Centro de Profissionalização e Educação Técnica
A IMPORTÂNCIA DA SEGURANÇA NO TRABALHO
MARCELO OLIVEIRA DA SILVA
Orientador: Adriana Moraes
Coorientador: Marcia Cristiane
Resumo
A grande exposição dos funcionários a riscos ocupacionais, é uma das causas
responsáveis pela maior parte dos acidentes que ocorrem na área da construção civil. A segurança no trabalho é uma ferramenta importante para a conscientização e o desenvolvimento das atividades incorporadas a este ramo, com o objetivo de garantir aumento da produtividade da empresa, redução do pagamento de indenizações etc.
Além disso, oferece vantagens tanto para o empregador como para o empregado, uma vez que os custos dos acidentes podem ser bem elevados e, até mesmo incalculáveis, já que a vida humana não tem preço. Em decorrência desses aspectos, a preocupação com as questões de segurança do ambiente de trabalho vem aumentando ao longo dos anos, trazendo sempre novas perspectivas de melhoria. Destarte, presente monografia tem como o objetivo analisar os acidentes de trabalho, quais as suas causas e as tentativas utilizadas para tentar diminuí-los; sobre os motivos que levam os trabalhadores a utilizarem ou não os equipamentos de proteção individual (EPI); de que maneira as empresas envolvidas no ramo da construção civil podem atuar para evitar desastres, e o que dizem as normas brasileiras sobre as mais variadas abordagens relacionadas às disfuncionalidades e riscos inerentes ao trabalhador e ao ambiente laboral..
Palavras-chave: Segurança no Trabalho. Acidente do Trabalho. Produtividade. EPI.
Abstract
The great exposure of employees to occupational risks is one of the causes
responsible for the majority of accidents that occur in the construction sector.
Occupational safety is an important tool for raising awareness and developing activities incorporated into this field, with the aim of ensuring increased company productivity, reduced compensation payments, etc.
Furthermore, it offers advantages for both the employer and the employee, since the costs of accidents can be very high and even incalculable, since human life is priceless. As a result of these aspects, concern about workplace safety issues has increased over the years, always bringing new perspectives for improvement. Therefore, this monograph aims to analyze work accidents, their causes and the attempts used to try to reduce them; about the reasons that lead workers to use or not use personal protective equipment (PPE); how companies involved in the construction industry can act to avoid disasters, and what Brazilian standards say about the most varied approaches related to dysfunctionalities and risks inherent to workers and the work environment.
Keywords: Safety at Work. Work Accident. Productivity. PPE
Introdução
A segurança no trabalho é uma função de negócio, que com o passar dos anos
se tornou uma exigência conjuntural. As empresas devem procurar minimizar os riscos enfrentados pelos funcionários, porque, apesar do avanço tecnológico, qualquer atividade envolve um certo grau de insegurança. A falta de um sistema de segurança eficaz acabará por levar problemas de relacionamento humano, produtividade, qualidade do produto e/ou serviço de provisão e aumento de custos. A
pseudo economia causada pela ausência e investimento num sistema de segurança mais adequado acabará por causar sérios danos, uma vez que acidentes de trabalho significam queda na produção, investimentos perdidos em treinamentos, entre outros custos (BOZZA, 2010).
Segundo Bossa (2010), acidentes de trabalho podem ser compreendidos como
incidentes que não foram previstos e que são evitáveis em sua maioria, sejam provocados pelo trabalho, de forma direta ou indireta, lesão corporal, perturbação
funcional e/ou doença. Em consequência disso, poderá gerar em perda parcial ou total, permanente ou temporária da aptidão para o trabalho, induzindo, inclusive, à morte.
De acordo com Chagas et a l. (2011), o trabalho pode provocar lesões,
adoecimento e até a morte, sendo este um fato conhecido desde os tempos mais
antigos, com citações até mesmo na bíblia. No Novo Testamento, por exemplo, no livro de Lucas há o relato do desabamento, da Torre de Silo é, que culminou no falecimento de dezoito trabalhadores, além de citações sobre doenças que foram geradas mediante as condições especiais em que trabalho era feito.
Em 1700, um médico chamado Bernardino Ramazzini publicou um livro
chamado De Morbis Artificum Diatriba, no qual ele descreve doenças relacionadas ao
trabalho e que foram encontradas em mais de cinquenta atividades existentes na época. Mesmo com todas essas evidências, nenhuma medida foi tomada para melhorar, e muito se deve pelo fato de que as pessoas que mais sofriam acidentes eram escravas, a parcela social mais pobre (KONZEN et al., 2020).
Atualmente existe, na grande maioria dos países, uma preocupação muito
evidente relacionada à saúde e segurança dos trabalhadores de diversas áreas, fazendo com que se a dote um sistema de prevenção que reconhece qualquer atividade profissional que expõe as pessoas a riscos de acidente e doenças (GONÇALVES, 2009). Por conta disso, foram criadas diversas leis para proteção dos trabalhadores, mesmo assim, ainda ocorre uma grande quantidade de acidentes ao redor do mundo, muitas vezes por negligência do indivíduo ou da própria empresa.
O Brasil foi um país que demorou para aderir à concepção de saúde e
segurança do trabalhador, principalmente por conta da mão de obra escreva, que perdurou durante longos séculos. Mesmo com vários acidentes que acontecia nada era feito. Foi desenvolvida uma legislação de proteção somente na época da República velha (período ente 1889 e 1930), com o avanço do desenvolvimento industrial. A partir da década de 1960, o país alterou os termos de legislação de
segurança e saúde do trabalho, e já na década de 1970, com a oficialização de profissionais na área de engenharia de segurança e medicina no trabalho, a legislação
ganhou uma nova dimensão de forma específica, surgindo as Normas Regulamentadoras as (NRS). No entanto, estas só passaram a ser acionadas de forma
efetiva muitos anos depois (NETO, 2008).
A construção civil é o setor da economia que gera muitos empregos no Brasil, mas o descaso com os trabalhadores continua causando altos índices de acidentes. Isso se deve à instabilidade do setor em termos de saúde, segurança, treinamento e meio ambiente. De acordo com as estatísticas divulgadas pelo “Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho 2010” do Ministério da Segurança Social, foram registrados 54.664 acidentes de trabalho na indústria da construção, sendo a mesma a de maior número de acidentes registrados, além de ser um dos setores que mais emprega operários. O referido segmento não realizou inspeções adequadas e eficazes para prevenir e controlar doenças e acidentes ocupacionais. Se a empresa desenvolve e implementa planos de saúde e segurança ocupacional e dá mais atenção à educação e treinamento dos funcionários, muitos desses acidentes podem ser evitados (BARBOSA; FIGUEIREDO, 2015).
Este trabalho tem como objetivo estudar e demonstrar os métodos atuais de
análise dos acidentes do trabalho e as tentativas para diminui-los, desde as práticas utilizadas pelos empregadores até as normas pré-estabelecidas e também os fatores
que influenciam os trabalhadores a utilizarem ou não os equipamentos de proteção individual (EPI). A realização deste trabalho tem como justificativa buscar a melhoria da gestão de segurança do trabalho na construção civil, com o intuito de contribuir para a diminuição do número de acidentes e incentivar uma análise mais precisa e elaborada das causas e as alternativas para prevenção desses fatores de risco.
Desenvolvimento
A segurança no trabalho é um aspecto fundamental para garantir a integridade física e mental dos trabalhadores, bem como para promover um ambiente produtivo e harmonioso. A implementação de medidas de segurança eficazes contribui para a redução de acidentes, a prevenção de doenças ocupacionais e o cumprimento das normas regulamentadoras.
Em primeiro lugar, a segurança no trabalho protege os colaboradores contra acidentes que podem resultar em lesões graves ou até mesmo fatais. O uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como capacetes, luvas, botas e óculos de proteção, é essencial para minimizar riscos em diversas atividades laborais. Além disso, a sinalização adequada de áreas perigosas e a manutenção preventiva de máquinas e equipamentos também são medidas cruciais para a segurança.
Outro ponto relevante é a prevenção de doenças ocupacionais, que podem surgir devido à exposição prolongada a agentes químicos, biológicos ou ergonômicos inadequados. A adoção de práticas saudáveis, como pausas para descanso, ginástica laboral e ergonomia no ambiente de trabalho, reduz significativamente os impactos negativos na saúde dos trabalhadores.
Ademais, o cumprimento das normas regulamentadoras estabelecidas pelos órgãos competentes, como o Ministério do Trabalho e Emprego, é essencial para evitar penalidades legais e prejuízos financeiros para as empresas. O treinamento contínuo dos funcionários sobre procedimentos de segurança e o incentivo à cultura de prevenção são estratégias fundamentais para garantir um ambiente seguro.
Por fim, um ambiente de trabalho seguro reflete diretamente na satisfação e produtividade dos colaboradores. Funcionários que se sentem protegidos e valorizados tendem a desempenhar suas funções com maior eficiência e compromisso. Assim, investir em segurança no trabalho não apenas reduz riscos e custos, mas também fortalece a reputação e o sucesso da empresa.
REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Breve Histórica da Origem da segurança no Trabalho
Historicamente, a revolução industrial pode ser considerada o acontecimento que marcou e desencadeou o crescimento de problemas de saúde relacionados com as práticas trabalhistas da época. Porém, foi desde a idade antiga, aproximadamente nos anos de 1800 a.C que o processo relacionado entre trabalho, saúde e doença, são encontrados nos papiros egípcios e em textos do povo greco-romano. Nos registros são encontradas descrições de problemas como: insalubridade, periculosidade, entre outras situações.
A utilização das máquinas a vapor juntamente com a produção em larga escala e o aumento da jornada de trabalho, que na época ultrapassava as 15 horas podem ser considerados fatores que influenciaram o aumento dos riscos nas atividades de trabalho da época. As condições de segurança e o local de trabalho eram considerados improprias, além do uso de obra infantil. Esse cenário só poderia resultar em diversos acidentes de trabalho, mutilações, contágio de doenças e mortes. A esse respeito, Silva (2015) afirma que:
os acidentes e as doenças do trabalho são a culminância de um longo e duro processo de exploração e das péssimas condições de trabalho a que os trabalhadores são expostos e obrigados a suportar, por falta de outras opções que lhes garantam a sobrevivência (p.216).
A partir de então, foram tomando forma os primeiros movimentos operários contra as péssimas condições de trabalho. Em defesa de seus direitos, os trabalhadores da época passaram a defender seus direitos através da criação dos sindicatos. Foram muitas revoltas até que as primeiras leis de proteção ao trabalhador fossem promulgar das “O surgimento de um campo específico dedicado ao estudo das condições de vida e de trabalho e das formas de organização coletiva e política dos trabalhadores foi motivado, pelas inerentes ao movimento operário” (SILVA, 2015, p. 218).
Ano 1919, criação da lei de acidentes do trabalho, tornando compulsório seguro contra o risco profissional. Ano 1923 Criação da caixa de aposentadorias e pensões para empregados das empresas ferroviárias, marco da Previdência Social. Ano 1930 criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comercio, atual MTPS. Ano 1966 criação da Fundação Jorge do Duprat Figueiredo de segurança e Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO, que atua em pesquisa cientifica e tecnológica relacionada à segurança e saúde dos trabalhadores. Ano 1978 criação das Normas Regulamentadoras.
Minayo-Gomez, Fonseca e Thedim-Costa (1997) nos mostram que a saúde dos trabalhadores no Brasil se torna questão na medida em que outras pautas são levadas no País. Silva (2015) afirma que as transformações no mundo do trabalho, desde a Revolução Industrial, alteraram a incidência e a tipologia dos acidentes, bem como o surgimento e o reconhecimento das chamadas doenças ocupacionais. Com isso, de acordo com a autora, o trabalho nas máquinas ocasionava um número elevado de acidentes que levavam à incapacidade parcial, total ou à morte (SILVA, 2015). A Constituição Federal de 1988 trouxe benefícios que revolucionaram a vida e a segurança do trabalhador brasileiro.
2. 2 Segurança no trabalho
A segurança do trabalho não foca somente no interesse dos trabalhadores, pois resulta ser de muita importância para as organizações, já que as consequências positivas ou negativas nesses ambientes de trabalho, refletirão de forma direta nas finanças e na marca da empresa, sem importar se são de pequeno, médio ou grande porte. Ocorre uma melhora na qualidade da obra e na produtividade de uma empresa quando existem boas condições de trabalho, condições estas que requerem investimentos nas pessoas envolvidas a partir de treinamentos e equipamentos adequados para a execução do trabalho proposto. Outrossim, gera reconhecimento e mais segurança no serviço prestado, mesmo que isso signifique o aumento dos custos. É de uma suma importância que a empresa saiba gerenciar e tornar isso um investimento seguro e promissor para que possa colher os frutos mais adiante (BARBOSA; FIGUEIREDO, 2015).
Os empregadores estão dando mais importância para a segurança no trabalho, por conta das penalidades passiveis de sem aplicadas pelo Ministério Público e sindicatos responsáveis, quando ocorrem acidentes no canteiro de obras. Essas punições podem ir desde multas até o embargo da obra em questão, variando de acordo com a gravidade do acidente e sua causa. Por conta da cobrança de um valor, não importa quanto seja, já se consegue a atenção das empresas do ramo de construção civil, justamente porque é uma desvantagem financeira e de impacto negativo ao prestígio da empresa que podem ser evitados (MARTINS,2017).
Segurança no trabalho é um tema disseminado no mundo inteiro, mesmo sendo através de palestras. Sendo um tema de extrema importância, levando em consideração que as empresas levam muito em conta o bem-estar do seu funcionário, assim como a responsabilidade social sobre eles e sobre as suas famílias.
Segundo o professor José Pastore, sociólogo especialista em relações do trabalho e desenvolvimento institucional, o Brasil gasta anualmente R$ 20 bilhões com acidentes de trabalho. Os gastos da Previdência Social são elevados. De acordo com o MPAS, o que se recolhe de prêmios é um pouco menos do que se gasta com benefícios, e do que se deixa recolher da contribuição quando da ocorrência do infortúnio, gerando desequilíbrio nas contas.
A segurança visa evitar o acidente de trabalho, ou seja, aquilo que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. Sob uma outra visão, acidente é uma ocorrência não programada inesperada ou não, que interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo útil e ou lesões nos trabalhadores e ou danos materiais. (VOTORANTIM METAIS, 2005 apud Côrtes, 2006, p. 6).
Segurança do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas e ações que se são adotadas visando diminuir os acidentes de trabalho e doenças ocupacionais e assim proteger a integridade do trabalhador no ambiente de trabalho. (Nestor W. Neto)
As atividades da segurança do trabalho são regulamentadas pela portaria GM nº 3.214 do Ministério do Trabalho, essa portaria, de 08 de junho de 1978 estabelece as Normas regulamentadoras, as chamadas NR’s. As NR’s normatizam as atividades da segurança do trabalho no ambiente organizacional.
As Normas Regulamentadoras, são de observância obrigatória pelas empresas públicas e privadas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho.
Numa empresa toda diretoria está preocupada com a segurança no trabalho, principalmente pela segurança ser responsável indiretamente pelo bem-estar de seus funcionários e por consequenciais, da produção que eles fazem.
2. 3 Produtividade com a Segurança no trabalho
Para conseguir entender como a produtividade está relacionada com a segurança no trabalho, primeiro devemos entender a diferença entre a produtividade e produção. Embora sejam palavras que se assemelham, existem muitas diferenças quanto ao conceito de cada uma no que diz respeito ao planejamento empresarial por exemplo. De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Coaching, José Roberto Nunes, produção é um conjunto que reúne informações e dados a respeito dos resultados da determinada empresa em relação ao desempenho dela para um produto ou serviço.
Já a Produtividade, por sua vez, é a capacidade de produzir mais em um menor período de tempo. É de grande importância a compreensão dos conceitos, pois uma pessoa pode produzir muito e mesmo assim não ser produtiva, assim como a produção não está ligada diretamente ao trabalho braçal, pois em uma empresa pode haver muito trabalho braçal e produzir resultados pifeis.
A produtividade se intercomunica com a produção no sentido de desenvolvê-la; produzindo mais em menor tempo, procurando reduzir a necessidade de mão de obra, máquinas e equipamentos, e principalmente os custos de produção. Criar um bom ambiente de trabalho, organizado, limpo, seguro, com bons canais de comunicação, investindo no conhecimento do empregado, faz com que o psicológico do trabalhador seja, mais eficiente, menos cansativo, aumentando seu bem-estar, em consequência, sua produtividade.
Os indicadores de produtividade de uma empresa se baseiam-se no percentual de trabalho executado pelos funcionários, assim, entende-se como a relação entre produção e eficácia de hora trabalhada. Uma empresa, visando aumentar a produção de seus meios, deve investir na logística com um todo, ou seja, deve fornecer um ambiente de trabalho salutar aos seus empregados; não se descuidar de equipamentos de proteção individual (EPI), garantindo a segurança e, concomitantemente, reduzindo baixas que possam ocorrer; e, dentre outros fatores, propiciar pagamentos em dia, de modo que os trabalhadores não fiquem descontentes com a profissão.
A linha de produção fordista limitou-se à quantidade de produção, sem se preocupar com eventuais perdas em razão das dificuldades de trabalho (elevadas horas trabalhistas, ambiente sem muita higiene, dentre outros motivos). A linha taylorista, entretanto, baseou-se na qualidade da produção, com melhores aparatos de capacitação profissional, verificando a competência de cada pessoa para determinada tarefa. Desse modo a produtividade tornou-se mais eficiente.
Com o passar do tempo, com a criação de leis trabalhistas, entre outras que protegem os trabalhadores, as empresas tendem a valorizar os funcionários, suas especialidades, e mãos de obras. Portanto se há a falta de um funcionário sendo por algum tipo de acidente de trabalho, a empresa perde em produtividade, pois além de sobrecarregar algum outro funcionário, ela terá que pagar pelos cuidados do empregado que está ausente, isso em caso de acidentes que não acarretem morte, pois nesse caso a empresa além de perder um funcionário, deverá pagar indenização para família do funcionário, e colocar outro em seu lugar.
2.4 Equipamentos de proteção individuais e coletivos
Os riscos e acidentes de trabalho são inerentes a qualquer atividade produtiva. Qualquer pessoa está sujeita a sofrer algum tipo de acidente ou algum tipo de dano à saúde, principalmente aquelas envolvidas em atividades de risco, por exemplo, operadores de máquinas, que estão relacionados a várias atividades perigosas, correndo riscos diariamente.
Existem maneiras de amenizar esses riscos inerentes aos trabalhadores, uma delas são os equipamentos de proteção individual e coletivas. Contudo, nem sempre chegamos e excelência de tais equipamentos, pois existem fatores que prejudicam a tal eficácia, tais como o desconhecimento da função a que se propõe a tal EPI / EPC, condições envolvendo ambiente de trabalho, estudos e palestras sobre a adequação do EPI e EPC. O trabalhador deve conhecer o material que tem a sua disposição, procurando tirar o máximo de proveito dele.
A utilização dos EPI’s e EPC’s são de fundamental importância na prevenção dos acidentes, pois muitas vezes, as medidas de controle relativas ao ambiente não são suficientes para eliminar os riscos. Usar e cuidar dos equipamentos de segurança faz parte do trabalho de cada um, sendo que existe sempre um EPI apropriado à tarefa que será realizada. Em caso de dúvida, deve-se consultar o PO (Padrão Operacional) da atividade, pois nele constam todas as informações referentes à atividade (VOTORANTIM METAIS, 2005 apud Côrtes, 2006, p. 7).
Existem normas e leis que regulam exclusivamente uso de equipamentos individuas de proteção e coletivas de proteção. A Norma Regulamentadora número 6 (NR-6), do Ministério do Trabalho, é a norma especifica para os equipamentos de proteção individual, segundo a NR-6: “Considera-se equipamento de proteção individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. A Norma Regulamentadora 9 (NR-9) - Programa de Prevenção de Risco Ambientais, (PPRA), são os equipamentos de proteção coletiva – EPC trata-se de todo dispositivo ou sistema de âmbito coletivo, destinado à prevenção da integridade física e a saúde dos trabalhadores, assim como a de terceiros.
2.5 Medicina do trabalho
A área de saúde ocupacional, procura desenvolver ações preventivas planejando evitar e/ou eliminar danos à saúde do indivíduo no local de trabalho. Essas ações, segundo Gomes (1987), compreendem:
1. Promoção da saúde : a realização de exames médicos pré-emprego
volta-se para a adequação do indivíduo ao cargo ou função que melhor se enquadre de acordo com suas condições de saúde.
2. Proteção específica: a prevenção do risco específico, que ocorre através da imunização, é uma aliada na proteção do indivíduo contra doenças que podem dar origem a acidentes do trabalho
3. Diagnóstico: a partir de exames áudio métricos, radiológicos, testes
ergométrico s, etc., a medicina consegue fazer um diagnóstico antecipado de possíveis ou futuros danos à saúde do trabalhador.
4. Reabilitação: se as medidas preventivas não for m implementadas de
forma suficiente , os resultados do agravamento da saúde do trabalhador
tendem a assumir dimensões que podem limitar permanentemente a capacidade de trabalho do mesmo . Nesse senti do, a medicina trabalha na reabilitação do acidentado ou do doente ocupacional.
Essa medicina é importante, porque estudam casos de lesões por esforço repetitivo e também outras doenças ocupacionais, identificando ações necessárias para um atendimento rápido aos empregados e para sua reabilitação. Os médicos
se apoiam em estudos da ergonomia, que visam preservar o indivíduo da fadiga, do
desgaste físico e mental , assim o deixando apto para trabalhar, com objetivo de aumentar a produtividade do sistema (CARVALHO, 198 4). Técnicas ergonômicas aplicadas acabam reduzindo significativamente o s problemas musculares como , por exemplo, as lombalgias. Ao serem aplicadas, acabam reduzindo o esforço ao levantar, movimentar e transportar pesos e cargas.
Medidas ligadas à medicina do trabalho com o intuito de defender a saúde do empregado podem ser destacadas, como as relacionadas a seguir (DALCUL, 2001):
a)
criar estímulos constantes à prevenção de acidentes;
b)
detectar os sinto mas que levam às ocorrência do acidente;
c)
acompanhar adequadamente cada caso, estabelecer as medidas corretivas que impeçam a repetição dos casos e insistir na readaptação profissional do trabalhador acidentado;
d) identificar as atividades mais afetadas e mais sujeitas a riscos;
e)
dar maior relevância ao exame de seleção feito antes da admissão do trabalhador e cuidar para que os novos trabalhadores, com menos experiência ou menor conhecimento da s condições de trabalho vigentes, não fiquem expostos aos riscos.
f) manter prontuário s médicos de todos os trabalhadores da empresa, fornecendo cópia dos mesmos aos dispensados, independentemente dos motivos da dispensa – a pedido, demissão, incapacidade – e exigir dos admitidos a apresentação de tais prontuários e , ainda, desenvolver exames de seleção por médicos realmente capacitados.
2.6 Ferramentas que podem ser utilizadas por empresas para controle dos riscos de acidentes em obras da construção civil.
As ferramentas a seguir podem ser utilizadas pelas empresas para controle e correção dos comportamentos de riscos identificados entre os operários (COSTA; GASPAR, 2019):
Inspeções técnicas: as inspeções técnicas podem ser realizadas diariamente pelo engenheiro de segurança e/ou pelo técnico de segurança do trabalho contratado pela empresa, que vão identificar as condições de risco do local e tomar as devidas providências;
Campanhas de segurança: desenvolver campanhas de segurança durante o projeto, sendo realizadas de muitas formas, como treinamentos em sala, atividades práticas ou de forma lúdica. Essas campanhas podem ser feitas de acordo com os principais desvios de comportamento identificados no local, e também alinhando com o momento do projeto. Exemplo: se estão sendo realizados muitos trabalhos em altura, tem que ser feito um treinamento voltado para os riscos existentes nesse tipo de atividade;
Outra forma que pode ser utilizada para sensibilizar os funcionários a trabalharem de forma segura são as campanhas que associem o trabalho seguro realizado dentro da obra com o benefício que isso trará para a vida pessoal do trabalhador. Isso pode ser ativado através de vídeos enviados pela família dos trabalhadores pedindo para que eles trabalhem de forma segura para voltarem bem para casa, apelando assim para o lado emocional ;
Reconhecimento por bom desempenho em segurança : a cada mês deve ser feita uma avaliação dos funcionários que desempenharam melhor papel com relação à segurança, e dar algum tipo de premiação e reconhecimento , assim servindo de exemplo para os demais, como um incentivo para todos fazerem o mesmo.
- METODOLOGIA
A metodologia, seguindo os estudos de Prodanov e Freitas (2013), é a aplicação de procedimentos e técnicas que devem ser observadas para construir o conhecimento, com intuito de comprovar a sua validez e utilidade nos variados âmbitos da sociedade. Já a pesquisa, segundo os mesmos autores, é procurar respostas para as dúvidas propostas, é buscar conhecimento, e isso pode ser feito consultando livros, revistas, trabalhos acadêmicos, conversando com pessoas com o intuito de coletar dados, etc
Esse trabalho foi feito inicialmente no formato de pesquisa bibliográfica. Ainda considerando Prodanov e Freitas (2013), é o tipo de pesquisa elaborada a partir de um material que já foi publicado, como livros, revi stas, artigos, etc. Esta pode ser construída por meio de ma revisão de literatura utilizando metodologia sistemática, realizando seleção e extração das informações relevantes. As dissertações, teses, artigos e outros meios foram consultados para construir a base de dados, sendo fontes consultadas e obtidas na plataforma de pesquisa Google Acadêmico. A estratégia de busca adotada resumiu -se na consulta dos temas:
Segurança do trabalho;
Construção civil e a saúde do trabalhador;
Acidentes de trabalho na construção civil;
Equipamentos de proteção na construção civil;
Normas Regulamentadoras relacionadas a construção civil;
Como diminuir os acidentes na construção civil.
Essas pesquisas foram feitas na intenção de identificar o porquê de acontecerem tantos acidentes nas obras da construção civil e quais os meios que podem ser utilizados para evitá -los ou diminuí-los.
A partir dos resultados e discussões a pesquisa passou a ser de caráter qualitativo uma vez que se buscou identificar os motivos que levam o trabalhador da construção civil a utilizar ou não, os equipamentos de proteção individual, que são obrigatórios para garantir a sua saúd e no ambiente de trabalho. A pesquisa qualitativa é um grande processo investigativo no qual o pesquisador, de forma gradativa, compreende o sentido de um fenômeno social ao comparar, reproduzir, catalogar e classificar o objeto de estudo, utilizando uma interação contínua entre pesquisador e participante, tendo a finalidade de identificar perspectivas e significados dos mesmos.
Esta pesquisa teve um delineamento do tipo exploratório, que tem atribuição de expandir o conhecimento sobre o fenômeno, esclarecer conceitos, definir prioridades para pesquisas futuras e, também, informar sobre a aplicação prá tica em situações da vida real. Um bom exemplo sobre isso, parte do levantamento de hipóteses sobre os motivos que fazem com que o trabalhador da construção civil utilize ou deixe de utilizar os equipamentos de segurança. Outro tipo de pesquisa que fundamentou este trabalho acadêmico, é o descritivo, apresentando características da população ou do fenômeno estudado, tendo o objetivo de, a partir dos resultados encontrados, possibilitar a produção de novos conhecimentos. E por fim, a pesquisa em campo, que é aquela utilizada para conseguir informações envolvendo um problema ao qual está sendo buscado a resposta , ou de uma hipótese que precisa ser comprovada . Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem de forma espontânea , ocorrendo o registro das partes mais relevantes para ocorrer a análise (PRADANOV; FREITAS, 2013).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao setor da construção civil, delega-se a responsabilidade para o elevado índice de acidentes de trabalho, que decorre por conta das características peculiares dos empreendimentos, como o local de trabalho temporário, baixa qualificação da mão de obra, diversos riscos que os trabalhadores são expostos, como ruídos e produtos químicos, e também pela imprudência dos empregados ou até mesmo das empresas que negligenciam a legislação quanto a prevenção destes acidentes
Por consequência destes descasos acima citados, muitos problemas atingem vários setores, desde os trabalhadores e sua família até o poder público pelo sistema previdenciário. Por isso, é preciso que as empresas invistam muito mais em medidas de segurança que se alicercem no objetivo de evitar ou diminuir estes acidentes..
A não utilização dos EPI’s não é somente culpa dos operários, como foi possível visualizar na entrevista; as empresas possuem a responsabilidade e obrigatoriedade de fornecer e exigir o seu uso durante o expediente. Por conta disso, as empreiteiras, além de se encarregarem da distribuição de materiais adequados e em quantidade suficiente para atender todo o contingente de funcionários, devem promover a conscientização sobre o seu uso. Para tal, é importante a presença de um engenheiro especializado em segurança do trabalho, que atuará na fiscalização e na ministração de palestras de prevenção.
Com a crise financeira que assolou o Brasil nos últimos anos, ocorreu uma grande queda no número de construções e, consequentemente, diminuiu o número de pessoas envolvidas na construção civil. Essa redução propiciou uma baixa considerável no número de acidentes, o que teve impacto direto nos resultados posteriores relacionados à concentração de acidentes nos canteiros de obras.
Mesmo com estes decréscimos sucessivos, os índices ainda estão bem elevados, o que chama atenção de todas as partes envolvidas. É evidente que o acidente de trabalho não ocorre somente por uma causa e sim, de uma sequência de erros durante as etapas de uma obra, indo desde o planejamento até a entrega final, como falhas nos materiais, máquinas, equipamentos, organização, influências internas e externas, fiscalização, entre muitas outras circunstâncias
Portanto, é necessário que o estado faça sua função de fiscalizar e normatizar as medidas de segurança, e que os empregadores e empregados cumpram as normas regulamentadoras. Deve ser feito um investimento na formação de gestores, engenheiros, técnicos de segurança, mestre de obras, melhorar a organização do canteiro de obras, intensificação das fiscalizações, cumprimento das leis e normas regulamentadoras, bem como no comprometimento da direção, com intenção de implantar ações de segurança claras e objetivas para preservar a saúde física e mental dos seus colaboradores.
Podemos concluir que a segurança no trabalho é de suma importância para as empresas, que a produtividade se mantenha a melhor possível, que os custos com equipamentos sejam necessários assim como a conscientização, pois assim a vida de seus funcionários será respeitada, dando ao funcionário um ambiente adequado de trabalho, sem medo de correr riscos, sem acidentes, sem precisar trabalhar além do que foi contratado pois um companheiro de trabalho sofreu uma lesão; assim como para a empresa, um custo convertido indiretamente em produção e produtividade, conseguindo evitar gastos não planejados com pessoal, evitar sobrecarregar seus funcionários , evitando dessa forma muito mais custos para manter no máximo suas atividades.
Referências
BRASIL, , Ministério do Trabalho e Emprego. Secretaria de Inspeção do Trabalho . Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho . Estratégia Nacional para redução dos Acidentes do Trabalho 2015 -2016 . Brasília. , 2015 . Disponível em: . Acesso em: 3 fev. 2025 .
Chagas , Ana Maria de Resende . Saúde e segurança no trabalho no Brasil Trabalho de Conclusão de Curso .
COSTA, , Elton Alves; GASPAR, Geisla Aparecida Maia Gomes . O uso de ferramentas de análise comportamental e a estruturação de um programa de segurança para a redução de acidentes na construção civil . . Artigo de evento , Fundação de Ensino e Pesquisa do Sul de Minas . 2019 . Disponível em: . Acesso em: 3 fev. 2025 .
DALCUL, , Ane Lise Pereira da Costa. . Estratégia de prevenção dos acidentes de trabalho na construção civil: . uma abordagem integrada construída a partir das perspectivas de diferentes atores sociais. 2001. 2 28f. Tese . Tese (Pós-graduação em Administração) – Universidad e Federal do Rio Grande d o Sul , Porto Alegre. , 2001 . Disponível em: . Acesso em: 3 fev. 2025 .
DALCUL , Ane Li se Pereira da Costa . Estratégia de prevenção dos acidentes de trabalho na construção civil . 2021 . 228 p . Disponível em: . Acesso em: 3 fev. 2025 .
Diniz , Antônio Castro. . Manual de Auditoria Integrado de Saúde, Segurança e Meio Ambiente (SSMA) . 1. ed. São Paulo: VOTORANTIM METAIS, , 2005 . Disponível em: . Acesso em: 3 fev. 2025 .
FUNDACENTRO . Construção civil registra mais casos de morte e m acidentes. Proteção e segurança. : Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais . Brasília, n.5, 1997. OPITZ , Oswal do & OPITZ, Sil via C.B . 3. ed. São Paulo: Saraiva, , 1988 . 430p. p . Disponível em: . Acesso em: 3 fev. 2025 .
GOMES, , P. C. R; OLIVEIRA, P. R. A . Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho . Brasília: W Educacional e Cursos Ltda . 2012 . Disponível em: . Acesso em: 3 fev. 2025 .
Gomes , Jorge da Rocha . Melhoria da saúde do trabalhador . 1987 , p. 51-54 . Disponível em: . Acesso em: 3 fev. 2025 .
gonçalves , Ligia Bianchi . Segurança e Medicina no Trabalho . 2009 . Disponível em: . Acesso em: 3 fev. 2025 .
IBGE , Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística . Pesquisa Anual da Indústria da Construção . 2017 . Disponível em: . Acesso em: 3 fev. 2025 .
prodanov , Cleber Cristiano . Métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico . – Novo Hamburgo: Feevale , 2013 . Disponível em: . Acesso em: 3 fev. 2025 .
Resende , Renan Bastos Alvarenga . A importância do equipamento de proteção individual (EPI) na construção civil . . 30f. Monografia (Pós - graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho) – Centro Universitário de Lavras, Minas Gerais . 2019 . Disponível em: . Acesso em: 3 fev. 2025 .
SESI , Serviço Social da Indústria . Segurança e saúde na indústria da construção no Brasil: diagnóstico e recomendações para a prevenção dos acidentes de trabalho, 2015 . Brasília: SESI/DN . 2015 . Disponível em: . Acesso em: 3 fev. 2025 .
VENDRAME, , A. C . Segurança do trabalho . você só se lembra depois do acidente . RH em Síntese. . Ano V , 2001. , p. p. 28-32 . Disponível em: . Acesso em: 3 fev. 2025 .
Conteúdos semelhantes
A Relevância da Segurança do Trabalho na Construção Civil

SARAH BRENDA PEREIRA DA SILVA
Segurança do Trabalho e Medidas Preventivas: Resolução Para Evitar de Acidentes em Canteiros de Obras

LEANDRO ALMEIDA NERES
Ergonomia e Segurança no Trabalho

JULIANA TEREZINHA DINIZ