prática importante, pois melhora a aeração, reduz a compactação e favorece a absorção de água e nutrientes.

Após cerca de 60 e 70 dias inicia-se o desponte das plantas já adultas, essa praticas consiste em tirar o broto apical das plantas fazendo com que ela direcione todos os nutrientes para as folhas. Essa pratica e realizada apenas uma vez e logo após o seu desponte e aplicado um hormônio regulador de crescimento nas plantas para controlar o crescimento de novos brotos. Essa pratica contribui para um melhor controle fisiológico da planta e otimiza o processo de colheita, reduzindo a necessidade de manejos adicionais.
Além disso, é foi realizado um monitoramento frequente da lavoura após o desponte, avaliando o desenvolvimento das folhas e verificando a necessidade de novas aplicações de produtos fitossanitários para evitar danos causados por pragas e doenças. Essas práticas permite que a colheita ocorra no momento ideal, assegurando maior valor comercial ao produto final, conforme a foto a abaixo do desponte e monitoramento.

Após essa prática, inicia-se a colheita das folhas, que é realizada de forma escalonada. Esse processo consiste em retirar as folhas das plantas à medida que atingem o ponto ideal de maturação, o que ocorre de forma progressiva, de baixo para cima. A colheita dura, em média, 90 dias, pois a planta amadurece suas folhas gradativamente, exigindo um acompanhamento constante para garantir que sejam colhidas no momento adequado.
A colheita escalonada é fundamental para manter a qualidade do produto, pois folhas colhidas no estágio correto apresentam melhores características físicas e químicas, como teor adequado de nicotina e açúcares. Para otimizar o processo, a colheita deve ser realizada preferencialmente nas primeiras horas da manhã ou no final da tarde, quando a temperatura é mais amena e as folhas estão menos suscetíveis a danos mecânicos.

As folhas colhidas são levadas para unidades de cura, onde ocorre o processo de secagem. Essas unidades são construções de alvenaria e/ou metálicas, equipadas com estaleiros onde as folhas são cuidadosamente depositadas, garantindo a ventilação adequada entre elas. Além disso, essas estruturas possuem uma fornalha, na qual o fogo é mantido sob controle para assegurar uma temperatura e umidade ideais durante o processo de cura.

A cura das folhas é um dos estágios mais críticos na produção do tabaco, pois influencia diretamente a qualidade final do produto. O processo dura, em média, sete dias, período no qual as folhas perdem a umidade gradualmente, passando por diferentes estágios de coloração até atingirem o tom e a textura desejados. O controle da temperatura e da umidade deve ser rigoroso para evitar que as folhas fiquem excessivamente secas ou úmidas, o que poderia comprometer suas características físicas e químicas.
Após a secagem, as folhas são retiradas dos estaleiros e passam por uma fase de estabilização da umidade antes de serem classificadas e armazenadas. A classificação é feita com base em critérios como cor, textura e integridade das folhas, garantindo um produto padronizado e de maior valor comercial.
A eficiência da cura e o correto armazenamento do tabaco são fatores determinantes para a valorização da produção e a rentabilidade do produtor, tornando essa etapa essencial dentro do sistema produtivo.

Após a secagem, as folhas são armazenadas em paióis, onde permanecem até o momento da comercialização. Os paióis são estruturas construídas para garantir condições adequadas de armazenamento, protegendo as folhas contra variações excessivas de umidade, pragas e outros fatores que possam comprometer sua qualidade.
Antes da comercialização, as folhas são classificadas de acordo com critérios como cor, textura. Essa classificação é essencial para determinar o valor de mercado do produto, uma vez que tabacos de melhor qualidade são mais valorizados pelas empresas compradoras. O processo de classificação foi realizado pelo produtor na propriedade. O armazenamento e comercialização das folhas são etapas fundamentais para garantir a rentabilidade do cultivo, permitindo que o produtor obtenha um retorno adequado sobre seu investimento e continue aprimorando as técnicas de produção.

Durante todo o acompanhamento da cultura, que teve duração aproximada de sete meses, que o tabaco se mostrou uma cultura altamente rentável, especialmente para pequenas propriedades e para a agricultura familiar. Seu ciclo relativamente curto e a alta demanda pelo produto tornam essa atividade uma alternativa viável para produtores que buscam diversificar sua produção e obter uma fonte de renda estável
Na propriedade em questão, foram plantadas 110 mil plantas de tabaco, seguindo um manejo cuidadoso desde o preparo do solo até a colheita e cura das folhas. Após o processo de secagem nas estufas, a produção total foi de 22 toneladas de tabaco curado, o que demonstra um bom rendimento para a área cultivada.
A comercialização do tabaco foi realizada a um preço médio de R$ 22,00 por quilo, o que resultou em uma receita bruta significativa para a propriedade. Esse valor pode variar de acordo com a qualidade do produto, as exigências do mercado comprador e as condições de negociação com as empresas do setor cigarreiro. A cultura do tabaco na propriedade demonstrou seu potencial produtivo e econômico, reforçando sua importância no contexto da agricultura familiar e no desenvolvimento rural na região sul do Brasil.
Conclusão
Na região Sul do Brasil a cultura do tabaco apresenta-se como uma boa alternativa para os pequenos produtores trazendo uma boa rentabilidade por hectare em comparação as outras culturas anuais.
A comercialização do produto final e feita diretamente para empresas do setor que desde o inicio da cultura disponibilizam assistência técnica trazendo grande vantagem para o produtor.
Essa cultura sofre a cada ano pela falta de mao de obra para os tratos culturais forcando o produtor a cada vez usar maquinários e tecnologia mais apuradas para que consiga continuar produzindo com qualidade e sustentabilidade ano após ano.
APRESENTAÇÃO DA EMPRESA
A empresa/propriedade rural foi adquirida nos anos 90, e desde sua aquisição, o cultivo do tabaco é realizado, conta com cerca de 10 hectares, está localizada no interior da cidade de Grão Pará, região Sul de Santa Catarina, e toda a produção de tabaco é feita de forma sustentável, com produção de lenha própria, de reflorestamento.
A propriedade também cultiva milho pós tabaco, e criação de gado em pequena escala. Conta com uma boa estrutura, com galpões de armazenamento, unidades de cura, e galpão para o gado, possui maquinário relativamente moderno, sendo autossuficiente em tudo que cria e produz.
Referências
Associação dos fumicultores do brasil . Cultura do Tabaco : Dados de Produção do Tabaco . Afubra . Santa Cruz do Sul , 2024 . Disponível em: www.afubra.com.br . Acesso em: 10 dez. 2024 .
Sinditabaco . Os maiores produtores de tabaco do Brasil : A produção de tabaco da safra 2023/2024 . SINDITABACO . Santa crus do Sul , 2024 . 1 p . Disponível em: www.sinditabaco.com.br . Acesso em: 9 dez. 2024 .
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