UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS
ADEQUAÇÃO DA ÁREA DO LIXÃO DESATIVADO NO MUNICÍPIO DE ALPINÓPOLIS – MG
Resumo
Este é o resumo do seu projeto. Ele é um elemento obrigatório pelas normas da ABNT e o tamanho recomendado é de 150 a 500 palavras. Nele você deve apresentar de forma sintética os pontos principais do trabalho. Utilize a terceira pessoa do singular, na voz ativa. Procure utilizar frases claras, afirmativas e evite enumeração de tópicos. Ressalte o objetivo, o método, os resultados e as conclusões obtidas no estudo. A primeira frase deve destacar o tema principal do trabalho. Abaixo do resumo você encontra as palavras chave, que serão utilizadas para a catalogação dos trabalhos na biblioteca. Utilize de 3 a 5 palavras separadas por ponto.
Palavras-chave: Mettzer; formatação; trabalho acadêmico.
Passos, 2025
1 INTRODUÇÃO
A geração e gestão de resíduos sólidos têm sido um desafio constante desde os primórdios da civilização (SILVEIRA; BERTÉ; PELANDA, 2018). Ao longo das décadas, uma abordagem específica para lidar com esses resíduos, especialmente nas áreas urbanas, foi desenvolvida em uma série de problemas importantes para as comunidades e o meio ambiente.
Os impactos negativos da gestão ineficiente dos resíduos urbanos são variados e abrangem diversas esferas. Ambientalmente, a poluição do solo, do ar e da água se destaca como uma das principais consequências da disposição descuidada de resíduos. Além disso, a ocorrência de enchentes e a destruição dos ecossistemas são riscos constantes nesse cenário.
No aspecto econômico, a má gestão dos resíduos sólidos provoca prejuízos consideráveis, como a depreciação de imóveis e a perda de terras produtivas, afetando diretamente a economia local e regional. No que diz respeito à saúde pública, os impactos são igualmente alarmantes. A supervisão de vetores transmissores de doenças é uma realidade em muitas áreas afetadas pela disposição restrita de resíduos, o que aumenta o risco de desastres naturais, como vulnerabilidades de terra, colocando em perigo a vida e a segurança das populações locais (KHAN; KUMAR; SAMADDER , 2016).
Nesse contexto, a demanda por políticas públicas adequadas e por uma gestão adequada dos resíduos sólidos torna-se cada vez mais urgente (SHARMA JAIN, 2020). Este problema não se restringe a uma região específica; trata-se de uma questão global que exige uma resposta coordenada e eficiente por parte de governos e instituições internacionais.
Entretanto, a implementação de práticas sustentáveis na gestão de resíduos não é uma tarefa simples. Muitos municípios, especialmente os de menor porte, enfrentam desafios significativos devido aos altos custos associados à adoção de tecnologias ambientalmente sustentáveis. Isso tem contribuído para a persistência da disposição contida de resíduos em vazadouros a céu aberto, agravando ainda mais o problema (SILVA et al., 2020).
Nos últimos anos, no entanto, tem-se observado um aumento na conscientização sobre os impactos ambientais decorrentes da má gestão dos resíduos sólidos. Iniciativas como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e o novo marco do saneamento básico no Brasil estabelecem metas ambiciosas para a eliminação dos lixões e para a implementação de práticas sustentáveis na gestão de resíduos até 2023 e 2024 (BRASIL, 2010; 2020).
Contudo, substituir os lixões por aterros sanitários e estações de tratamento de resíduos não representa uma solução completa. O descarte inadequado ao longo dos anos continua a representar riscos significativos para os ecossistemas locais e para a qualidade de vida das populações afetadas (KUMAR et al., 2017).
Diante desse cenário desafiador, torna-se fundamental implementar estudos e projetos voltados à recuperação de áreas degradadas. A falta de avaliação adequada dos impactos ambientais tem dificultado essas iniciativas, resultando em problemas adicionais como contaminação das áreas adjacentes e das águas subterrâneas, desequilíbrio da fauna e flora e alterações no microclima (MILARÉ, 2013).
Portanto, é necessário realizar estudos e diagnósticos detalhados das áreas afetadas pela disposição de resíduos sólidos para implementar medidas eficazes de mitigação e recuperação. Essa abordagem é particularmente relevante em casos como a área em questão, que sofreu quase duas décadas de deposição irregular de lixo sem as medidas adequadas.
O presente trabalho tem como objetivo avaliar e propor medidas de adequação ambiental e requalificação sustentável da área do lixão desativado no município de Alpinópolis. Busca-se promover melhorias significativas nas condições sociais e ambientais da comunidade, garantindo práticas de recuperação eficazes, sustentáveis e alinhadas às necessidades locais.
- OBJETIVOS
2.1 OBJETIVOS GERAIS
Este estudo tem como objetivo geral propor soluções sustentáveis para a adequação e requalificação da área do lixão desativado em Alpinópolis, visando melhorar as condições sociais e ambientais locais.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Realizar a caracterização atual da área do lixão desativado do município de Alpinópolis, MG.
- Iniciar a caracterização físico-química do solo presente na área.
- Propor estratégias sustentáveis para a adequação da área de estudo.
- Propor ações de requalificação da área
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, estabelecida pela Lei nº 12.305/2010, define resíduos sólidos como todo material, substância, objeto ou bem descartado como resultado das atividades humanas em sociedade (GIAROLA; OLIVEIRA, 2012). Esta definição abrange uma ampla gama de resíduos gerados em diferentes contextos, refletindo a complexidade da gestão de resíduos nas áreas urbanas e rurais.
A classificação dos resíduos sólidos pode ser realizada com base em seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública. De acordo com a norma NBR/ABNT 10.004 (2004), os resíduos são categorizados em diversas classes, conforme ilustrado no quadro 1 logo a baixo:
QUADRO 1
— CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
O autor (2025)
Os resíduos sólidos podem ser categorizados de acordo com sua natureza ou origem, conforme estabelecido no Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (2001). Essa classificação é fundamental para o gerenciamento adequado dos resíduos, considerando os locais onde são gerados. A seguir, são apresentadas as principais categorias de resíduos sólidos:
Resíduo Doméstico ou Residencial : Consulte os resíduos gerados nas atividades diárias em residências, como casas, apartamentos e condomínios. Esses resíduos incluem restos de alimentos, embalagens e outros materiais de consumo cotidiano (IBAM, 2001).
Resíduo Comercial : Proveniente de estabelecimentos comerciais, como lojas, lanchonetes, restaurantes e escritórios. Os componentes mais comuns desse tipo de exclusão incluem papéis, papéis, plásticos, restos de alimentos e embalagens diversas (LIMA, 2004).
Resíduo Público : Originado dos serviços de limpeza pública urbana, esse tipo abrange todos os resíduos coletados durante a varrição das vias públicas, limpeza de praias e galerias, além de restos de podas de árvores (DONHA, 2002).
Resíduo Domiciliar Especial : Esta categoria compreende resíduos que exigem cuidados especiais devido à sua natureza. Inclui materiais como resíduos de construção civil, pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes e pneus (IBAM, 2001).
Além dos já citados uma categoria que demanda atenção particular é a dos resíduos de fontes especiais. Estes, devido às suas características peculiares, requerem cuidados especiais em diversas etapas do seu ciclo de vida, incluindo manuseio, acondicionamento, estocagem, transporte e disposição final, conforme definido pelo IBAM (2001). O quadro a seguir apresenta exemplos desses resíduos.
Araújo, 2015
Os materiais resultantes de atividades que envolvam radionuclídeos e que não sejam adequados para reutilização são classificados como rejeitos radioativos, estando sujeitos a rigorosas exigências da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Segundo a definição da CNEN, um rejeito radioativo é qualquer material que contenha radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de autorização especificados na norma CNEN-NE-6.02 e cuja reutilização seja imprópria ou não prevista. Portanto, todos os materiais contaminados com radionuclídeos devem ser geridos com a máxima cautela para garantir a segurança ambiental e a saúde pública.
De acordo com informações do Ministério do Meio Ambiente, diversos resíduos industriais e alguns resíduos domésticos, como restos de tintas, solventes, aerossóis, produtos de limpeza, lâmpadas fluorescentes, medicamentos vencidos e pilhas, contêm quantidades consideráveis de substâncias químicas prejudiciais ao meio ambiente. Esses produtos geralmente incluem metais pesados, como mercúrio, chumbo, cádmio e níquel, que têm capacidade de se acumular em tecidos vivos, atingindo níveis prejudiciais à saúde humana e ambiental.
Os efeitos da exposição prolongada a essas substâncias no organismo humano ainda não estão completamente compreendidas. No entanto, estudos realizados em animais demonstram que os metais pesados podem causar sérios danos à saúde, incluindo o desenvolvimento de câncer, comprometimento do sistema nervoso e imunológico, além de distúrbios genéticos (MMA, 2005). Essa realidade ressalta a importância de uma gestão adequada tanto dos resíduos radioativos quanto dos resíduos químicos.
Em suma, quando descartados de maneira inapropriada, os resíduos sólidos podem resultar em poluição da água, do ar e do solo. Além disso, criar condições desenvolvidas à proliferação de vetores micro e macroscópicos que transmitem doenças com consequências desastrosas para o meio ambiente e para a qualidade de vida da população (JACOBI; BESEN, 2011). A gestão ineficaz desses resíduos não compromete apenas a saúde pública, mas também afeta ecossistemas inteiros.
3.2 Impactos Ambientais
De acordo com a legislação brasileira, a poluição ambiental é definida pela Lei número 6.938, de 1981, que estabelece que poluição é
“à degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos” ( Brasil -1981).
A normativa nacional é clara quanto a criminalização da poluição ambiental, nesse âmbito podemos citar a Lei no 9.605/98, em seu art. 54, que reconhece como crime ambiental qualquer ato que cause poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à qualidade de vida humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora (BRASIL, 1988).
Diante desse cenário a existência de lixões mesmo que desativados configura-se em impacto ambiental, visto que causa danos muitas vezes irreparáveis ao meio ambiente, como a destruição à fauna e à flora, a poluição do solo, potencial risco à saúde, a segurança e o bem-estar da população bem como a alteração das condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente e o lançamento de matérias e contaminantes em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos, entre outros.
Conforme COSTA et al, 2016, embora desativados, os impactos de lixões se manifestam na deterioração do meio ambiente e na qualidade de vida da população local.
Batista e colaboradores (2010) também alertam para a constatação de que os lixões provocam impactos nas esferas ambiental, sanitária, econômica e social. No aspecto ambiental, tais locais geram efeitos como a degradação da paisagem natural, a contaminação das águas superficiais e subterrâneas, a poluição do solo e a sua deterioração da devido à redução do processo de infiltração e danos à microbiota, a pressão sobre os micro habitats da fauna terrestre devido à atração de espécies exóticas, além da supressão da vegetação local.
O acúmulo de resíduos não apenas tem implicações ambientais, mas também afeta diretamente a saúde pública. O aumento progressivo na atração e proliferação de vetores de doenças e microrganismos patogênicos, decorrente do acúmulo de resíduos, tem sido associado à disseminação de moléstias que impactam negativamente a qualidade de vida da comunidade em questão. Além disso, o chorume, descrito por Korf et al. (2008) como um líquido escuro e fétido com alto potencial poluente, resultante da decomposição da matéria orgânica presente nos resíduos, agrava tanto a contaminação do solo quanto da água, intensificando os problemas de saúde e ambientais associados à gestão inadequada de resíduos.
D’ALMEIDA, 2000 salienta que em áreas de lixões o lixiviado pode ser considerado o grande vilão, causando grande poluição ambiental, visto que este é gerado a partir da decomposição da matéria orgânica presente nos resíduos sólidos, juntamente com os líquidos infiltrados ali presentes Pode-se salientar ainda que são diversas as fontes de água que contribuem para a formação e aumento da quantidade de líquido percolado, incluindo a água das nascentes, a umidade presente nos resíduos ou líquidos depositados na área de descarte, a umidade local e a umidade proveniente da decomposição dos resíduos orgânicos. Entre essas fontes, a infiltração causada pelas chuvas é considerada a principal precursora na formação do lixiviado (SISINNO, 2000).
SISINNO; MOREIRA, 1996 atenta ainda que por meio do escoamento superficial e da lixiviação, o líquido percolado alcança as águas superficiais e subterrâneas, comprometendo a qualidade desses recursos e sua viabilidade para uso.
A produção de líquido percolado pode estender-se por mais de uma década como cita RODRIGUES e GRAVINATTO, (1997) em sua obra utilizando como exemplo um aterro na cidade de São Paulo, que, após mais de quinze anos de operação, continuava a acumular diariamente aproximadamente quinhentos mil litros de líquido percolado na data da publicação de seus trabalhos.
3.3 LIXÃO E SOCIEDADE
A presença de depósitos de resíduos sólidos sem controle afeta diretamente a qualidade de vida da comunidade local, causando sérios danos ao meio ambiente e à saúde pública através da proliferação de doenças, assim como a produção de chorume, resíduo líquido formado a partir da decomposição de matéria orgânica a qual apresenta potencial para contamina a água e, consequentemente, alteração da saúde de organismos vivos. (OLIVEIRA et al, 2022).
Além disso, os depósitos de resíduos têm implicações econômicas para a sociedade, uma vez que materiais que poderiam ser reintegrados em diversas cadeias produtivas são descartados de forma irregular, resultando em custos adicionais de produção e obtenção de matéria-prima.
Um dos impactos mais significativos, que afeta toda a estrutura socioeconômica, é o impacto na economia. Conforme destacado por Mavropoulos e Newman (2015), em estudos conduzidos pela International Solid Waste Association – ISWA, o Brasil despende cerca de R$ 1,5 bilhão anualmente para lidar com problemas associados aos depósitos de resíduos. Esses custos incluem programas de saúde para combater doenças decorrentes dos depósitos de resíduos, bem como despesas relacionadas à perda de dias de trabalho devido a afastamentos médicos e aos custos psicossociais enfrentados pelos moradores das áreas afetadas.
Os estudos destacam ainda que o governo brasileiro gastou cerca de US$ 500 por pessoa, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) em 2020, para o tratamento médico dos afetados pela falta de saneamento básico, na qual se inclui os resíduos sólidos. Essa despesa totalizou quase US$ 370 milhões em 2021. Com base nessa estimativa, no final de 2024, esse montante aumentará para aproximadamente US$ 1,85 bilhão.
3.4 GERAÇÃO E DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL
De acordo com estudos do Banco Mundial e do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), o Brasil ocupa a quarta posição global em produção de lixo, superado apenas pelos Estados Unidos, China e Índia, com uma produção anual de aproximadamente 11,3 milhões de toneladas de resíduos plásticos. Entre os anos de 2018 e 2019, a quantidade de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) aumentou em quase 1%, atingindo 216.629 toneladas diárias, enquanto a geração per capita cresceu em 0,39% no mesmo período, totalizando pouco mais de 1 quilo de resíduo por dia por habitante (ABRELPE, 2019).
Em contrapartida a taxa de reciclagem é alarmantemente baixa, cerca de 1,28%, o que pode levar a uma produção de 100 milhões de toneladas de lixo ao ano até 2030.
Essa problemática é exacerbada pela insuficiência de uma infraestrutura adequada para o tratamento, reciclagem e destinação final dos resíduos sólidos, (Agência Brasil, 2019). Como consequência direta, os lixões a céu aberto persistem, representando uma séria ameaça ao meio ambiente e à saúde pública. De acordo com dados do último Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos (SNIS, 2020), mais de mil municípios brasileiros, dos 3.712 participantes da coleta em 2020, não forneciam serviço de coleta para toda a população, enquanto somente 484 cidades ofereciam o serviço tanto em áreas urbanas quanto rurais (ABRELPE, 2020).
Essa lacuna na cobertura da coleta e a disposição irregular dos resíduos sólidos são particularmente preocupantes nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. A situação é alarmante, especialmente considerando que o país ainda enfrenta dificuldades em eliminar os lixões, desafiando seus compromissos no Acordo de Paris e comprometendo os esforços para limitar o aumento da temperatura global (CARDOSO, 2023; GOLVEIA, 2021).
De acordo com o estudo conduzido por Silveira et al. (2021) nos ultimos anos ocorreu uma acentuada variação na produção de resíduos nacionais, durante a pandemia de COVID-19, representando um aumento significativo na geração de resíduos sólidos urbanos, fato associado a uma variedade de fatores, como o aumento do consumo de produtos descartáveis, a maior produção de resíduos de saúde e o crescimento das compras online, resultando em mais embalagens e materiais descartáveis.
Apesar do fim da pandemia, e a retomada das atividades aos padrões anteriores terem “normalizado” a produção de detritos, tal aumento da carga nos sistemas de gestão de resíduos urbanos destacou a necessidade de adaptações e inovações nas estratégias de coleta, transporte, tratamento e disposição final desses materiais, visando garantir a eficiência e a segurança (ABRELPE, 2022).
Os últimos anos também foram marcados por desenvolvimentos importantes no setor de gestão de resíduos sólidos no Brasil em termos regulatórios. Tendo início com a publicação do Decreto nº 10.936/2022, que trouxe uma nova regulamentação para a Lei 12.305/2010, conhecida como Política Nacional de Resíduos Sólidos. Além disso, o Decreto nº 11.043/2022 instituiu o Planares - Plano Nacional de Resíduos Sólidos, o principal instrumento previsto na Lei, que define as estratégias, diretrizes e metas para o setor ao longo de um período de 20 anos.
Ambos os instrumentos reafirmam os princípios e definições da PNRS, que estão em vigor há mais de uma década, e trazem maior clareza e objetividade em sua aplicação.
Paralelamente o descarte de resíduos ainda representa um sério problema, visto que de acordo com a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2023, 31,9% dos municípios brasileiros ainda utilizam lixões como forma de disposição final dos resíduos sólidos. Essa prática é amplamente considerada inadequada e prejudicial ao meio ambiente, pois os lixões não possuem controle sobre a decomposição dos resíduos, o que pode gerar contaminação do solo e das águas subterrâneas, além de emissões de gases nocivos à saúde pública (MARTINS et al., 2020). No entanto, apenas 28,6% dos municípios fazem uso de aterros sanitários, que são considerados uma solução mais adequada para a destinação final de resíduos, pois oferecem um sistema controlado que minimiza os impactos ambientais (SILVA; OLIVEIRA, 2021). Além disso, 18,7% dos municípios utilizam aterros controlados, que embora sejam uma melhoria em relação aos lixões, ainda apresentam limitações em comparação aos aterros sanitários licenciados, os quais apresentam técnicas menos nocivas.
3.5 IMPACTO DOS LIXÕES NA CONTAMINAÇÃO DOS SOLOS
Conforme a CETESB (2013), a introdução de quaisquer substâncias ou resíduos depositados, acumulados, estocados, sepultados ou infiltrados de maneira planejada, acidental ou mesmo natural, em uma área, pode causar a poluição ou contaminação da mesma. Os poluentes ou contaminantes encontram-se em diferentes compartimentos do ambiente, como: solo, sedimentos, nas rochas, nos materiais utilizados para aterrar os terrenos, nas águas subterrâneas, ou seja, em zonas saturadas ou não saturadas do solo.
Infelizmente o conceito da proteção do solo só foi considerado após a ocorrência de problemas ambientais de outros países, resultantes da poluição de corpos hídricos e atmosféricos. Sendo o último tema a ser tratado pelas políticas ambientais, a partir da década de 70 foi dada mais atenção à proteção de solos, principalmente aqueles que recebiam resíduos de várias espécies (CETESB, 2001).
Durante muitos anos, o solo era erroneamente encarado como um receptor ilimitado de resíduos, onde a capacidade de atenuação de substâncias prejudiciais era infinita, consequentemente os impactos causados seriam corrigidos naturalmente pelo mesmo (SANTOS, 2004).
Um dos impactos causados por áreas de deposição de lixo é a ação do lixiviado, que, diluído pela ação da água da chuva, através do escoamento para corpos d’água ou pela infiltração até atingir os aquíferos, compromete a qualidade do solo e consequentemente das águas subterrâneas e superficiais (PELLEGRINO, 2003).
Os agentes nocivos presentes nos lixões afetam a saúde humana, direta ou indiretamente, podendo ocorrer em contato direto do agente contaminante e o humano, ou de modo indireto, pelo aumento de um fator de risco, como a dispersão pelo ar, corpos d’água superficiais, permeabilidade no solo e contaminação de águas subterrâneas (CAVALCANTE; AMORIM, 2007).
De acordo com Morais (2005), são quatro fatores que influenciam na composição do contaminante: características dos resíduos como composição dos resíduos, sua granulometria, umidade, estágio de decomposição e pré-processamento; condições ambientais, geologia, regime pluviométrico e clima; característica do local de disposição, conforme aspectos construtivos, balanço hídrico, grau de compactação dos resíduos, propriedades do terreno; processo interno como hidrólises, adsorção, biodegradação, especiação, dissolução, redução, troca iônica, tempo de contato, partição, troca e transporte de gás.
Pode ocorrer também o ataque oxidativo em materiais que possuem elementos químicos tóxicos como Alumínio, Chumbo, Cromo e Cádmio; e atóxicos como Cobre, Ferro, Manganês, Potássio, Sódio, Zinco etc., e que são hidratados, ionizados ou combinados com alguns radicais para formarem moléculas com diferentes pesos moleculares (abrangendo de baixos até elevados), proporcionando o seu deslocamento em profundidade no perfil do solo, graças ao deslocamento ocasionado pelo fluxo de massa.
Conforme Baird (2002), o lixiviado transporta contaminantes como os ácidos orgânicos voláteis, bactérias, metais pesados, sais de íons inorgânicos comuns e compostos orgânicos voláteis, prejudicando o meio ambiente e a saúde da população.
O Quadro 3 apresenta os principais íons encontrados no lixiviado em relação a suas possíveis fontes.
QUADRO 3 - ÍONS ENCONTRADOS NO LIXIVIADO EM RELAÇÃO A POSSÍVEIS FONTES DE CONTAMINAÇÃO.
Figura 1
Rodrigues 2004
3.6 FECHAMENTO E REMEDIAÇÕES DOS LIXÕES
O fechamento e a remediação dos lixões no Brasil são questões cruciais para a saúde pública e a proteção ambiental. Desde a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em 2010, o país estabeleceu prazos para erradicar as práticas inadequadas de descarte, que afetam diretamente milhões de brasileiros. A PNRS, com sua Lei nº 12.305, determinou que todos os lixões deveriam ser fechados até agosto de 2024, um objetivo que se mostra cada vez mais desafiador diante da realidade atual.
O término das atividades em um depósito de resíduos sólidos não encerra o conjunto de questões que ele pode gerar, pois a produção de lixiviado, por exemplo, pode persistir ao longo de muitos anos. Portanto, são requeridas medidas de proteção após o encerramento das atividades, frequentemente denominadas como técnicas de recuperação ou adequação do solo.
Outra importante estratégia é a requalificação do solo, a qual, é fundamental para recuperar a função ecológica das áreas degradadas. Segundo Bolzan e Melo (2017), a recuperação de áreas degradadas é necessária para minimizar os danos causados por ações antrópicas ao meio ambiente, buscando restaurar o solo ao seu estado original ou o mais próximo possível dele(Aguiar et al., 2000).
3.7 ADEQUAÇÃO, REQUALIFICAÇÃO E REVEGETAÇÃO DE ÁREAS DE LIXÃO DESATIVADO
A requalificação de áreas de lixão desativado é um processo essencial para a recuperação ambiental e a reintegração desses espaços ao tecido urbano. Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), um lixão é caracterizado pela disposição inadequada de resíduos sem controle técnico, resultando em sérios impactos ambientais e sociais. A desativação desses locais é um passo crucial para mitigar os danos à saúde pública e ao meio ambiente, exigindo a implementação de práticas adequadas para sua recuperação.
A adequação dessas áreas representa uma ferramenta de importância multifacetada, pois os lixões frequentemente geram alterações ambientais que afetam a vida dos diversos seres, incluindo os humanos, além de causar desequilíbrio no meio ambiente (FERNANDES, 2016). A recuperação dessas áreas é fundamental para restaurar a qualidade ambiental e prevenir riscos à saúde pública. Além disso, a reabilitação de espaços degradados pode atender à crescente demanda por terrenos urbanos, especialmente em regiões onde a urbanização está em rápida expansão. Transformar esses locais em áreas verdes, parques ou espaços comunitários contribui para o bem-estar da população e melhora a qualidade de vida nas cidades (MELLONI et al., 2023).
A revegetação é uma etapa vital no processo de recuperação ambiental, visando restaurar a funcionalidade ecológica e promover a estabilidade do solo. Essa prática consiste na introdução de espécies vegetais nativas que ajudam a estabilizar o solo e prevenir a erosão (KITAMURA et al., 2008). O monitoramento contínuo das condições ambientais na área reabilitada é crucial para avaliar a eficácia das intervenções realizadas e garantir que não haja novos riscos à saúde pública ou ao meio ambiente (SILVA et al., 2020).
Em suma, a requalificação de áreas de lixão desativado não apenas mitiga os impactos negativos causados pela disposição inadequada de resíduos, mas também promove um uso sustentável do solo, contribuindo para a revitalização urbana e o fortalecimento da qualidade de vida nas comunidades afetadas.
3.8 Analises físicas
A requalificação do solo é um processo fundamental para a recuperação ambiental e a sustentabilidade das práticas de uso da terra. A análise física do solo é um componente essencial na avaliação da qualidade e saúde do solo, pois fornece informações sobre as propriedades físicas que influenciam diretamente sua capacidade de suportar o crescimento das plantas, armazenar água e nutrientes, e manter a biodiversidade (SBCS, 2020). Essa análise abrange aspectos como granulometria e velocidade de infiltração, que são cruciais para avaliar a retenção de água, a aeração, a resistência à erosão e a atividade microbiana.
Estudos recentes destacam que a compreensão das propriedades físicas do solo é vital para o planejamento do uso adequado da terra e para o desenvolvimento das mais diversas práticas sustentáveis (REEVES et al., 2017). A textura do solo, por exemplo, está intimamente ligada à infiltração de água e à capacidade de retenção de nutrientes, sendo um fator determinante para a gestão sustentável do solo (SILVA et al., 2019). Essa avaliação permite identificar características que são essenciais para a reabilitação de áreas degradadas.
Além disso, o monitoramento contínuo das condições do solo reabilitado é crucial para avaliar a eficácia das intervenções realizadas e garantir que não haja novos riscos à saúde pública ou ao meio ambiente (SILVA et al., 2020). A revegetação é uma etapa importante nesse contexto, pois ajuda a restaurar a funcionalidade ecológica do solo e promove sua estabilidade (KITAMURA et al., 2008).
A análise física do solo não apenas fundamenta o planejamento para o uso sustentável da terra, mas também é uma ferramenta crucial na requalificação de áreas degradadas , contribuindo para a preservação ambiental e o bem-estar das comunidades, representando um passo essencial na busca por um desenvolvimento urbano sustentável e na recuperação de áreas anteriormente degradadas.
3.9 GRANULOMETRIA
A granulometria do solo é um parâmetro fundamental na avaliação de áreas de lixões desativados, pois se refere à distribuição dos tamanhos das partículas que compõem o solo (SBCS, 2020). Essa análise é crucial para entender as características da área, uma vez que a presença de partículas finas, como argila e silte, pode aumentar a capacidade do solo de reter contaminantes, enquanto partículas mais grossas, como areia, podem facilitar a lixiviação (REEVES et al., 2017; SILVA et al., 2019).
A análise granulométrica fornece informações relevantes sobre a capacidade do solo, pois a distribuição das partículas minerais influencia diretamente suas propriedades físicas e químicas. Isso afeta a qualidade ambiental e a manipulação dos ecossistemas (OLIVEIRA et al., 2020; EMBRAPA, 2019). A granulometria classifica as partículas em frações como areia, silte e argila, cada uma desempenhando um papel crucial na retenção de água, na aeração e na disponibilidade de nutrientes (EMBRAPA, 2019). Portanto, compreender a granulometria é essencial para o manejo adequado do solo, permitindo a formulação de práticas que otimizem sua recuperação em áreas degradadas.
Além disso, a granulometria em lixões desativados pode ser influenciada por diversos fatores, como o tipo de resíduos depositados, os processos de manipulação ao longo do tempo, a atividade microbiana e o uso do solo após a desativação do lixão. Determinar essas características ressalta a importância de uma abordagem integrada para a gestão e recuperação de áreas afetadas por resíduos sólidos. Essa compreensão abrangente é vital para desenvolver estratégias eficazes que promovam a reabilitação ambiental e garantam um uso sustentável do solo.
3.10 Velocidade de infiltração
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A velocidade de infiltração do solo é um parâmetro essencial na avaliação da qualidade do solo, especialmente em contextos de reabilitação e caracterização de áreas degradadas. Segundo a Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS, 2020), essa velocidade é definida como a taxa na qual a água penetra no solo, desempenhando um papel crucial na compreensão das propriedades físicas do solo e na dinâmica da água no ambiente.
O conhecimento da taxa de infiltração é vital para definir técnicas adequadas de conservação do solo e sistemas planejados de drenagem, além de oferecer uma visão mais precisa sobre a retenção de água e a aeração do solo (ALVES SOBRINHO et al., 2003; MANTOVANI BERNARDO; PALARETTI, 2009). Para mensurar a infiltração, é necessário utilizar métodos que representem as condições naturais do solo. O infiltrômetro de anel, por exemplo, é amplamente utilizado devido à sua eficácia na determinação da velocidade de infiltração sob diferentes condições físicas e tipos de cobertura do solo. A realização desse tipo de teste proporciona uma melhor compreensão dos processos hidrológicos envolvidos e contribui para o planejamento adequado do manejo dos recursos hídricos.
Além disso, a análise da Velocidade de Infiltração Básica (VIB) é um componente crucial na avaliação das propriedades físicas do solo e na implementação eficaz de práticas sustentáveis. A relação entre os dados obtidos nas análises físicas e químicas do solo com os resultados da VIB fornece insights importantes sobre os fatores que influenciam a infiltração, contribuindo para melhorias nas técnicas utilizadas em ambientes requalificados. Estudos demonstram que solos com maior cobertura vegetal tendem a apresentar melhores taxas de infiltração, devido à presença de raízes que criam canais e aumentam a porosidade (NUNES et al., 2012).
Portanto, monitorar a velocidade de infiltração não apenas ajuda na caracterização do solo em áreas degradadas, mas também é essencial para o planejamento e execução de intervenções que visem à recuperação ambiental e à sustentabilidade dos ecossistemas. A implementação dessas práticas contribui significativamente para restaurar as funções ecológicas do solo, garantindo um ambiente saudável e produtivo.
3.11 Análises químicas
A análise da composição química do solo é essencial para avaliar a qualidade em áreas de lixões desativados, pois fornece informações sobre suas características e capacidade de suporte para o crescimento das plantas. Essa análise inclui variáveis como a capacidade de autodepuração e a disponibilidade de nutrientes essenciais, fundamentais para a recuperação ambiental dessas áreas.
As análises químicas determinam os níveis de nutrientes no solo, permitindo uma compreensão mais aprofundada da sua capacidade de sustentar a vegetação e a saúde dos ecossistemas (CHOI et al., 2018). Identificar elementos como nitrogênio, fósforo e potássio é crucial, pois esses nutrientes são vitais para o desenvolvimento das plantas e contribuem significativamente para a reabilitação ambiental.
Além disso, essas análises permitem detectar a disponibilidade de micronutrientes, como ferro e manganês, que desempenham papéis importantes nos processos metabólicos das plantas (PNUMA, 2019). Compreender a composição química do solo também é importante para evitar problemas como a eutrofização, que pode ocorrer devido ao excesso de nutrientes, resultando em desequilíbrios ecológicos (CONAMA, 2019).
Para garantir uma requalificação eficaz das áreas afetadas, é necessário implementar práticas de manejo que considerem as características químicas do solo. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA, 2019), estratégias como a revegetação com espécies nativas e o monitoramento contínuo das condições do solo são fundamentais para restaurar sua funcionalidade ecológica e promover um ambiente saudável. Essas abordagens melhoram as condições do solo e asseguram um uso sustentável dos recursos naturais nas áreas reabilitadas.
4. Metodologia
4.1 Caracterização da área de estudo
FIGURA 1
O autor (2025)
Inicialmente, foram feitos levantamentos nos órgãos já citados, onde se buscou dados sobre a coleta e tratamento de resíduos, além de informações sobre o antigo lixão que operou de 2003 a 2021 e sua desativação. Este levantamento incluiu a consulta ao Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2020), que forneceu dados relevantes sobre a gestão de resíduos no município.
Além disso, foram realizadas conversas informais com moradores da comunidade rural, próxima a área o que possibilitou compreender a gestão de resíduos na região durante o funcionamento do lixão, bem como o processo de sua desativação. Essa abordagem, combinada com os dados obtidos junto ao poder público, proporcionou uma visão abrangente tanto do funcionamento, como da desativação do lixão, ressaltando tanto os aspectos formais da administração pública quanto as experiências e percepções dos cidadãos.
A área de estudo em questão está localizada na zona rural, a menos de 5 km do perímetro urbano, com as seguintes coordenadas geográficas: Latitude 20º50'45,87 ( figura 2) e Longitude -46º24'20,1996, a uma altitude de 920 metros. Quanto ao clima, é classificado como subtropical úmido, de acordo com a Classificação Climática de Köppen-Geiger (Cwa).
O antigo lixão abrange uma área de 7,41,23 hectares e recebeu os resíduos municipais de 2003 a 2021, quando foi desativado. Até o momento presente, não foram realizados levantamentos ou estudos específicos sobre o local.
Figura 2
O autor (2025)
Fonte: Autora 2024
FIGURA 3– ÁREA DO LIXÃO DESATIVADO DE ALPINÓPOLIS MG
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4.2 Análises físico-químicas
O estudo do antigo lixão de Alpinópolis teve início com a coleta de informações junto aos órgãos municipais e estaduais responsáveis pela gestão de resíduos sólidos e também através de conversas informais com os moradores da região, além de visitas in loco, conforme proposto por Nazaro (2016), objetivando obter um panorama detalhado sobre a história, operação e impactos ambientais do lixão desativado, que funcionou por 19 anos sem o devido controle ambiental.
Durante o trabalho de campo, foram observados aspectos físicos e antrópicos do lixão desativado em estudo, conforme os estudos de Oeiras e Bezerra (2022). Historicamente, essa área era uma região natural, sem ações humanas, descrita por habitats nativos e ecossistemas preservados antes de ser convertida em local de deposito de resíduos, o que envolveu transformações profundas em suas características originais.
Para iniciar a caracterização química, foram coletadas analises em dois pontos, as analises foram conduzidas em duas áreas específicas do antigo lixão. A primeira área, denominada ponto 1, localiza-se no centro do lixão, na zona rural do município, onde os resíduos foram depositados sem qualquer separação ou controle ambiental. A segunda área, ponto 2, situa-se na periferia do antigo lixão, a qual também recebeu detritos, mas de forma indireta, próxima ao início de um novo loteamento, representando a zona final de deposição de resíduos.
Primeiramente, foi retirada uma camada superficial de aproximadamente 5 cm nas áreas de estudo, utilizando uma enxada para remover detritos e resíduos que pudessem interferir nas análises subsequentes. Esse procedimento possibilitou a coleta de amostras em duas profundidades: 20 cm e 40 cm. Em cada ponto de coleta, foram obtidas duas amostras, denominadas Ponto1 0-20, Ponto1 20-40, Ponto 2 0-20 e ponto 2 0- 40.
As análises físicas abrangeram a granulometria do solo, essencial para compreender suas propriedades físicas. As análises químicas realizdas, embora insuficiente para a caracterização química do solo, devido a pequena quan6tidade de amostras coletadas dão inicia a esse estudo e caracterização.
As seguintes análises foram realizadas:
Matéria Orgânica (M.O.): Determinada pelo método de oxidação com dicromato de potássio. O solo foi tratado com ácido sulfúrico e dicromato de potássio, seguido de titulação do excesso de dicromato com solução de ferro (II). O teor de M.O. foi expresso como porcentagem do peso seco do solo.
pH: Medido em suspensão 1:1 de solo e água destilada, utilizando um potenciômetro.
Fósforo Residual (P): Determinado por extração com solução de cloreto de cálcio e quantificação por espectrofotometria após a formação de complexo colorido.
Potássio (K): Extraído com solução de acetato de amônio e quantificado por espectrofotometria de absorção atômica.
Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg): Determinados por digestão ácida das amostras e quantificação por espectrofotometria de absorção atômica, após extração com solução de cloreto de cálcio e ácido nítrico.
Alumínio (Al): Extraído com solução de cloreto de cálcio e determinado por titulação complexométrica com EDTA.
Acidez Potencial (H+Al): Determinada pela titulação com solução de hidróxido de sódio após extração com solução de cloreto de cálcio.
Soma de Bases (S.B.): Calculada pela soma dos teores de cálcio, magnésio, potássio e sódio extraídos com solução de acetato de amônio.
Capacidade de Troca Catiônica (CTC): Calculada pela soma de bases e acidez potencial do solo.
Saturação de Bases (V%): Determinada pela relação entre a soma de bases e a capacidade de troca catiônica, expressa em porcentagem.
Enxofre (S): Extraído com solução de cloreto de cálcio e determinado por espectrofotometria após formação de complexos.
Boro (B): Extraído com solução de ácido bórico e determinado por espectrofotometria após reação com corantes específicos.
Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn) e Zinco (Zn): Extraídos com solução de ácido clorídrico e determinados por espectrofotometria de absorção atômica.
Carbono Total: Determinado por método de oxidação seca, onde a amostra de solo é aquecida na presença de oxigênio e o dióxido de carbono liberado é quantificado.
Todos os procedimentos foram executados rigorosamente conforme os protocolos estabelecidos pela EMBRAPA (1979).
4.3 ENSAIO DA VELOCIDADE DE INFILTRAÇÃO BÁSICA (VIB)
Para a realização do ensaio de Velocidade de Infiltração Básica (VIB), o local foi preparado de maneira meticulosa. A superfície do solo foi limpa de resíduos e vegetação, e a área foi nivelada para garantir que os cilindros de infiltração fossem instalados sem inclinações que pudessem afetar os resultados.
Os cilindros de infiltração, do tipo anel duplo, foram inseridos no solo, penetrando aproximadamente 10 cm na superfície. Para garantir um encaixe firme, foi utilizado um martelo de borracha. O anel externo foi preenchido com água até uma altura de cerca de 10 cm, saturando o solo ao redor e diminuindo o efeito de fluxo lateral. Em seguida, o anel interno foi preenchido com água até a mesma altura, e o cronômetro foi iniciado imediatamente após o preenchimento. O nível da água no anel interno foi medido em intervalos regulares, como a cada minuto, até que a taxa de descida do nível de água se estabilizasse, diminuindo e indicando que a infiltração havia atingido uma velocidade constante (VIB). As revisões foram continuadas até obter pelo menos três leituras consecutivas com taxas de infiltração constantes, conforme os preceitos estabelecidos pela EMBRAPA (2017).
Os dados referentes ao tempo e ao nível da água foram registrados em uma tabela. A taxa de infiltração foi calculada em centímetros por minuto (cm/min) para cada intervalo de tempo, e o VIB foi determinado como a média das últimas três leituras constantes.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 ANALISE E OBSERVAÇÃO IN LOCO.
Durante a visita in loco foi utilizada um modelo de tabela, (tabela 1), inspirada no modelo de Oeiras e Bezerra (2022) a qual se configurou em uma ferramenta fundamental para entender as consequências das atividades humanas sobre o meio analisado .
A tabela apresentada categoriza e analisa diversos impactos, organizando-os em características que incluem tipo, magnitude, importância e duração. Os impactos são classificados em dois grandes grupos: meio físico e meio antrópico, refletindo as diferentes dimensões das interações entre as ações humanas e os ecossistemas.
Impactos
Ambientais |
Características
|
|||||||||||
Tipo | Magnitude | Importância | Duração | |||||||||
+ | - | +/- | P | M | G | 1 | 2 | 3 | P | M | G | |
MEIO FÍSICO | ||||||||||||
Apresenta sinais de erosão | X | X | X | X | ||||||||
Alteração na capacidade de uso de terra | X | X | X | X | ||||||||
Dano ao relevo | X | X | X | X | ||||||||
Permeabilidade do solo | X | X | X | X | ||||||||
Compactação do solo | X | X | X | X | ||||||||
Emissão de odores | X | X | X | X | ||||||||
Queima de resíduos | X | X | X | X | ||||||||
Alteração na paisagem | X | X | X | X | ||||||||
Alteração na paisagem original | X | X | X | X | ||||||||
MEIO ANTRÓPICO | ||||||||||||
Alteração na paisagem ( impacto visual) | X | X | X | X | ||||||||
Desvalorização de terrenovizinhoss | X | X | X | X | ||||||||
Presença de vetores de doenças | X | X | X | X | ||||||||
Presença de chorume e céu aberto. | X | X | X | X | ||||||||
Presença de animais | X | X | X | X | ||||||||
Proximidade ao úcleo habitacional | X | X | X | X |
A análise dos dados da tabela revela que os impactos ambientais, tanto no meio físico quanto no meio antrópico, apresentam características preocupantes em termos de magnitude e importância. No meio físico, os sinais de erosão, a compactação do solo e a alteração na capacidade de uso da terra são impactos significativos que indicam degradação ambiental. Esses fatores afetam a permeabilidade do solo, resultando em problemas de drenagem e retenção de água.
A emissão de odores e a queima de resíduos são outros impactos negativos que, além de apresentarem uma magnitude grande, têm implicações diretas na saúde pública e na qualidade do ar. A presença de chorume e a exposição ao céu aberto, por sua vez, representam riscos ambientais severos, contribuindo para a contaminação do solo e da água. Esses problemas não apenas afetam o ecossistema local, mas também podem gerar consequências em larga escala para a saúde da população.
No que diz respeito ao meio antrópico, a alteração na paisagem e o impacto visual resultante da degradação ambiental são evidentes. A desvalorização dos terrenos vizinhos e a presença de vetores de doenças são consequências diretas dessas alterações, afetando não apenas o valor econômico das propriedades, mas também a qualidade de vida das comunidades locais. A proximidade de núcleos habitacionais a áreas degradadas intensifica esses problemas, expondo os residentes a riscos sanitários e ambientais.
Em suma, os dados da tabela demonstram que os impactos ambientais identificados são substanciais e têm o potencial de causar alterações graves no ambiente e na qualidade de vida das pessoas.
Durante as visitas no local de estudo observe-se que a área se encontra em estado de completo abandono, desprovida de cercamento e sujeitas à circulação livre de animais (Figura 4). Na entrada da área, encontram-se contêineres pertencentes à empresa Transer, responsável pelo transporte e disposição dos resíduos municipais desde 2021.
FIGURA 2
— LIXÃO DESATIVADO DE ALPINÓPOLIS MG
O autor (2025)
Figura 3
O autor (2025)
No interior da área, é evidente o acúmulo de uma variedade de materiais, que vão desde resíduos de construção civil (RCD) até carcaças de animais. Além disso, foram identificados focos de queima de resíduos no local, o que agrava ainda mais a situação ambiental e grande deposição de resíduos oriundos de marcenarias. Destaca-se também a construção de um loteamento nas proximidades, cuja edificação se encontra a aproximadamente 30 metros de distância da área.
A presença de resíduos sólidos ,dispostos de maneira inadequada, gera uma série de problemas ambientais significativos. A presença de resíduos pode resultar na contaminação do solo e das águas subterrâneas por chorume, um líquido altamente poluente resultante da poluição da matéria orgânica. O chorume contém uma carga poluidora elevada e pode comprometer a qualidade dos recursos hídricos locais (BATISTA et al., 2010).
É notório que tal situação, pode favorecer o aumento de vetores patogênicos, como roedores e insetos, que podem transmitir doenças à população. JACOBI & BESEN,( 2011) alerta que a falta de cercamento adequado de área como a do presente estudo, contribui para a circulação livre de animais, aumentando o risco de contaminação e disseminação de doenças
A análise das condições ambientais do lixão desativado revela a necessidade urgente de intervenções. Medidas como o cercamento da área, a remoção dos resíduos acumulados e a implementação de um plano de recuperação são essenciais para mitigar os impactos negativos já causados e prevenir novos danos ao meio ambiente e à saúde pública.
A avaliação realizada não apenas identificou os problemas existentes, mas também revelou que alguns moradores ainda não desassociaram a área em questão da disposição de lixo, o que torna o hábito de descartar resíduos no local algo considerado "normal". Diante dessa situação, a adequação da área e sua destinação a uma nova finalidade podem contribuir para a conscientização de que esse local não deve mais ser utilizado para o descarte de resíduos.
Além disso, é importante considerar que a falta de ocupação dessa área, juntamente com a continuidade do descarte informal de resíduos, pode resultar na formação de um lixão clandestino. Portanto, ações efetivas de requalificação e sensibilização da comunidade são essenciais para evitar esse problema e promover um uso sustentável do espaço.
5.2 LEVANTAMENTO DE DADOS
Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2020), em Alpinópolis, 90,19% da população total tem acesso à coleta de Resíduos Domiciliares, atendendo completamente os residentes em áreas urbanas e 48,15% dos residentes nas áreas rurais. A média de resíduos coletados por habitante por dia é de 0,95 kg, levemente superior à média estadual de 0,89 kg por pessoa.
Na busca por dados e documentos junto aos órgãos públicos, constatou-se a escassez de informações relevantes. Essa pesquisa evidenciou que a gestão de resíduos no município não tem sido uma preocupação significativa, sendo tratada de forma arcaica e informal.
Durante a investigação sobre o processo de desativação do lixão, foi informada que a abordagem adotada consistiu apenas na remoção do lixo superficial (amostra) do local, seguida por uma fina cobertura de solo proveniente de desaterros, ocorridos na zona urbana, sem que se tenha identificado a origem desse material. Além disso, a população relatou que não foram realizadas ações adicionais para mitigar os impactos na área ou para impedir o descarte irregular de detritos por parte dos moradores, após a desativação do lixão.
5.3 Análise de velocidade de infiltração básica (VIB)
A interpretação dos dados da tabela de infiltração acumulada e velocidade de infiltração (VIB) ( tabela 2), revela informações importantes sobre as características do solo na área em análise, especialmente considerando o contexto de áreas impactadas por resíduos sólidos, como o lixão desativado de Alpinópolis, MG. A análise mostra que a velocidade de infiltração é consistentemente baixa, com uma estabilização em 1 mm/h após um período de observação que se estendeu por várias horas.
TEMPO | RÉGUA | Infiltração Acumulada (mm) | Velocidade de Infiltração (VI) (mm/h) | ||
Hora | Intervalo (min) |
Leitura (mm) |
Diferença (mm) |
||
09:00 | 0 | 0 | - | - | |
09:30 | 30 | 5 | 5 | 5 | 5 |
10:00 | 30 | 8 | 3 | 8 | 3 |
10:30 | 30 | 10 | 2 | 10 | 2 |
11:00 | 30 | 11 | 1 | 11 | 1 |
11:30 | 30 | 12 | 1 | 12 | 1 |
12:00 | 30 | 13 | 1 | 13 | 1 |
13:00 | 60 | 14 | 1 | 14 | 1 |
14:00 | 60 | 15 | 1 | 15 | 1 |
15:00 | 60 | 16 | 1 | 16 | 1 |
16:00 | 60 | 17 | 1 | 17 | 1 |
17:00 | 60 | 18 | 1 | 18 | 1 |
Nos primeiros registros, a infiltração acumulada aumentou rapidamente nas primeiras medições, com uma leitura inicial de 5 mm em 30 minutos. Contudo, à medida que o tempo avançava, a taxa de infiltração começou a desacelerar significativamente. A partir das 10:00 até as 17:00, a diferença na infiltração acumulada foi de apenas 1 mm a cada intervalo de 60 minutos, indicando que o solo atingiu um estado de saturação ou uma condição onde a capacidade de absorção se tornou limitada.
Esse comportamento sugere que o solo apresenta uma baixa capacidade de infiltração, o que pode ser atribuído a fatores como compactação do solo, presença elevada de partículas finas ou degradação da estrutura do solo. A baixa velocidade de infiltração é preocupante, pois pode levar a problemas como escoamento superficial e aumento do risco de erosão, especialmente em áreas onde a impermeabilização do solo é exacerbada pela presença de resíduos.
Além disso, a estabilização da VIB em 1 mm/h após oito horas de observação indica que o solo pode ter dificuldades em se recuperar adequadamente após eventos de chuvas intensas. Essa condição pode comprometer sua capacidade de autodepuração e regeneração natural. A manutenção da estrutura do solo e a promoção da infiltração são essenciais para garantir que ele possa desempenhar suas funções ecológicas.
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As análises químicas realizadas são insuficientes para a caracterização completa do solo, uma vez que a quantidade de amostras coletadas é limitada. Para uma avaliação mais precisa, seria necessário realizar análises em um maior número de pontos. No entanto, essas análises já oferecem insights valiosos sobre a qualidade do solo, sua capacidade de suportar o crescimento das plantas, armazenar água e nutrientes, e manter a biodiversidade.
Os resultados obtidos podem sinalizar o início desse processo de caracterização. Na tabela a seguir (Tabela 3), são apresentados os resultados das análises químicas realizadas. Esses dados são fundamentais para compreender a real situação da área e orientar as ações de requalificação necessárias.
Parâmetro | P1 (0-20 cm) | P1 (20-40 cm) | P2 (0-20 cm) | P2 (20-40 cm) |
Matéria Orgânica (g/dm³) | 26 g/m³ |
26 g/m³ |
27 g/m³ |
27 g/m³ |
Ph | 7,6 | 7,6 | 7,2 | 7,5 |
Fósforo Res. (mg/dm³) |
22,0 mg/dm³ |
40,0 mg/dm³ |
55,0 mg/dm³ | 38,0 mg/dm³ |
Potássio mg/dm³. |
180,9 mg/dm³. | 164,2 mg/dm³. | 207,2 mg/dm³. |
152,5 mg/dm³. |
Cálcio cmolc/dm³ |
19,2 cmolc/dm³. | 30,9 cmolc/dm³. | 17,8 cmolc/dm³ | 13,7 cmolc/dm³ |
Magnésio cmolc/dm³ |
2,1 cmolc/dm³ | 2,0 cmolc/dm³ |
1,3 cmolc/dm³ |
1,1 cmolc/dm³ |
Alumínio cmolc/dm³ |
0,1 cmolc/dm³ | 0,1 cmolc/dm³ | 0,1 cmolc/dm³ | 0,1 cmolc/dm³ |
H+Al cmolc/dm³ |
1,0 cmolc/dm³ |
1,0 cmolc/dm³ |
1,1 cmolc/dm³ |
1,1 cmolc/dm³ |
Saturação de Bases % |
94,7 % |
97,1 % |
94,7 % |
93,2 % |
Capacidade de Troca Catiônica cmolc/dm³. |
22,7 cmolc/dm³. |
34,3 cmolc/dm³. |
20,7 cmolc/dm³. |
16,3 cmolc/dm³. |
Enxofre mg/dm³ |
42 mg/dm³ |
40 mg/dm³ |
439 mg/dm³ | 465 mg/dm³ |
Boro mg/dm³ |
0,21 mg/dm³ |
0,21 mg/dm³ |
0,35 mg/dm³ | 0,15 mg/dm³ |
Cobre mg/dm³ |
1,88 mg/dm³ |
2,08 mg/dm³ | 1,56 mg/dm³ | 0,44 mg/dm³ |
Ferro mg/dm³ |
21 mg/dm³ |
36 mg/dm³ |
13 mg/dm³ |
9 mg/dm³ |
Manganês mg/dm³ | 2,58 mg/dm³ |
4,42 mg/dm³ |
13,86 mg/dm³ | 5,48 mg/dm³ |
Zinco mg/dm³ |
10,70 mg/dm³ | 8,02 mg/dm³ |
1,86 mg/dm³ | 5,48 mg/dm³ |
Carbono total % |
1,512% | 1,512% | 1,570%. | 0,698%. |
Com base nos dados apresentados na tabela, a análise química do solo foi realizada considerando os principais parâmetros que influenciam a qualidade do solo e sua capacidade de suportar o crescimento das plantas. A análise detalhada dos parâmetros químicos do solo em duas áreas (P1 e P2) e em duas profundidades (0-20 cm e 20-40 cm).
Os teores de matéria orgânica são consistentes nas duas profundidades em P1 e ligeiramente superiores em P2. A presença de matéria orgânica é benéfica para a retenção de água e nutrientes, além de favorecer a biodiversidade do solo.
Os valores de pH variam de 7,2 a 7,6, indicando que o solo é neutro a levemente alcalino. Essa faixa é favorável à disponibilidade de nutrientes essenciais para as plantas.
Os níveis de fósforo são variados, com P2 apresentando os maiores valores na camada superficial (55,0 mg/dm³). O aumento do fósforo na profundidade de 20 a 40 cm em P1 também sugere uma boa retenção desse nutriente no solo.
Os teores de potássio são mais altos em P2 na camada superior. A diminuição do potássio nas camadas mais profundas é comum e pode ser influenciada pela lixiviação.
Os níveis de cálcio são mais elevados na profundidade de 20 a 40 cm em P1. O cálcio é essencial para a estrutura do solo e a saúde das plantas.
Os teores de magnésio são mais altos em P1 em ambas as profundidades. O magnésio é importante para a fotossíntese e o desenvolvimento das plantas.
Os níveis de alumínio são baixos em todas as amostras analisadas. Baixos níveis de alumínio são desejáveis para evitar toxicidade às plantas.
O valor de H+Al no ponto 1 é constante em ambas as profundidades, com 1,0 cmolc/dm³. Isso indica uma acidez relativamente baixa, o que é favorável para a disponibilidade de nutrientes no solo. A estabilidade desse valor sugere que a acidez não varia significativamente entre as camadas superficiais e mais profundas.
Já no ponto 2 o valor de H+Al é ligeiramente superior em P2, com 1,1 cmolc/dm³ em ambas as profundidades. Embora esse aumento seja pequeno, pode indicar uma leve acidez adicional em comparação com P1. Essa condição deve ser monitorada, pois uma acidez um pouco maior pode afetar a disponibilidade de certos nutrientes.
A saturação de bases é alta em todas as amostras analisadas, indicando que uma grande proporção da capacidade de troca catiônica está ocupada por cátions benéficos.
A CTC varia entre as amostras analisadas; P1 apresenta maior capacidade na camada de maior profundidade. Isso indica que o solo tem boa capacidade para reter nutrientes.
Os micronutrientes variam consideravelmente entre as amostras e profundidades. Em geral:
O enxofre apresenta valores muito altos em ambas as profundidades em P2.
O boro é adequado nas camadas superiores.
Os teores de cobre são mais elevados nas camadas superiores em ambas as áreas.
Os níveis de ferro diminuem com a profundidade em ambas as áreas.
O manganês apresenta variações significativas entre os pontos e profundidades.
O zinco também mostra uma diminuição nas camadas mais profundas em ambas as áreas.
A análise química do solo revela que ambos os locais têm características favoráveis ao crescimento das plantas. Os altos níveis de matéria orgânica e saturação de bases indicam um solo saudável com boa capacidade de retenção de nutrientes e água. No entanto, a variação nos micronutrientes e outros parâmetros entre as profundidades sugere que práticas de manejo adequadas devem ser implementadas para otimizar a qualidade do solo e promover sua recuperação ambiental.
Embora os resultados encontrados sejam importantes, para uma caracterização mais precisa e representativa da qualidade do solo, é fundamental realizar coletas de amostras em um número maior de pontos ao longo da área estudada. A amostragem em apenas alguns locais pode não capturar a variabilidade espacial do solo, que pode ser influenciada por diversos fatores, como tipo de uso do solo, topografia e variações na composição dos resíduos. Coletar amostras de diferentes pontos permite uma avaliação mais abrangente das propriedades químicas e físicas do solo, garantindo que as intervenções propostas para a requalificação sejam adequadas e eficazes. Essa abordagem não apenas melhora a compreensão das condições atuais do solo, mas também fundamenta a implementação de práticas de manejo que visem à sustentabilidade e à recuperação ambiental.
Análises de contaminação do solo também devem ser realizadas, visto que a realização dessas é crucial para identificar a presença de substâncias tóxicas que possam comprometer a saúde ambiental e humana. Em áreas afetadas pela disposição inadequada de resíduos, como a em situ, o solo pode acumular contaminantes como metais pesados, pesticidas e solventes orgânicos. Essas análises são essenciais para avaliar o grau de contaminação e os riscos associados, permitindo a formulação de estratégias adequadas para a requalificação d área. Além disso, a identificação precoce de contaminantes ajuda a prevenir danos à biodiversidade local e à qualidade da água subterrânea, promovendo um ambiente mais seguro e saudável para as comunidades que dependem desses recursos.
5.5 Granulometria
A Tabela a seguir, tabela 4, apresenta os resultados das análises granulométricas realizadas na área de estudo e sua classificação Textural de acordo com o Sistema Brasileiro (SBCS):
Ponto 1 (Profundidade: 0-20 cm) | Ponto 1 (Profundidade: 20-40 cm) | Ponto 2 (Profundidade: 0-20 cm) | Ponto 2 (Profundidade: 20-40 cm) | |
Argila | 477 g/Kg | 478 g/Kg | 479 g/Kg | 480 g/Kg |
Silte | 272 g/Kg | 292 g/Kg | 211 g/Kg | 217 g/Kg |
Areia Total | 204 g/Kg | 193 g/Kg | 415 g/Kg | 442 g/Kg |
Areia Grossa | 524 g/Kg | 515 g/Kg | 375 g/Kg | 341 g/Kg |
Areia Fina | 266 g/Kg | 292 g/Kg | 119 g/Kg | 102 g/Kg |
Classificação Textural (Sistema Brasileiro SBCS): | Franco-argiloarenosa | Franco-argiloarenosa | Franca | Franca |
A análise granulométrica do solo, conforme apresentada na tabela, fornece informações valiosas sobre a composição e as propriedades físicas do solo em diferentes profundidades e pontos de amostragem. Os dados revelam a distribuição de argila, silte e areia, que são fundamentais para a classificação textural do solo e influenciam diretamente sua capacidade de retenção de água, aeração e fertilidade.
Nos Pontos 1 e 2, observa-se que o solo apresenta uma predominância de argila, com valores variando de 477 g/Kg a 480 g/Kg, o que caracteriza uma textura franco-argiloarenosa. Essa classificação é benéfica, pois solos com essa composição tendem a ter uma boa capacidade de retenção de água e nutrientes, ao mesmo tempo em que oferecem drenagem adequada devido à presença significativa de areia. A análise mostra que, no Ponto 1, a proporção de silte aumenta nas profundidades maiores, indicando uma possível variação na infiltração e na capacidade de troca catiônica (CTC) entre as camadas.
No Ponto 2, a situação é um pouco diferente. Enquanto a camada superficial (0-20 cm) apresenta uma quantidade considerável de areia (415 g/Kg), a camada mais profunda (20-40 cm) tem um aumento na areia total (442 g/Kg), mas com uma diminuição na proporção de silte (211 g/Kg para 217 g/Kg). Essa alteração pode sugerir uma maior suscetibilidade à erosão ou à lixiviação de nutrientes nessa profundidade.
A classificação textural do solo como franco no Ponto 2 indica que ele possui uma distribuição equilibrada entre argila, silte e areia. Essa textura é vantajosa para o crescimento das plantas, pois proporciona boa drenagem e evita o encharcamento, além de permitir uma adequada aeração das raízes. A retenção moderada de água é ideal para muitas culturas, pois evita tanto a saturação quanto a secagem excessiva do solo.
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Referências
Coelho , Beatriz . Citação direta : diferença entre citação curta e citação longa nas normas da ABNT . Blog Mettzer . Florianópolis , 2021 . Disponível em: https://blog.mettzer.com/citacao-direta-curta-longa/ . Acesso em: 10 mai. 2021 .
Coelho , Beatriz . Conclusão de trabalho: : um guia completo de como fazer em 5 passos . Blog Mettzer . Florianópolis , 2020 . Disponível em: https://blog.mettzer.com/conclusao-de-trabalho/ . Acesso em: 10 mai. 2021 .
Coelho , Beatriz . Introdução: : aprenda como fazer para seu trabalho acadêmico . Blog Mettzer . Florianópolis , 2021 . Disponível em: https://blog.mettzer.com/introducao-tcc/ . Acesso em: 10 mai. 2021 .
DMITRUK , Hilda Beatriz (Org.) . Cadernos metodológicos : diretrizes da metodologia científica . 5 ed . Chapecó : Argos , 2001 . 123 p .
Tumelero , Naína . Tese de doutorado : da estrutura à formatação na ABNT . Blog Mettzer . Florianópolis , 2018 . Disponível em: https://blog.mettzer.com/tese-de-doutorado/ . Acesso em: 29 jan. 2025 .
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